Ex-seguranças da Chic Show, amigas se emocionam em festival: 'Chorei muito'
Juliana Gonçalves
Colaboração para Splash, em São Paulo
13/07/2024 19h08
A Chic Show, festa/baile black símbolo da resistência cultural negra paulistana, celebra 50 anos em grande estilo com um festival no Alianz Parque neste sábado (13) com Lauryn Hill como headliner acompanhada de YG Marley e Wyclef Jean.
O line-up também conta com mais uma atração internacional, Jimmy "Bo" Horne. Além dos ícones da música preta nacional Sandra de Sá, Rael, Criolo e Mano Brown e os DJs residentes da época: Luciano, Grandmaster Ney e Preto Faria.
Mas o presente mesmo quem ganhou foi o público. Quem curtia os bailes lá no início se sentiu voltando ao salão do Clube Palmeiras — onde a festa começou — ou ao Baile da Cidade.
Foi essa a sensação de Odete Silva, 65, que veio ao festival com a sobrinha Joyce Silva, 41 — que não chegou a curtir o baile e veio para acompanhar a tia. Odete não parava de dançar e registrar tudo e falou a Splash enquanto transmitia uma live nas suas redes sociais.
Vou te falar uma coisa, viu. Eu cheguei aqui e foi como voltar no tempo. Eu frequentava a Chic Show nos anos 1980 e vi James Brown, que me marcou muito. Meus amigos estão vindo, vamos dançar, fazer nossos passinhos. Esse show foi um presente para nós. Odete Silva
Veja a dança de Odete Silva no festival Chic Show
A apresentação de James Brown também está na memória das amigas Tuca, 61, e Ana Maria Sá Silva, 60, que trabalhavam como seguranças nos bailes e hoje curtem o show na pista premium, uniformizadas com camisas da Chic Show.
Chorei muito quando cheguei. Muita gente me reconheceu. Meu filho quase nasceu no show do Jorge Ben na Chic Show em 1983. Hoje, quando a gente curte junto, ele fala: 'Mãe você viveu mesmo'. A gente é raiz. Tem muita história para contar. Mas hoje eu quero curtir. Ana Maria Sá Silva
"Tô muito emocionada por estar aqui. Vi muitos shows internacionais graças ao baile. Aqui estou na expectativa por todos os artistas que vão subir ao palco. São todos nossos. Vou reencontrar muita gente. Eu estou muito emocionada", explicou Ana.
Emoção partilhada com a amiga Tuca, que começou a frequentar o baile aos 18 anos e logo passou a trabalhar na festa ao lado da amiga Ana. "Olha, quem aproveitou aquela época aproveitou. Muito legal para quem tá chegando agora conhecer a importância da Chic Show".
A emoção do público que viveu a época de ouro da Chic Show transborda a cada música e também com as projeções nos telões com imagens dos ingressos dos bailes. Alguns, assim como Ana, não escondem as lágrimas.
De uma outra geração, Andrea Ramos está comemorando 50 anos junto com o baile. Ela conta que esperava os pais dormirem e fugia pela janela quando tinha 16 anos para conseguir ir.
Meus primos iam, meus amigos, não tinha como, eu dava meu jeito de ir também. Era a festa de preto da época. Eu ia ao Clube da Cidade e a Chic Show fervia naquele chão. Pensava o mês inteiro nos looks que ia usar. Era uma produção impecável. Andrea Ramos
"Quando teve o show do Billy Paul, que foi meu primeiro show internacional, eu mudava a roupa toda semana. Hoje, com 50 anos, também me preocupei e mudei de look por conta do frio, mas to ansiosa para reencontrar meus amigos", explica.