'Viver a Vida' estreia no canal Viva; relembre as polêmicas da novela

Na segunda-feira (22), "Viver a Vida" (Globo), novela exibida em 2009, ganha sua primeira reprise no canal Viva. A trama será exibida de segunda a sábado, às 22h50.

Qual é a história de 'Viver a Vida'?

A novela escrita por Manoel Carlos acompanha Helena (Taís Araújo), uma modelo no auge da carreira que abandona a carreira depois que se casa com Marcos (José Mayer). Ao mesmo tempo, ela precisa enfrentar uma rivalidade com Luciana (Alinne Moraes), que só aumenta depois que ela descobre que seu pai está namorando a protagonista.

Tudo piora quando as duas modelos viajam juntas para um desfile no Oriente Médio. Depois de uma briga, Helena proíbe que Luciana volte no avião com ela.

Tendo que ir no ônibus com as outras modelos, Luciana sofre um grave acidente que a deixa tetraplégica. Além de se culpar, Helena será acusada pela mãe da modelo, Tereza (Lilia Cabral), de ser a culpada pela situação.

Depois de um tempo, Helena se envolve com Bruno (Thiago Lacerda), fotógrafo que roda o mundo sem nenhum tipo de apego emocional. No decorrer da trama, descobre que é filho de Marcos, o marido da mulher por quem se apaixonou.

Helena (Taís Araújo) e Bruno (Thiago Larcerda) em 'Viver a Vida'
Helena (Taís Araújo) e Bruno (Thiago Larcerda) em 'Viver a Vida' Imagem: Reprodução/Globo

Vilã mirim

Antes de estreia da novela, Klara Castanho, que na época tinha 8 anos de idade, era anunciada como a vilã de "Viver a Vida". A ideia de Manoel Carlos era fazer uma vilã mirim. "Ela é uma menina capaz de grandes crueldades no meio da inocência dela. Não existe ninguém mais cruel do que uma criança", disse Manoel Carlos antes da estreia da novela ao jornal Extra.

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A história teve que mudar, pois o autor foi notificado pelo Ministério Público. Segundo noticiado pela Folha, o órgão disse o seguinte na notificação: "O trabalho infantil artístico deve ser comedido, observando não só os aspectos legais, mas principalmente eventuais reflexos que determinado personagem pode provocar no desenvolvimento da criança. Uma criança de oito anos não tem discernimento e formação biopsicossocial para separar o que é realidade daquilo que é ficção, isso sem contar com as eventuais manifestações de hostilidade que ela pode vir a sofrer por parte do público e não compreendê-las".

Em entrevista ao site da jornalista Heloisa Tolipan, em 2023, Klara Castanho comentou sobre o assunto: "Foi uma decisão conjunta. Havia uma preocupação muito grande de que houvesse uma confusão entre realidade e ficção — coisa que nunca aconteceu por que eu sempre tive e tenho um respaldo muito grande da minha família. E esse apoio me permitiu saber o que era realidade, o que era ficção, o que era meu trabalho e o que era chegar em casa e ser criança. Era uma preocupação válida, mas que naquele momento não era uma coisa que era a minha realidade".

Última novela de Cecília Dassi

Lembrada por uma carreira com papéis marcantes desde criança, como a Sandrinha de "Por Amor" e Mirella de "Alma Gêmea", "Viver a Vida" foi a última novela de Cecília Dassi. Hoje em dia, a ex-atriz é psicóloga e divide seus conhecimentos sobre a área nas redes sociais.

Em sua última novela, Cecília viveu Clarisse, uma jovem sedutora. Ela namorava um homem quinze anos mais velho e teve algumas cenas bem quentes na história.

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Durante participação no programa Encontro, em 2019, Dassi explicou sobre sua transição de carreira: "Foi um processo de desidentificação do universo da arte cênica e identificação com o universo da Psicologia. Foi um desligamento gradual, um processo. Mas realmente foi uma decisão muito acertada".

Taís Araújo criticada

Marcado por suas protagonistas fortes chamadas Helena, Manoel Carlos escreveu sua primeira protagonista negra em "Viver a Vida". Taís Araújo, que já havia interpretado a primeira protagonista negra de uma novela da Globo, em "Da Cor do Pecado", aqui ficou novamente com essa responsabilidade do pioneirismo.

Porém, a atriz foi duramente criticada por sua Helena. "Fui espinafrada e pensava que aquele era o fim da minha carreira. Todo mundo caiu na questão de tratar a personagem como branca, acreditando na democracia racial, de que somos todos iguais. Não é assim na rua, pois o Brasil é racista", relembrou Taís em entrevista à revista Piauí.

Com o crescimento da trama de Luciana e sua superação após o acidente, Helena perdia cada vez mais espaço como protagonista. "Em 'Viver a Vida', minha sensação é de que Helena tinha de ter sido a personagem de Lília Cabral, que era brigada com a filha e, depois do acidente de carro, acaba fazendo um acerto de contas com o passado", opinou Taís Araújo.

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Taís comenta que só voltou a se realizar profissionalmente de novo após "Viver a Vida" quando viveu Penha, uma das protagonistas de "Cheias de Charme". Apesar do trauma, Taís consegue rever essa experiência com certo distanciamento hoje em dia. "Hoje em dia consigo ver com distanciamento todos os possíveis erros nossos, meu, do Maneco, do Jayme, da Globo. Ou o que chamo de ingenuidade, de achar que o Brasil não era o Brasil que se apresenta hoje. Na época era um Brasil que a gente acreditava muito que éramos todos iguais, que éramos todos vistos da mesma maneira, que o que estava escrito na Constituição vali na rua. Quando, na verdade, não", disse ela em depoimento ao documentário "Tributo - Manoel Carlos".

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