Caso Nego Di: 'Várias pessoas humildes foram vítimas', diz polícia
Colaboração para Splash, em São Paulo
14/07/2024 18h52Atualizada em 14/07/2024 20h05
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou na noite deste domingo (14) uma coletiva de imprensa com informações sobre o caso de Nego Di, preso pela manhã por suspeita de estelionato.
O que aconteceu
Na coletiva, o delegado Marco Guns contou como começou a investigação. "A investigação começou em 2022, a partir de um site criado pelo Nego Di, de venda de produtos eletrônicos, por ele e um parceiro, Anderson Boneti, também com mandado de prisão e foragido."
O delegado explicou que foram identificadas mais de 370 vítimas e que o golpe foi de R$ 5 milhões. "Foram identificadas diversas vítimas da cidade de Canoas e fora do estado." Nenhum dos aparelhos comprados foi entregue às vítimas.
Várias pessoas humildes foram vítimas dessa farsa. São pessoas humildes, que utilizam do seu trabalho, dinheiro, para que façam a compra desse produto e acabam não recebendo.
O delegado Cristiano Reschke apontou que Nego Di usava sua fama para aplicar os golpes. "Essa fraude foi utilizada a partir do seu conhecimento e influência nas redes sociais. Ele se utilizou disso para atrair as vítimas."
A investigação apurou fatos criminais. Pessoas públicas ou não são investigadas e, pelo crime, vão ser responsabilizadas.
O inquérito foi encerrado em 2023, remetido ao MP, onde permaneceu até semana passada. "Eles [MP] se debruçaram esse tempo nas provas e isso levou à decretação da prisão preventiva."
Na coletiva, o delegado Cristiano também citou que Nego Di é investigado por outras ocorrências. "Ele tem envolvimento em outros estelionatos."
O chefe de polícia, delegado Fernando Sodré, negou "perseguição política", como apontado por Nego Di, no caso. "Não há nenhum momento neste inquérito qualquer conteúdo ou que tenha perspectiva de caráter político. É uma investigação técnica."
Como funcionava o golpe
Nego Di é suspeito de lesar pelo menos 370 pessoas com a venda de produtos por meio de uma loja virtual.
A investigação apontou que os produtos nunca foram entregues. A movimentação financeira teria ultrapassado a marca de R$ 5 milhões, em 2022, segundo a Polícia Civil.
Na coletiva, a polícia apontou que os preços dos produtos eram mais baixos que o normal. "Os produtos tinham preço abaixo de mercado. Esse preço atraiu uma classe da sociedade menos favorecida economicamente."
Os prazos para entrega eram altos e, no final, o produto não chegava até as vítimas. "As pessoas aguardaram esse tempo bastante alto (50 dias) e começam os registros de ocorrência. Esse prazo já era um plano e previa ludibriar essa quantidade maior de pessoas."
Prisão
Nego Di foi preso pela Polícia Civil neste domingo (14), em Santa Catarina. Na coletiva, foi informado que o influenciador será transferido ainda neste domingo para o Rio Grande do Sul.
Procurada pela reportagem, a defesa do influenciador disse que está "tomando todas as medidas legais cabíveis". "Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário", disse a defesa, em nota.
O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.
Hernani Fortini, Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula, advogados de Nego Di
A defesa também pediu à mídia e ao público "que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso". "Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade."