O porquê de série sobre Hitler na Netflix ter assustado diretor: 'Chocado'

A minissérie "Hitler e o Nazismo: Começo, Meio e Fim" chegou à Netflix e aborda detalhes da vida do ditador nazista, uma das figuras históricas mais conhecidas, estudadas e controversas de todas. Ao longo dos seis episódios, a produção fala da ascensão e a queda do nazismo, da participação de Hitler na Segunda Guerra Mundial, e do Holocausto, indo até o fim do conflito e o julgamento de Nuremberg.

O título usa 35 horas de filmagens e 1.200 horas de áudios feitas pelo jornalista americano William L. Shirer, um importante estudioso do Holocausto que esteve presente nos julgamentos. Ele foi um dos últimos jornalistas ocidentais a deixar a Alemanha, apenas no final de 1940, mais de um ano após o início da Segunda Guerra Mundial. Ele narra a ascensão de Hitler ao poder sentado na primeira fila.

Por que fazer a série?

Muitos podem se questionar sobre o motivo de, mesmo 79 anos após o fim, ainda se falar tanto sobre o nazismo e a Segunda Grande Guerra Mundial. A explicação está em um estudo de 2018, feito pela Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas Contra a Alemanha que reportou que dois terços dos millennials não sabem nem mesmo o que é Auschwitz — complexo de campos de concentração onde milhões de pessoas foram assassinadas pelo regime nazista.

Para o diretor Joe Berlinger, responsável por "Hitler e o Nazismo: Começo, Meio e Fim", o estudo mostra haver grandes chances de que as atrocidades cometidas durante o regime nazista estejam perdidas na memória moderna.

"Fico chocado com o grau em que as pessoas desconhecem ou esqueceram esta história", disse Berlinger à Netflix. "Este é o momento certo para recontar esta história para uma geração mais jovem como um conto de advertência - e em escala global."

Produção sobre Hitler é baseada em arquivos do jornalista William L. Shirer
Produção sobre Hitler é baseada em arquivos do jornalista William L. Shirer Imagem: Divulgação/ Netflix

Diferencial

Para o diretor, a série se destaca por ser baseada no trabalho de William L. Shirer que, por meio de inteligência artificial, serve de narrador ao longo dos episódios. O jornalista morreu em dezembro de 1993, aos 89 anos.

"Esses eventos aconteceram numa época em que dependíamos de repórteres e jornalistas morando em países estrangeiros para relatar as notícias ao público americano, e William Shirer estava em uma posição única como um dos poucos correspondentes americanos que reportavam da Alemanha durante os anos cruciais da ascensão de Hitler e os primeiros anos da guerra", explica Berlinger. "Muitos dos seus relatórios foram censurados na Alemanha, mas ele teve a coragem de contrabandear os seus diários correndo grande risco pessoal."

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Além da nova perspectiva acrescentada pela voz de Shirer, a série inclui recriações cinematográficas e imagens de arquivo. Há também testemunhos de áudio nunca ouvidos de Nuremberg, onde dezenas de líderes nazistas foram julgados por crimes contra a humanidade.

Outro aspecto diferencial e, por que não, emocionante de "Hitler e o Nazismo: Começo, Meio e Fim" é a trilha sonora: grande parte da música da série foi criada a partir de composições de vítimas do Holocausto. Berlinger diz que a ideia de incluir essas composições originais veio do amigo de sua esposa, que havia produzido um concerto no Carnegie Hall que deu vida a composições criadas por músicos judeus mortos no Holocausto.

Os seis episódios da minissérie estão disponíveis na Netflix.

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