Alessia Cara descarta maldição do Artista Revelação: 'Sucesso não é linear'
Três anos depois de seu último lançamento, Alessia Cara está de volta com a faixa "Dead Man".
A cantora, que já experimentou sonoridades como bossa, pop e reggae, agora investe em uma faixa cheia de jazz e instrumentos de sopro. Em entrevista a Splash, ela fala da nova fase, da experiência precoce com o sucesso e da temida "maldição do Artista Revelação".
Maldição do Grammy de Artista Revelação existe?
Quando o assunto é pop, existe uma teoria de que os vencedores do Grammy de Artista Revelação costumam "sumir" ou ter menos sucesso depois de levarem o prêmio. Um dos exemplos mais notáveis é a fracassada dupla Milli Vanilli, mas há vencedores mais recentes que teriam sido alvo da tal "maldição", como Macklemore & Ryan Lewis e Meghan Trainor.
Alessia Cara foi premiada em 2018, e não acredita nessa teoria. "Uma coisa que aprendi é que o sucesso nunca é [linear]. É sempre [feito de altos e baixos]. Eu nunca esperei ficar no topo das paradas para o resto da minha vida. Ninguém fica", afirmou.
Não acho que seja uma maldição. Se é alguma coisa, é a maldição de ser um artista e estar sobrecarregado e ter que dar alguns passos para trás. Porque, no meu caso, era demais. [...] Estava se tornando algo muito insalubre. Um dos grandes motivos de eu não ter estado tão visível é porque eu dei muitos passos para trás. Alessia Cara
Segundo ela, sua visibilidade diminuiu tanto por escolha própria como pela rápida evolução da indústria musical. "É muito injusto colocar expectativas nas pessoas, como: 'Se você não está no topo das paradas para o resto de sua vida, então você fracassou.' Eu sou bem-sucedida de diferentes formas e estou feliz por ainda poder estar fazendo o que faço."
Na época, Alessia vinha de uma sequência de sucessos como "Here", "Scars To Your Beautiful", "Stay" e "1-800-273-8255". Apesar de seus lançamentos mais recentes não terem obtido grande êxito comercial, foram cada vez mais elogiados pela crítica especializada, a exemplo do álbum "In The Meantime".
Nova fase é mais confiante, diz Alessia
Alessia diz que o novo álbum, ainda sem nome ou data de lançamento, soará como o tipo de música que ela ama ouvir, com um pé em décadas passadas. "Eu ainda queria que parecesse, claro, contemporâneo e representativo dos tempos de hoje, mas também quis acrescentar pequenos elementos que fizessem com que soasse mais como o tipo de música que amo, como música mais clássica. Um desses gêneros é o jazz."
Superfã de música brasileira, diminuiu um pouco as referências à bossa nova desta vez, mas diz que a influência do Brasil está sempre lá. "Há alguns elementos de bossa ou uma energia sul-americana. Acho que isso sempre estará presente porque eu amo demais a música brasileira."
Continuo escutando os artistas de sempre. João Gilberto, que é um dos meus artistas preferidos do mundo. Astrud, que faleceu, infelizmente, neste ano ou no ano passado, o que é muito triste. [...] Tenho todos os vinis deles e ouço muito, muito, muito os dois. Também tenho uma playlist inteira só de música brasileira. Alessia Cara
A nova fase contará também com uma mãozinha (e só) de John Mayer, que emprestará seu violão para uma das faixas. "Foi uma das coisas mais legais do mundo. Para mim, ele é uma lenda da composição, então só de vê-lo colocar uma pitadinha de talento em uma das faixas foi muito, muito incrível e animador."
Sempre introspectiva em sua música, Alessia diz que podemos esperar mais letras de autorreflexão e histórias mais felizes. "Todos os meus álbuns foram e sempre serão extremamente pessoais porque é assim que eu componho, que processo minhas emoções. Mas este parece mais robusto e inabalável na forma como é representado. Há uma confiança silenciosa."