Deolane x Fiuk: por que gostamos de acreditar em histórias falsas?
Deolane Bezerra, 36, e Fiuk, 33, protagonizaram uma espécie de novela digital ao longo dos últimos meses. A "brincadeira", como chamou a própria influenciadora, começou depois de um "flagra" e foi ganhando novos capítulos à medida que o engajamento de ambos alcançava a marca de milhões nas redes sociais.
A relação, descrita até então como amizade, chamou a atenção do público e ajudou a alimentar boatos de um suposto romance. De Dia dos Namorados a participação em programa no YouTube, os dois passaram a lucrar com a curiosidade das pessoas - e aqui há de se considerar as diferentes formas de tirar alguma vantagem no ambiente das redes.
Nessa altura do campeonato pouco importava se o suposto affair era verdadeiro ou não. Eles já estavam nas manchetes e nas publicações de milhões de seguidores, condições cada vez mais relevantes para quem busca fazer dinheiro como influenciador. A novela contada por eles, porém, ganhou um possível desfecho na semana passada, quando os dois trocam acusações publicamente.
Mas, afinal, por que histórias como a dos dois despertam tanto interesse, apesar de todos os indícios de "brincadeira" e busca por engajamento? Splash foi atrás de respostas para tentar entender como a narrativa prendeu a atenção ao longo de meses. A reportagem também contou com a ajuda de Flávio Muniz, especialista em marketing de influência e geração de autoridade, e Yuri Busin, psicólogo e doutor em neurociência do comportamento pela PUC-RS.
'A gente quer acreditar em algumas narrativas'
Basta uma rápida olhada nas últimas publicações de Deolane e Fiuk para concluir: as pessoas dedicam tempo significativo para opinar sobre os rumos da "novela digital". Há quem diga que a influenciadora fez certo em dar um basta na história e expor o ex-BBB, ao mesmo tempo existe quem classifique o suposto desfecho como um "livramento" para o rapaz. Cada um compra o lado que lhe convém.
O fato é que nós - seres humanos — queremos acreditar em histórias do tipo. Segundo o psicólogo Yuri Busin, essas narrativas ajudam as pessoas a esquecerem das próprias questões. "A realidade da vida muitas vezes é dolorida, então a gente prefere acreditar em mentiras. Até porque a gente tem nessa situação uma história de amor, de desejos. A gente quer acreditar naquilo [...] Isso faz com que a gente escape da nossa realidade também."
Não é necessariamente a mentira que atrai as pessoas, mas o contexto de intrigas e conflitos, os altos e baixos que formam uma narrativa."É instigante observar de fora quem está certo ou errado, sem ter que participar ativamente. É muito fácil na internet ser 'juiz' de uma situação alheia sendo que não se tem a responsabilidade de estar ali de corpo presente", analisa Flávio Muniz.
Engajamento
Ainda que Deolane classifique o episódio como uma simples "brincadeira", a própria fala da influenciadora indica que ambos tinham consciência do efeito prático da novela. "Nossas conversas foram claras que aquilo era conteúdo, uma brincadeira [...] Deu bom, deu repercussão. Você [Fiuk] começou a ascender de novo. Você veio me agradecer um contrato milionário que assinou com a nossa brincadeira."
Pessoas que alcançam tamanha exposição no ambiente virtual dificilmente estão sozinhas. "Existe uma equipe de marketing e mídias sociais muito preparada para aumentar a exposição e engajamento de ambos. O que podemos realmente afirmar é que a narrativa foi bem articulada", avalia Muniz.
Deolane é um fenômeno das redes sociais. A influenciadora digital soma mais de 20 milhões de seguidores só no Instagram. O sucesso também se repete no TikTok, onde cada vídeo ultrapassa com facilidade um milhão de visualizações. A média de engajamento no Insta está em 2,5 milhões, de acordo com dados da ferramenta Social Blade.
Fiuk, por outro lado, nasceu famoso (nepo baby que fala?). Ele é filho de Fábio Jr., um dos cantores mais conhecidos do Brasil, e chegou a participar de produções na televisão. A popularidade nas redes sociais aumentou significativamente durante o BBB 21. O rapaz, que entrou no programa da Globo com 1,3 milhão de seguidores no Instagram, já estava com mais de 4,1 milhões ao final da edição.
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Quero receberAs narrativas são usadas em campanhas políticas, roteiros de cinema, novelas de sucesso e também pelos influenciadores digitais, que movimentam a atenção de grandes massas através de 'novelas em tempo real' [...] Trocar engajamento na rede social sempre foi muito comum, quando se trata de pessoas muito conhecidas na mídia. Flávio Muniz, especialista em marketing de influência
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