Clarice Falcão canta a desilusão no Lobofest: 'As pessoas se identificam'
A coisa mais linda do fundo do poço é que, em cada um, é de um jeito diferente. Se dirigindo ao público do festival Lobofest, realizado neste sábado (27) em Sorocaba, interior de São Paulo, Clarice Falcão deixa claro que o show viraria o seu fundo do poço.
O que ela disse
Apresentando a turnê e álbum "Truque", a cantora reafirma sua maturidade musical e pessoal cantando suas desilusões ao invés de ilusões amorosas — que marcaram seu primeiro álbum, 'Monomania'. "Todo mundo se identifica com se iludir e com se desiludir. É um sentimento comum a todos. Acho que lançar 'Truque' foi muito lindo, porque falei sobre as minhas ilusões e desilusões, que vão juntas, porque são duas coisas que estão grudadas. É difícil você iludir e nunca se desiludir e não tem como se desiludir sem se iludir antes."
Foi muito lindo ver a quantidade de pessoas que se identificam. No final, você pensa assim: 'Realmente, é uma coisa comum do ser humano.
Clarice Falcão
Ela explica que 'Monomania' é quem acredita na ilusão, enquanto 'Truque' é sobre quem sabe que está sendo iludido. "No primeiro amor, a gente acha que a ilusão é verdade. A gente acredita que aquele amor é o maior do mundo e vai durar para sempre. Monomania fala muito sobre isso. O Truque é falar sobre a ilusão sob o ponto de vista de alguém em algum lugar que sabe que está sendo iludido."
Por isso, ela descreve 'Truque' como um "truque de mágica", em que as pessoas sabem da ilusão. "Em um truque de mágica, você não acredita que aquele mágico tem poderes extra. Você se dispõe a acreditar ali, naquele momento. A partir de um momento da nossa vida, a gente começa a se apaixonar e a se iludir de vontade própria."
'Truque' tem essa maturidade de você dizer assim: 'Eu quero me iludir. Vai ser uma delícia me iludir. Mas vou me iludir sabendo que é ilusão'.
Clarice Falcão
Com forte abordagem de saúde mental em suas músicas, a cantora considera importante falar nesse tema para ir "se conhecendo". "'Capitão Gancho' é uma música que fala sobre tudo que te fez ser inseguro, o que envolve ansiedade. Tem todo um verso que você não respira. A gente vai se conhecendo. A gente vai entendendo quais são as nossas questões. Eu, por exemplo, vou entendendo ser bipolar. Isso me ajudou a produzir obras mais conscientes do que eu sou e do que estou falando".
Ela cita o álbum "Tem Conserto", em que se dedicou a falar de saúde mental. "Tem uma música, que é 'A Minha Cabeça', que é sobre ansiedade. Tem 'Horizontalmente', que é sobre depressão. Tem 'Só Mais Esse', que é sobre compulsão. Gosto desse disco porque é sobre minha cabeça. Depois vi que era a cabeça de várias pessoas".
Séria em suas músicas, a cantora faz questão de não se levar a sério em suas redes sociais. Segundo ela, seria difícil "sustentar" uma personagem de diva igual uma Beyoncé.
Acho lindo quando a pessoa não se leva a sério. Eu, pessoalmente, gravito para isso. Gosto de artistas que se mostram vulneráveis. Mas nem todo mundo se sente confortável nesse lugar. Eu adoro não me levar a sério. Adoro ter uma relação com os fãs que é mais horizontal, e não um lugar de diva e tal. Eles me zoam, eu tiro sarro deles. Isso é o meu sonho e consegui, finalmente, desenvolver essa relação.
Clarice Falcão
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