Ingrid se pronuncia após relatar abuso sexual: 'Corpo colapsou'
Colaboração para Splash, em São Paulo
11/07/2024 19h06Atualizada em 11/07/2024 22h58
Ingrid, da quarta temporada de "Casamento às Cegas", se pronunciou após dizer durante a reunião do programa que foi sexualmente abusada por Leandro.
O que aconteceu
A participante publicou o vídeo com o pronunciamento em suas redes sociais.
Boa tarde. Sei que vocês estavam esperando um pronunciamento meu e preferi vir aqui o quanto antes, dentro da medida do possível, do meu psicológico. Não desejo isso pra absolutamente ninguém. Ingrid
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Ela continua. "Minha relação com o Leandro foi uma relação que se originou do programa Casamento às Cegas. Foi uma relação com dificuldades iniciais, essa questão sexual sempre se arrastou até o final da nossa relação mas sabíamos lidar com isso de forma até saudável."
Ingrid fala do começo do relacionamento e o problema de disfunção erétil de Leandro. "Eu acolhi o Leandro desde o início. Foi difícil pra mim assimilar. Desde a lua de mel, o Leandro já apresentava isso e ele sempre falou pra mim que nunca tinha tido problema, isso lá no início. Então, isso também batia em mim como mulher numa questão de 'o que eu estou fazendo de errado?"
Ela cita o casamento. "A gente foi se curando, se unindo, unindo e a gente casou. Casamos felizes e foi tudo muito sincero. Posterior a isso, tivemos muitas relações, todas consensuais. Ele sempre me respeitou, inclusive na gravação do programa."
Porém, em dado momento, começou a ficar insustentável. Frustrante, acho que é essa a palavra. De tentarmos e não evoluímos naquilo. O Leandro não fazia terapia nessa fase. Ingrid
Ingrid disse, então, ter incentivado Leandro a voltar a fazer terapia. "Eu falei: A gente vai parar de tentar porque isso tá pegando muito pra mim. E aí, ele já falava que essas questões eréteis dele eram arrastadas desde os 20 anos."
Eu tinha vários motivos ali pra poder dizer que a gente separou. Mas não era o motivo de fato. O motivo foi: quando eu tivesse esse recorte, eu disse para ele fazer terapia e que eu iria aguardar ele. O distanciamento ia mexer com a gente mas a gente ia fazer uma terapia em casal e ia conseguir se encontrar de novo. Ingrid
Ela, então, cita o abuso. "O abuso, o estupro, porque essa é a palavra, começou a acontecer a partir do momento em que eu tivesse recorte, conversei com ele e ele esperava eu dormir para tentar resolver o problema. Mas ele esqueceu que precisava me avisar. Precisava ser consentido, como até então era."
Ingrid relata que Leandro tentava penetrá-la sem ereção, ela acordava e pedia para que ele parasse. "Acordava com ele me ch*pando. Com todas as práticas possíveis, numa tentativa insana de resolver o problema."
Ela conta que o abuso aconteceu por vários dias. "Eu não conseguia reagir aquilo. Sempre me vi como uma mulher muito bem resolvida e falava que isso nunca ia acontecer comigo."
Começou a evoluir para um nojo. Comecei a sentir nojo daquela relação. Daquelas tentativas. Comecei a me vestir mais, dormir com o travesseiro para baixo, dormir na sala, até o dia que meu corpo reagiu, meu corpo colapsou. Ingrid
Ingrid conta que Leandro disse que pararia, mas continuou tentando. "Nesse último dia, eu colapsei. Ele tentou de novo, por diversas vezes. Quando houve a última tentativa, que eu fiquei numa posição que fiquei sem entender porque eu estava assim, eu gritava: não toca mais em mim, não quero que você toque em mim."
Ela relata que desmaiou. "Bati com as costas na cama e acordei com as minhas duas filhas em cima de mim. Leandro sentado na cama, olhando."
Término
Ingrid diz que terminou o relacionamento e que havia decidido que não traria o acontecido a público, pois tinha consciência do quanto isso influenciaria nas vidas deles. "Eu só queria viver a minha vida, continuar com a minha vida."
Ela conta que Leandro a procurava após o fim. "Teve um episódio que ele me ligou, pediu pra voltar, dizendo que me amava, que eu era a mulher da vida dele. 20 e poucos dias depois, descobri que ele tinha ficado com minha amiga um dia antes."
