Ex-traficante admite tesão ao ver cenas quentes do filme sobre sua vida
"Bandida - A Número 1" é uma daquelas histórias difíceis de acreditar que são baseadas em fatos. O longa, dirigido por João Wainer, de "A Jaula", acompanha Rebecca, vivida por Maria Bomani, a primeira mulher a mandar na Rocinha. Sua trajetória de drogas, amor e dor é baseada no livro "A Número Um", de Raquel de Oliveira, que usou a obra para contar ao mundo sobre a sua própria vida como ex-dona do morro.
Raquel viveu um amor bandido com Pará, o traficante Ednaldo de Souza. Na produção literária, a autora não poupa descrições do tesão que existia entre o casal. Estes momentos foram transpostos para as telas do cinema por meio de sequências quentes vividas por Bomani com Jean Luis Amorim ("Capitães da Areia" e "Malhação"), que interpretou Pará.
Em coletiva de imprensa, da qual Splash participou, Raquel de Oliveira disse ter até mesmo se excitado ao assistir "Bandida - A Número 1" e ter as cenas sexuais. Os momentos exibidos são gráficos e mostram detalhes das relações, como corpos e insinuação de sexo oral.
No entanto, o contato entre os atores durante as gravações foi o mínimo possível. Segundo Amorim, em entrevista a Splash, o método usado o surpreendeu. Por meio da supervisão do preparador de elenco Márcio Mahiel, ele e Bomani nem mesmo se encostavam durante as filmagens das cenas de sexo. "A gente não tinha contato físico, e a câmera ajudava muito", conta.
Para Wainer, foi um desafio. Seus principais trabalhos são documentários, como "Doleira: A História de Nelma Kodama", e vê a ficção ainda como algo novo. Mesmo "recém-chegado", ele entende ser preciso mudar a maneira como o cinema era feito antigamente. "Não precisa que os atores se peguem de verdade para imprimir o negócio, na verdade, você vê que dá para fazer de outro nível."
As cenas de sexo não podem ser feitas como eram feitas antigamente. Tudo é combinado, tudo é acertado antes. A mão vai daqui até aqui, aparece isso, aparecerá aquilo. [...] Hoje em dia é tudo muito construído antes, tudo ensaiado, com todos os equipamentos para ser o mais profissional possível.
João Wainer, em entrevista a Splash
Luto
Um assunto bastante abordado no livro "A Número Um" é o luto de Raquel pela morte de Pará. No filme, o tema também aparece e, segundo a autora, foi emocionante assistir à Maria Bomani lidando com o assassinato do amado. Para ela, foi como se o longa servisse como uma oportunidade de viver finalmente o luto pelo traficante.
A reação de Raquel deixou Bomani bastante honrada. "Ela dizer que tive essa sensibilidade de eu ter conseguido representar a personalidade dela, a história dela e até um objeto de cura, de vivenciar um luto dela, foi muito forte para mim. Quando me contou isso, ela estava fumando cigarrinho dela, tranquila. E aí ela contou, assim, como quem quer nada: 'Você vivenciou o meu luto'. Foi uma frase que me impactou. Foi forte."
A arte tem esse poder de cura. Ela tem esse poder de representar uma coisa para cada um também. Então, eu acho que será um filme que causará diferentes sensações em cada pessoa que for assistir.
Maria Bomani
BBB
Esta é a primeira protagonista da carreira de Bomani, que ganhou fama nacional ao entrar como camarote no BBB 22. Ela não ignora sua passagem pelo reality show - que terminou com a atriz sendo expulsa -, mas entende não quer usar o rótulo de ex-BBB. "Daqui para frente, vou continuar mostrando o meu trabalho enquanto atriz, o meu trabalho enquanto cantora e reforçar essa imagem de artista."
Para ela, interpretar Rebecca em "Bandida - A Número 1" tem sido especial e uma oportunidade de conhecer uma nova realidade. "Estou tentando viver um pouco dessa experiência sem muita expectativa, sem entender muito a pretensão de onde isso tudo vai chegar. E absorvendo, até porque também é um filme novo", conclui.
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