Conteúdo publicado há 5 meses

Diretor da cerimônia das Olimpíadas nega ter zombado da 'Última Ceia'

Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, negou ter zombado da "Última Ceia" no espetáculo. As informações são da agência de notícias francesa AFP.

O que aconteceu

O diretor disse à rede de televisão BFMTV que quis fazer uma cerimônia com os valores da França.

Nunca encontrará da minha parte nenhum desejo de zombar, de denegrir nada. Quis fazer uma cerimônia que reparasse, que reconciliasse. Também que reafirmasse os valores de nossa República. Thomas Jolly

A Conferência Episcopal Francesa (CEF) condenou e considerou "cenas de mofa e zombaria do cristianismo". A entidade se referia ao momento "festividade", em que um grupo de pessoas aparece em uma longa mesa, que lembrava a "Última Ceia"

Thomas ressaltou ainda que a "Última Ceia" não foi sua inspiração. "A ideia era mais fazer um grande festival pagão conectado com os deuses do Olimpo... Olympus... Olimpismo".

Como foi a cena

Na seção chamada de "festividade" da abertura, pessoas com roupas extravagantes, entre elas drag queens, surgiram em uma mesa em um posicionamento similar ao do quadro de Da Vinci. Havia um equipamento de DJ em cima da mesa. Uma mulher, ao centro, usava um adereço similar a uma auréola e fazia um coração com as mãos.

A cena foi seguida por um desfile de moda em cima da mesa. Ao som de música eletrônica, homens, mulheres e drag queens desfilaram sobre a mesa enquanto outros assistiam.

A mesa voltou a aparecer na seção "unidos na diversidade", que incluiu um desfile de dança. Neste momento, dançarinos subiram à mesa para representar vários tipos de dança, incluindo elementos da cultura ballroom, um tipo de baile criado pela comunidade LGBTQIA+ no subúrbio de Nova York nos anos 1920.

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Para encerrar, o cantor e ator Philippe Katerine surgiu sobre a mesa pintado de azul e vestido de Dionísio, segundo explicação dos Jogos Olímpicos. Dentro de uma bandeja com uvas e queijos, coberto apenas por plantas artificiais, Katerine cantou a faixa inédita "Nu", de seu novo álbum "Zouzou". As drag queens e os outros dançarinos que participaram das outras cenas assistiram à apresentação em volta da mesa.

A interpretação do deus grego Dionísio nos conscientiza do absurdo que é a violência entre seres humanos.
Jogos Olímpicos, no Twitter

O ator Philippe Katerine interpretou Dionísio na abertura das Olimpíadas 2024
O ator Philippe Katerine interpretou Dionísio na abertura das Olimpíadas 2024 Imagem: Reprodução/Globoplay

Essas cenas foram intercaladas com outros momentos da abertura. As cenas representadas na mesa foram mostradas em meio a outras imagens, que representavam uma pista de dança, e passagens de delegações pelo Rio Sena.

Espectadores discutiram cena

As imagens enfureceram a extrema-direita francesa. "A todos os cristãos do mundo que se sentem insultados pela paródia de drag queen, saibam que não é a França que fala. Mas uma minoria da esquerda pronta para toda provocação", disse Marion Marechal, sobrinha de Marine Le Pen, conforme noticiou o colunista do UOL Jamil Chade.

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Outros representantes da extrema-direita chamaram a abertura de "sacrilégio" e "vergonha". As críticas se estenderam, além desta cena, para a diversidade exibida na abertura, como a apresentação da cantora Aya Nakamura. Nascida em Bamako, no Mali, ela imigrou com a família para o subúrbio parisiense de Aulnay-sous-Bois.

Nas redes sociais, telespectadores defenderam a cena. Além de apontarem outras versões do quadro de Da Vinci, também mencionaram que os artistas ali presentes representam a diversidade.

O problema nunca foi representar a Santa Ceia no entretenimento. O problema dessa gente é representar a Santa Ceia com pessoas LGBT+. O motivo? LGBTfobia

Além disso, esse enquadramento da Santa Ceia nem existe na Bíblia. Foi pintado por um italiano que, pelo que tudo indica,? pic.twitter.com/ugrGV2jzyU

-- Chris | Diversidade Nerd (@chrisgonzatti) July 27, 2024

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