Ingrid narra que passou a ser acessada por ele após se recusar a reatar o relacionamento. "Em lugares que ele sabia que me encontraria. Foi a um evento da minha irmã sabendo que me encontraria. Passou a me mandar mensagens tentando um alinhamento de conversa."
Ela conta que se assustou quando Leandro afirmava que eles precisariam se encontrar e conviver em eventos. "Qualquer pessoa que passa por um abuso sexual, por um estupro, ela não quer conviver com o agressor dela. Isso me apavorava de um jeito que não sei dizer para vocês."
Desde quando eu descobri a data do Reencontro, eu passei a ter crises de pânico. A ser medicada, passar por psiquiatra, psicólogo, porque eu sabia que eu ia encontrar o Leandro. Ingrid
Ingrid fala sobre o Reencontro. "O programa foi uma forma de eu conseguir me proteger. Eu não vou ficar andando com medida protetiva em evento. Mas agora, as pessoas sabendo de tudo que passei, de alguma forma vou ser protegida. Leandro nunca me ameaçou, mas acho que ele não consegue ter consciência do que ele fez. Ele nomeia o que ele fez como prática egocêntrica. Isso não é egocentrismo. Isso é abuso, é estupro."
Ela conta que registrou um boletim de ocorrência. "Daqui pra frente, tudo vai ser tratado de forma jurídica. Eu fui numa delegacia, eu abri B.O, estou protegida pela Lei Maria da Penha e me doeu muito."
Ingrid diz que não perdeu a esperança no amor. "Eu vou voltar a sorrir e vou aparecer aqui sorrindo bastante. Eu sou uma pessoa traumatizada e o trauma, a cicatriz, ela fica na pele. Mas isso não anula a vida. Eu vou ser feliz de novo e talvez agora de uma forma honesta, segura e respeitosa.
Splash entrou em contato com Leandro. O espaço segue aberto e a nota será atualizada caso haja um posicionamento.
Em nota, a Netflix repudiou o acontecido. "A Netflix, a Endemol Shine Brasil e a equipe do Casamento à Cegas Brasil repudiam veementemente qualquer tipo de violência. A produção, em todas as suas etapas, é conduzida com constante apoio profissional aos participantes, e as denúncias apresentadas estão sendo apuradas pelos órgãos competentes."
Denúncia no programa
Durante a reunião, Ingrid diz ter sido abusada sexualmente por Leandro após o fim do programa. "Primeiro, eu dormia pelada. Depois, eu dormia de calcinha. Depois, passei a dormir de pijama. Depois, peguei o travesseiro e dormia pra baixo da minha cama. Depois, fui dormir no sofá. Fugindo de você na minha cama", relatou a participante.
As minhas filhas me encontraram no chão, pedindo pelo amor de Deus para você não tocar no meu corpo. Eu pedi para você não me tocar. Ingrid Santa Rita, participante do Casamento às Cegas Brasil
Ela afirma que o abuso foi uma forma de manter o casamento. Segundo a participante, Leandro sofria de disfunção erétil e achou que isso resolveria a relação: "Eu pedi para você não me tocar. Pedi mais de uma vez, Leandro. Você não me respeitava. Você não me ouvia, você queria resolver o seu problema erétil com você. Era o teu ego, tuas mentiras, tua proteção. Você só queria manter o casamento da sua forma suja, imunda. Eu tenho nojo de você. Quero deixar isso bem claro. Tenho nojo da sua voz, tenho nojo da sua boca. Tenho nojo do jeito que você me olha."
Depois do depoimento de Ingrid, Leandro se pronuncia. "Nossa relação nunca foi amistosa, nunca foi saudável de fato, a gente nunca conseguiu se conectar de fato. Na parte sexual, pegou muito. Em determinado momento, fiz exame, fui procurar ajuda, entender o que estava acontecendo com o Leandro. A gente entendeu que não era um problema físico, era um problema psicológico", relatou o participante.
Como denunciar violência contra a mulher
Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.
O serviço recebe denúncias e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 9610-0180.
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Se houver intuito de denunciar, a orientação é buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres. Caso não haja essa possibilidade, os registros podem ser feitos em delegacias comuns.