Quem foi o autor de novelas que virou 'inimigo mortal' de Aguinaldo Silva

Nascido em Salvador, na Bahia, em 1922, iniciou sua carreira no teatro aos 15 anos. Sua primeira peça, chamada "A Comédia dos Moralistas", ganhou o 1º lugar no Concurso do Serviço Nacional de Teatro em 1939.

Em 1944 começou a escrever histórias para o rádio. Na estação Pan-Americana (São Paulo), ele fez adaptações de peças, romances e contos para o "Grande Teatro Pan-Americano".

Em 1950 se casou com a também autora Janete Clair. Com ela, teve 4 filhos: Alfredo, Guilherme, Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.

Dias Gomes ganhou projeção internacional em 1959 com a peça "O Pagador de Promessas". Adaptada para várias línguas pelo mundo, a história também foi levada para os cinemas, ganhando a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1962.

Durante a Ditadura Militar, foi demitido da Rádio Nacional, em virtude do seu envolvimento com o Partido Comunista. Com várias peças censuradas na época, Dias Gomes aceita o convite para trabalhar na Globo, em 1969.

A partir desse momento, Dias Gomes começa a se consagrar como um dos maiores novelistas brasileiros. Nos anos seguintes, ele escreveu sucessos como "Bandeira 2", "O Espigão", "Saramandaia" e "O Bem-Amado", a primeira novela em cores da TV brasileira.

Em 1983 morre sua esposa Janete Clair. Um ano depois, ele se casou novamente, com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem teve duas filhas: Mayra Dias Gomes e Luana Dias Gomes.

Em 1985, escreveu, em parceria com Aguinaldo Silva, um dos maiores sucessos da televisão brasileira, a novela "Roque Santeiro". A trama havia sido reprovada pela censura 10 anos antes, em 1975, quando 30 capítulos já haviam sido gravados e a Globo foi notificada no dia da estreia que a novela não poderia ir ao ar.

Dias Gomes morreu em 1999, aos 76 anos. Ele sofreu um acidente de carro, em São Paulo, quando estava dentro de um táxi com a esposa. Apenas ele morreu em virtude do acidente. Bernadeth e o motorista sofreram ferimentos.

Briga com Aguinaldo Silva

Silva explicou que a briga aconteceu por causa de "Roque Santeiro", já que nos capítulos finais da novela, que se tornou um dos maiores sucessos da Globo, Dias Gomes quis reivindicar a autoria da trama, e Aguinaldo Silva acabou afastado. "Quando o Dias voltou da Europa e viu que a novela era um sucesso, ele reivindicou e disse que queria escrever o final, que faltavam 18 capítulos. Como ele exigiu muito isso, acabaram me tirando da novela."

Após esse episódio, os dois autores se tornaram "inimigos". "Ficamos inimigos mortais durante anos. Não ficávamos nós dois sozinhos na mesma sala. Foi uma baixaria mesmo. Todo mundo tinha medo de que um dia a gente se engalfinhasse nos corredores da Globo".

Aguinaldo Silva explicou que voltou a falar com Dias Gomes, por iniciativa do próprio escritor, poucos dias antes de ele morrer, em 1999. "Nós nos falamos, esquecemos totalmente aquela briga que durou anos e 15 dias depois ele morreu", contou, ressaltando que se sentiu aliviado por ter voltado a falar com Dias Gomes antes de sua morte, pois ele o admirava.