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OPINIÃO

Anime Friends vira 'Lollapalooza otaku' com bastões de luz e cosplays

Show da cantora MindaRyn no Anime Friends 2024 Imagem: Reprodução/Instagram/@mindaryn_

Fábio Garcia

24/07/2024 12h00

Quem pensa no Anime Friends como um encontro de fãs de cultura asiática com a presença de cosplayers e placas de "abraços grátis" pode estar um pouco desatualizado. A mais recente edição do evento, realizada entre os dias 18 e 21 de julho em São Paulo, até oferece uma infinidade de atrações já conhecidas desse meio, mas um ponto tem ganhado cada vez mais força: os shows musicais. Splash esteve lá para conferir.

Localizados na frente de uma loja de miniaturas e ao lado de onde operava um Maid Café, dois portões enormes levavam o visitante do Anime Friends à área do Palco Principal, local de encontro para quem queria viver uma experiência musical que em nada fica devendo a outros festivais realizados no Brasil. Atravessadas as cortinas, o visitante encontrava um ambiente mais escuro, com estrutura de captação de imagem, uma área para PCDs e muito espaço para curtir as apresentações.

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A variedade de atrações era grande, mesclando o gosto dos diversos públicos do evento. A primeira banda a se apresentar na edição foi YUYU20, grupo reunindo cantores das músicas dubladas de "Yu Yu Hakusho", anime exibido pela Manchete no final dos anos 1990, que trouxe canções nostálgicas para fãs com mais tempo de carreira. A atração Super Friends Spirits, realizada no último dia, também foi um aceno a esse público, reunindo cantores de temas de aberturas de animes e tokusatsu e contando com a presença até de artistas japoneses convidados.

Show do grupo WASUTA no Anime Friends 2024 Imagem: Divulgação/Maru Division

Entre uma atração e outra, o palco era tomado por bandas brasileiras com um repertório selecionado e vasto. Senpai Old School e Miura Jam, por exemplo, misturavam em seus setlists desde a primeira abertura de "Pokémon" (aquela "Pokémon/Temos que pegar") até covers de "CryBaby", tema do anime "Tokyo Revengers", um sucesso nas plataformas de streaming.

A variedade de atrações pode ser vista até pelos artistas convidados. Até mesmo o Visual Kei foi contemplado graças à participação dos cantores Takeru (ex-SuG) e Hiroto em um show inédito no mundo. Fãs de idols também puderam prestigiar o grupo de idols WASUTA. Havia espaço até para produções mais autorais, como shows de rap brasileiro de anime, gênero muito escutado por fãs na internet. Não havia tempo ruim para a plateia, todas as músicas eram muito celebradas.

Sem dúvidas a atração mais esperada do Anime Friends era ALI. A banda é um fenômeno no meio otaku por cantar "Lost in Paradise", encerramento de "Jujutsu Kaisen", e também por "Wild Side", tema da primeira temporada de "Beastars - O Lobo Bom". Sucesso em plataformas como TikTok e em edits feitos por fãs, uma multidão se reuniu para as duas apresentações de ALI no palco principal, uma na sexta-feira e a outra no domingo.

A desenvoltura dos artistas internacionais pode soar diferente para quem acompanha cantores norte-americanos ou europeus num palco. Há menos interação com a plateia, até por barreira linguística. Muitos "arigato gozaimasu" ("muito obrigado") entre as músicas, e alguns artistas arriscaram um inglês, como foi o caso da cantora tailandesa MindaRyn (dos temas de "That Time I Got Reincarnated as a Slime" e "Ultraman Blazar") que interagiu mais com o público.

Show de VK Blanka no Anime Friends 2024 Imagem: Divulgação/Maru Division

Já o duo ClariS, responsável pelas aberturas dos animes "Lycoris Recoil" e "Madoka Magica", preferiu focar nas músicas, sempre com coreografias que as faziam ir de um lado ao outro. Se nas canções menos conhecidas o público já demonstrava alegria, durante os hits a plateia se enchia de ainda mais empolgação. Era comum ver na plateia visitantes com cosplays das obras mencionadas, como várias Madokas vibrando ao som da música "Connect".

O comportamento dos fãs durante as apresentações musicais também chama a atenção. Poucos celulares eram vistos erguidos filmando as apresentações, e isso graças aos bastões de luz oficiais vendidos pela loja oficial do evento. Em shows asiáticos é comum a utilização desses bastões, que os fãs balançam no ritmo da música formando uma coreografia luminosa muito bonita de se assistir, e parece que a tendência chegou para ficar. O número desses acessórios aumentou consideravelmente do primeiro ao último dia do festival otaku.

Indo na contramão de concertos se encerrando tarde da noite, os shows do Anime Friends terminaram cedo, junto com o próprio evento, entre as 21h e 22h. Após a euforia dos shows e aquele mar de luzes, os fãs saíam da arena do palco principal e rumavam para os portões de saída. Graças aos muitos ônibus oferecidos pelo evento, o retorno dos fãs até a estação Portuguesa-Tietê do metrô foi rápido e cheio de comentários sobre momentos das apresentações.

Com mais um ano apostando em atrações musicais de peso, é capaz que o Anime Friends não seja lembrado só como um encontro de fãs de anime e mangá, mas também como um point para fãs de música asiática. Um Lollapalooza com música de anime.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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