'Nossa Game of Thrones': O que Alex Atala pensa da série 'O Urso'?

"O Urso", série que fez a limpa nas categorias de comédia no Emmy 2023, retorna com sua terceira temporada nesta quarta-feira (17).

Entre os fãs da série está Alex Atala, que recentemente manteve as duas estrelas do Guia Michelin em seu D.O.M.. Em um jantar oferecido pela Disney a jornalistas para promover a série, o chef compartilhou suas impressões sobre a produção.

Segundo Atala, a série é a nova "Game of Thrones" para quem trabalha no segmento. "A gente brinca nas cozinhas que 'O Urso' virou o novo 'Game of Thrones' para a gente. Todo mundo só fala disso. Todo mundo assiste. Não tem como não ser. Cativa até a gente que vive disso todo dia."

Para ele, a série é fidedigna às experiências na cozinha, mas tudo é representado de forma mais intensa e rápida em nome da dramaturgia. "As coisas acontecem em um ritmo e em uma intensidade que não é natural. Isso não quer dizer que as consequências são exageradas."

Você tem essas cenas mais compactas, essas emoções condensadas em poucos minutos. Mas as alegrias e as tristezas, as pressões da cozinha, é aquilo mesmo. A série é muito precisa em demonstrar essas agonias e as alegrias que a gente vive no dia a dia. Alex Atala

'O Urso' conta a história de Carmen Berzatto e seus esforços para administrar o restaurante da família
'O Urso' conta a história de Carmen Berzatto e seus esforços para administrar o restaurante da família Imagem: Divulgação Star+

O chef afirma que "O Urso" demonstra bem como esse tipo de trabalho afeta a saúde mental dos cozinheiros. "[A série mostra] o quanto é estressante, angustiante, obsessivo. Isso não é mentira."

Outro ponto com o qual o chef se identificou foi a variedade de origens que se encontra na cozinha, e como naquele ambiente há um certo "pé de igualdade" — ele enxerga isso em seu próprio restaurante. Ele apontou a história de Richie, o primo displicente que acaba tomando jeito na segunda temporada: "Este lado da cozinha é fascinante. Como ela pode ser uma forma de reorientar a vida de uma pessoa. E quem está falando isso é um cara que teve a vida reorientada pela cozinha."

Ele diz ainda que já sofreu agressões similares às que Carmy sofre na mão do chef David em Nova York, mas que acredita que os assédios devem diminuir nos restaurantes. "Eu passei muito por isso. Pode ser que [ainda seja assim] em alguns lugares. Aqui, não. Hoje em dia não dá mais para ser assim. [...] Não dá para não respeitar uma mulher, não dá para não respeitar um parceiro de trabalho hoje. [...] Infelizmente, a cozinha ainda carrega essa aura, essa agressividade, esse assédio, mas eu acho bem negativo. Eu não acredito que nos próximos anos sejamos assim."

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Atala acredita que produções como "O Urso" são positivas para o mercado gastronômico porque formalizam e fortalecem a "efervescência" da profissão, além de incitarem a curiosidade do público sobre a cozinha. Ele traça uma comparação com os publicitários nos anos 80 e as modelos nos anos 90.

Hoje o chef de restaurante é muito festejado. Eu não quero que não sejamos festejados, eu quero só que esses louros sejam estendidos a outras áreas da profissão. Por que a cozinha passa por essa efervescência e a minha profissão passa por essa efervescência? Porque talvez o maior encontro entre natureza e cultura está no prato. Alex Atala

"O Urso" volta para sua terceira temporada

O primeiro episódio de "O Urso", o único liberado pela Disney para jornalistas antes da estreia no Brasil, tem Carmy perturbado não só pelos últimos acontecimentos da série, mas por tudo de negativo que aconteceu nos anos recentes. Após romper com Claire acidentalmente e de forma dramática (de dentro de uma geladeira), Carmy volta a ser assombrado pela morte do irmão, pelas agressões do chef David e pelos rompantes da mãe.

Ao melhor estilo "O Urso", a série costura as memórias negativas e positivas de Carmy e faz o espectador entender melhor como ele chegou até aqui. Com um ritmo mais lento e diferente do que estamos acostumados a ver, o episódio faz uma viagem pelos fragmentos da mente do cozinheiro. São retalhos de ódio, tristeza, luto, amor e aprendizado que mostram do que é feito o protagonista — e refletem um pouco de como todos somos construídos.

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