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Com Tiago Abravanel, 'Hairspray' debate gordofobia e racismo no teatro

Em cartaz no Teatro Riachuelo (RJ) até 18 de agosto, "Hairspray" chega a São Paulo em setembro Imagem: Ricardo Brunini

De Splash, no Rio

03/08/2024 05h30

Em cartaz no Rio de Janeiro até 18 de agosto, a adaptação brasileira do musical "Hairspray" quer entreter e provocar reflexões contra gordofobia e racismo. A produção é ambientada nos Estados Unidos dos anos 60, época marcada pelo surgimento do feminismo e dos movimentos em favor dos negros e homossexuais.

Debates atuais

A comédia romântica acompanha a vida de Tracy Turnblad (Vânia Canto), uma jovem otimista e cheia de energia que sonha em dançar no programa de TV de sua cidade, Baltimore, mas sofre preconceito por ser gorda. Ao conquistar um lugar no show e virar uma celebridade, ela se se junta a seus amigos para lutar contra a segregação racial e promover a inclusão de todos na cidade: brancos, pretos, gordos, magros...

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Para Tiago Abravanel, que interpreta Edna Turnblad, a mãe da sonhadora Tracy, o musical segue sendo atual. Isso "porque ainda precisamos falar sobre a representatividade de corpos gordos na televisão e no protagonismo de uma história dramatúrgica".

Não só falar desses corpos gordos, mas da questão da segregação do espaço para as pessoas pretas ocuparem pelo seu talento, pela sua potência. Ainda precisamos falar sobre isso. Claro que o 'Hairspray' tenta trazer alguma leveza, porque afinal de contas é um espetáculo de entretenimento para toda a família.
Tiago Abravanel

Vânia Canto durante o musical "Hairspray", no Rio Imagem: Ricardo Brunini

O musical traz o embate entre pessoas progressistas e outras contrárias às mudanças de costumes nos Estados Unidos da década de 1960. Apesar de ser ambientado há 60 anos, traz diálogos que ainda são vistos por aí, além de personagens carismáticos e referências à cultura pop brasileira, citando a saída de Faustão da Globo, o Teleton, a empresária Marlene Mattos e até as novelas do SBT. "As pessoas vêm aqui e acham que é dublado. Não é dublado não, gente. Não é novela do SBT", diz Tiago, arrancando gargalhas da plateia entre uma cena e outra.

É um entretenimento inteligente e pensante. A gente fala sobre temas importantes da nossa sociedade, mas com muito entretenimento, música e dança. Músicas que não saem da cabeça. Você sai realmente revigorado após assistir 'Hairspray', com tanto de brilho, coro e piada. É uma comédia musical que agrada demais o público, com excelentes atores. Tô muito feliz com a qualidade artística que a gente tem.
Tinno Zani, diretor musical

Cena do musical "Hairspray" Imagem: Ricardo Brunini

Preparação

Tiago conta que, sem dúvidas, "Hairspray" é um projeto que sempre sonhou fazer, desde que conheceu o espetáculo da Broadway, lançado em 2002, quando cursava teatro musical. Na ocasião, viveu a Edna de maneira amadora. Anos depois, em 2009, foi substituto de Edson Celulari em montagem feita em São Paulo. Depois, chegou ao projeto atual, que é uma idealização dele ao lado de Antonia Prado, Rafael Villar e Tinno Zani. "Realizo esse sonho em todos os âmbitos: produzindo, dirigindo e atuando", reforça Tiago.

Feliz de representar uma mulher gorda no teatro, ele conta que teve um longo processo para chegar à personagem, utilizando referências de pessoas da época. "Só de ensaio foram dois meses. Dentro do ritual para entrar com ela em cena, [há] todo o processo de maquiagem. É muito engraçado: minha afeição e minha energia vão mudando, como se a personagem fosse chegando a cada nova camada de maquiagem, enchimentos, roupa, peruca, adereços, unha, óculos..."

Aline Cunha durante o musical "Hairspray" Imagem: Ricardo Brunini

Os diretos do musical foram comprados em 2020, ano em que a pandemia atingiu o mundo inteiro e paralisou as produções artísticas. A emergência de saúde atrasou o início da produção e a captação de patrocínio — o que é um desafio quando se fala da montagem de um musical que teve mais de 300 profissionais envolvidos desde o início da produção, conta Zani.

Produção desembarca em São Paulo no dia 5 de setembro, no Teatro Renault. "É um desafio fazer turnê. Os espetáculos ainda ficam no eixo Rio e São Paulo. É uma logística complexa. Mais de 300 figurinos, mais de 150 perucas e 100 pessoas entre elenco e equipe [atrás dos palcos]. É um desafio levar as próximas produções para outras praças."

Cena do musical "Hairspray" Imagem: Ricardo Brunini

SERVIÇO - "Hairspray" no Rio de Janeiro

  • Quando: até 18 de agosto
  • Onde: Teatro Riachuelo (Rua do Passeio, 38/40 - Centro)
  • Horários: quintas e sextas, 20h; sábados, 16h e 20h; domingos, 15h e 19h
  • Preços: de R$ 39,50 (meia-entrada no balcão superior) até R$ 350 (inteira na plateia VIP)
  • Ingressos via Sympla (com taxa de conveniência) ou na bilheteria do teatro

SERVIÇO - "Hairspray" em São Paulo

  • Estreia: 5 de setembro
  • Onde: Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista)
  • Horários: quintas e sextas, 20h; sábados, 16h e 20h; domingos, 15h e 19h
  • Preços: de R$ 19,80 (meia-entrada no balcão premium) até R$ 350 (inteira na plateia VIP)
  • Ingressos via Tickets For Fun (com taxa de conveniência) ou na bilheteria do teatro

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