MEGAHITS! reúne vozes de sucessos de Rádio Táxi, 14Bis, Inocentes, Metrô...

Para colocar ordem nesse balaio, a produção escolheu o produtor norte-americano Paul Pesco, 65, guitarrista de estúdio com um currículo invejável. Apenas com Madonna ele participou da gravação de quatro álbuns. Sua lista de colaborações tem Whitney Houston, Chaka Khan, Darryl Hall & John Oates, Jennifer Lopez, George Benson e outras estrelas.

Esse elenco faz de MEGAHITS! a produção brasileira mais ambiciosa nesse tipo de evento, que não é uma novidade. Desde a virada dos anos 2000 algumas iniciativas do tipo pipocam na agenda de shows. Em 2005, por exemplo, a gravação do projeto Anos 80: A Festa do DVD e do CD DVD e CD montou uma convocação com Leo Jaime, Leoni, Ritchie, Kid Vinil, Nasi e Dinho Ouro Preto.

O que esperar do show?

Uns artistas mais enferrujados do que outros, muita descontração e uma grande declaração de amor de fãs antigos na plateia. Esse tipo de festa é imbatível no quesito tocar a memória afetiva das pessoas. Provavelmente todas as músicas que serão mostradas estão na ponta da língua de quem comprou os ingressos.

Como cada atração deve apresentar no máximo duas ou três músicas, é certo que serão apenas os hits incontestáveis, aqueles que invadiram as rádios da época. Garantia de coro total do público. Mas vale a pena explicar quem são as estrelas, porque são perfis bem diferentes.

Três nomes têm muita relevância no rock nacional. Sérgio Hinds, o veterano da turma com 75 anos, é um exímio guitarrista que formou uma das bandas primordiais do rock nacional dos anos 1970, O Terço, que fez um ótimo som viajandão e lançou um dos álbuns mais relevantes do movimento, "Criaturas da Noite" (1975). A turma mais madura na plateia do Vibra vai cantar junto o maior hit da banda, "Hey Amigo".

Clemente Nascimento é quase um embaixador do rock paulistano. Fundador da seminal banda punk Inocentes, há tempos ele faz jornada dupla tocando também na Plebe Rude, nome incontornável do chamado rock de Brasília. Ele tem a opção de presentear os fãs com sucessos de suas duas bandas, quem sabe "Pátria Amada", dos Inocentes, e "Até Quando Esperar", da Plebe.

Já Marcelo Nova é figurinha carimbada no rock nacional. À frente da banda baiana Camisa de Vênus, é idolatrado pelos roqueiros radicais e também pelos ouvintes de música pop que certamente não se esquecem de canções como "Bete Morreu" e "Eu Não Matei Joana D'Arc".

A MPB está representada

Claudio Venturini é guitarrista do grupo mineiro 14Bis, formado ainda nos anos 1970. Desde 1987 ele assumiu também os vocais, com a saída do irmão Flavio Venturini, que partiu para uma consistente carreira solo. Provavelmente Cláudio irá cantar os maiores sucessos da banda, talvez "Planeta Sonho" e "Linda Juventude", que foram gravadas ainda na fase de Flávio no grupo.

A dupla gaúcha Kleiton & Kledir teve um sucesso retumbante com os 4 discos que lançou na primeira metade dos anos 1980. Com espírito roqueiro, mas com músicas que se encaixam numa MPB criativa, elencaram hits como "Deu Pra Ti", "Nem Pensar" e "Paixão". A popularidade caiu bastante nos anos seguintes e o último álbum de estúdio da dupla veio em 2015.

Sucesso pontual

Completam o time vocalistas que tiveram sucesso pontual nos anos 1980, sem conseguir repetir o mesmo desempenho de popularidade, como Kiko Zambianchi, cantor e compositor paulista. Em 1985, seu álbum de estreia inseriu na galeria de canções eternas do pop nacional "Rolam as Pedras" e "Primeiros Erros (Chove)". Mas seus cinco álbuns posteriores, o último em 2001, não reeditaram esse sucesso. Em 2000, ele gravou "Primeiros Erros (Chove)" com o Capital Inicial no álbum "Acústico MTV" da banda brasiliense, e o grupo de Dinho Ouro Preto praticamente se apropriou da música, presença obrigatória nos shows do Capital até hoje.

Em 1984, Maurício Gasperini substituiu Willie como vocalista do Rádio Táxi, banda formada por músicos que anteriormente haviam acompanhado Rita Lee. Provavelmente ele vai cantar no MEGAHITS! as duas músicas mais populares do grupo, gravadas originalmente com a voz de Willie: "Garota Dourada" e "Eva". Guilherme Isnard surgiu como vocalista do Zero, grupo paulistano de rock romântico. Seu único hit é "Agora Eu Sei", que ganhou as paradas em 1985 com a ajuda do amigo Paulo Ricardo fazendo dueto vocal, numa época em que o RPM era a banda mais popular do país.

O line-up fica completo com Virginie, vocalista do Metrô, banda com uma trajetória curiosa. Formada por garotos franceses ou descendentes, começou com o nome A Gota Suspensa, fazendo um som voltado para o progressivo. O único disco dessa fase é raríssimo e interessante.

Virginie entrou no grupo justamente na hora de uma virada para o pop e sua presença ajudou muito a consolidar hits como "Beat Acelerado" e "Tudo Pode Mudar". Ela saiu da banda para uma curta carreira solo, e o Metrô gravou o disco "A Mão de Mao", muito criativo musicalmente e completo fracasso de vendas.

MEGAHITS! não é para receber críticas quando à qualidade de quem pegar o microfone; é apenas uma festa nostálgica que trará alguma grana a seus protagonistas e uma sensação boa para quem estiver lá revivendo músicas que foram trilhas sonoras de suas vidas.

MEGAHITS!

Quando: domingo, 4/8, às 19h
Onde: VIBRA São Paulo (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, São Paulo)
Quanto: a partir de R$ 77,50
Classificação: 18 anos; menores acompanhados do responsável legal
Ingressos á venda no site da UHuu!.