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Aguinaldo Silva: 'Confesso que fiquei até aliviado quando saí da Globo'

Aguinaldo Silva, 81, em entrevista à Veja:

Saída da Globo. "Eles não tiveram a preocupação de fazer uma coisa mais cortês depois de 41 anos de casa, foi um comunicado objetivo. O meu último contrato era de seis anos, como fazia normalmente, e venceria no dia 29 de fevereiro de 2020. O que realmente me chateou e achei impróprio foi um rapaz da Globo me ligar no dia 1º de janeiro, em pleno feriado, às 8h da manhã, para me avisar que ele não seria renovado."

Alívio. "Não sei exatamente de quem partiu a decisão. Na época, o comando da dramaturgia era do Silvio de Abreu e a direção-geral do Schroder (Carlos Henrique), mas eles também não estão mais lá. Fui o primeiro de uma leva. Logo depois, atores, autores e diretores, cujos contratos iam terminando, foram sendo dispensados. Confesso que fiquei até aliviado quando saí da Globo. A perspectiva de escrever mais uma novela naquele sistema já não me agradava mais."

Reprise de Fina Estampa na pandemia. "Três meses depois do episódio do fim do meu contrato, em meio à pandemia, recebi a notícia de que "Fina Estampa" seria reprisada no horário das nove, algo inédito na TV. Como conto nas minhas memórias, "saí pelos corredores da minha casa a dançar mambo"".

Fez muito bem para o ego depois da emissora não me querer mais. E ainda tinha um detalhe: havia uma cláusula no meu contrato anterior que, caso um trabalho meu fosse reprisado no horário nobre, algo até então impensável, eu receberia o equivalente ao meu último salário por cada mês no ar. Aguinaldo Silva

Vida tranquila. "Não tenho nenhuma razão para reclamar da Globo hoje, ela me permitiu ter uma vida tranquila. Se você me perguntar se sou rico, digo que não. Rico é o Elon Musk ou alguns magnatas brasileiros que é melhor a gente nem citar, mas tenho o suficiente para viver até o resto da vida. Só não dá para passar dos 120 anos (risos)."

Possível retorno à Globo. "Essa história de que a Globo tinha uma novela minha já escrita no seu acervo e optou, no fim do ano passado, por arquivá-la, não é verdade. O que aconteceu é que, por intermédio de um agente, a sinopse de uma nova trama chegou à direção da Globo. Essa questão ainda está no ar, nada foi decidido e nem me comunicado. Depois de tudo que aconteceu, eu voltaria a trabalhar na emissora, sou um profissional. Mas, claro, teria que avaliar as condições."

Na minha biografia, sou um autor que só escreveu novelas para o horário nobre. Ao todo, são 16. Não quebraria essa regra. Agora, além dessa novela, tenho mais três com as sinopses prontas. Uma delas, inclusive, em negociação com uma TV de Portugal. Enquanto tiver vontade e resistência vou continuar fazendo novela. Aguinaldo Silva

Novelas atuais. "Muitos autores estão preocupados demais em renovar o gênero, mas ele não é renovável. Novela é um melodrama, é o drama exacerbado, a paixão desvairada. Não adianta: os temas centrais de toda novela são as disputas familiares pelo poder e um grande amor entre duas pessoas que sofrem durante 180 capítulos até tudo dar certo."

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Caso Zé Mayer. "Trabalhei durante décadas com o Zé (Mayer), conheço o seu caráter e sempre acreditei piamente na versão dele sobre a acusação de assédio sexual. As pessoas que trabalhavam com os dois sabiam que a história contada pela moça, uma figurinista, não era a verdadeira. Eles realmente tiveram um caso, algo consentido. A história é essa."

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