Brasileiro em The Boyfriend, Alan explica sucesso do reality gay da Netflix

"O Namorado" ("The Boyfriend") é o grande e inesperado sucesso atual da Netflix. O reality japonês criado por Dai Ota, é o primeiro programa do gênero cujos participantes são todos LGBTQIAP+. Com um elenco de nove homens entre 22 e 36 anos, uma edição sensível e realista e um formato divertido, com um time ótimo de comentaristas que assistem junto com o público ao que rola na casa, o programa se tornou sucesso de público e de crítica.

Os participantes do reality show japonês 'The Boyfriend'
Os participantes do reality show japonês 'The Boyfriend' Imagem: Netflix/Divulgação

Como funciona?

Os participantes convivem em uma casa de praia e são obrigados a trabalhar em um café num trailer. Ali, eles ganham o dinheiro que eles podem gastar nas despesas da casa e acabam criando vínculos ao longo das dinâmicas do programa, que envolvem escolher o parceiro do dia no trabalho, com quem eles querem ter um encontro, etc.

Quem são os participantes?

Ao todo, são nove homens: Alan (29), Dai (22), Gensei (34), Ikuo (22), Kazuto (27), Ryota (28), Shun (23), Taeheon (34) e Usak (36). Seis participantes são japoneses, Taeheon é sul-coreano, Gensei taiwanês e Alan é nipo-brasileiro.

Qual o objetivo do programa?

Além do óbvio, que é entreter, o programa possui um título autoexplicativo: arranjar um namorado. A maioria dos participantes foi para lá pois queria tentar encontrar alguém para iniciar um relacionamento.

Por que o sucesso?

A edição do programa além de muito bem feita, é bastante humana. Existe uma sensação de proximidade com todos e, logicamente, casais e participantes se destacam e geram grande entretenimento para o público; Dai e Shun são o casal do momento, apesar dos pesares; Kazuto, desejado por todos, desenrola subtramas com praticamente todos da casa; temos ainda uma série de encontros e desencontros, ciúmes, conversas profundas, falta de diálogo — tudo acaba envolvendo muito quem assiste.

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Splash conversou com Alan por telefone para saber como tinha sido a experiência do profissional de T.I no programa. "Fiquei muito feliz com a repercussão, nem no meu maior sonho eu esperava por isso", disse. Ele ficou sabendo do programa quando foi a uma festa LGBTQIAP+ em Tóquio, e os detalhes de sua participação foram acertados depois, por meio das redes sociais. O programa foi gravado em outubro do ano passado e estreou mundialmente no dia 9 de julho de 2024.

"Sempre quis manter a minha ligação com meu pai e o Brasil'

O programa termina nesta terça (30) e chama bastante atenção o fato de que Alan tem alma, jeito e efusividade de brasileiro, mas nunca mais voltou ao país desde que foi embora aos 2 anos de idade.

Ele conta que sempre amou muito a cultura brasileira e que nunca quis perder o contato com a família daqui, natural de Bastos, cidade do interior de São Paulo. Infelizmente, sua tia, que fazia a ponte entre ele e a avó, faleceu, e agora ele sonha em retornar ao Brasil: "Quero muito ver meu pai, sempre quis manter a minha ligação com meu pai e o Brasil". O pai de Alan, como ele mesmo conta no programa, foi preso quando ele era criança, e eles nunca mais se viram.

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Essa, aliás, é uma das grandes características do reality, que se destaca da maioria dos programas de namoro: a gente conhece as histórias de vida dos participantes e entende mais quem eles são e como se relacionam.

"Eu sou muito anitter. Amo Anitta. Luísa Sonza, Glória Groove, Marina Sena, Lud, tudo!"

Alan chegou na casa já rebolando, com a energia lá em cima, bem diferente do que esperamos de alguém que viveu a vida toda no Japão. Ele explica que viveu sempre em Nagoya, em uma comunidade com muitos brasileiros, e que sempre foi a pessoa que manteve o espírito do Brasil vivo. "Enquanto todo mundo queria se encaixar, ficar mais japonês, eu estava ouvindo É o Tchan e Exaltasamba", conta rindo.

Emocionado, ele conta que a dança brasileira mudou a vida dele. "Sofria muito bullying na escola por ser diferente. Ouvir samba, pagode, Gilberto Gil, foi muito importante para mim". Com apenas 10 anos e se sentindo muito sozinho, ele, junto com a irmã, viu na dança uma forma de se expressar e se aproximar do Brasil. "A dança me salvou no pior momento da minha vida" explica.

A importância do programa no Japão

Atualmente o programa se encontra em #1 lugar na Netflix Japão e Alan explica que, ao ser convidado para participar, gostou muito da ideia de representar quem ele realmente é; "Achei tão bonita a ideia do programa de poder mostrar quem somos". Ele comenta que relacionamentos são muito fechados por lá — tudo é muito velado, não dito. E para ele, ter a oportunidade de conhecer pessoas e trocar experiências foi incrível.

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Vale ressaltar que no Japão, a população LGBTQIAP+ tem pouquíssima proteção legal e luta constantemente por direitos, portanto representatividade importa e o sucesso do programa é bem animador.

Questionado se ele participaria novamente do programa, Alan efusivamente fala "Ixe, faria tudo de novo com certeza". Todos os integrantes ficaram próximos e seguem se falando em um grupo que eles criaram. Na próxima semana, eles irão se reunir novamente para um especial, uma festa, onde os participantes vão encontrar os comentaristas do programa. O evento irá ao ar dia 3 de agosto no Youtube da Netflix Japão.

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