K-pop sem K: empresas investem em grupos ocidentais para atuar fora da Ásia
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A SM Entertainment, uma das maiores empresas da indústria do k-pop, apresentou oficialmente seu mais novo projeto: o grupo britânico Dear Alice, formado em parceria com a empresa britânica Moon&Back media.
Enquanto a Moon&Back fez todo processo de audições e escolha dos membros, a SM ficou encarregada das produções musicais, MVs e coreografias.
O mais peculiar desse projeto é que ele foi intitulado "Made in Korea: The K-pop Experience", com uma série na BBC One que mostra o processo de formação de um grupo britânico no sistema de idols de k-pop.
Com seis integrantes, cujos nomes não poderiam ser mais britânicos (James, Dexter, Olly, Reese e Blaise), todos nascidos entre 2001 e 2005, Dear Alice é basicamente um grupo de pop ocidental supervisionado por produtores e artistas sul-coreanos.
A movimentação cada vez maior de empresas de k-pop em busca de firmar parcerias internacionais com gravadoras ocidentais chama atenção com os lançamentos recentes de grupos como VCHA e Katseye, administradas pela JYP e HYBE, respectivamente.
As duas empresas, inclusive, criam filiais na América Latina, especificamente no México, para expandir ainda mais fora da Ásia, com foco no mercado latino (que é gigantesco, vide o sucesso do reggaeton). A própria SM havia dado pistas que lançaria uma unit da NCT, a Hollywood, formada por integrantes não asiáticos.
A ideia foi abandonada pelo caminho com NCT 127, NCT Dream e RIIZE se tornando grupos fixos (antes os membros circulavam entre esses três grupos em experimentos de units e formações). Fica o questionamento se existe razão de vender um grupo de pop normal como "experiência do k-pop", principalmente quando ele se parece tanto com vários grupos ocidentais conhecidos.
VCHA já veio ao Brasil
Formado em uma parceria entre a JYP e a Republic Records no reality show A2K: America to Korea, o VCHA debutou oficialmente no início de 2024, com "Girls of the Year". O grupo abriu os shows da turnê mundial do Twice, em São Paulo, Las Vegas e Cidade do México. Nenhuma integrante é nascida na Coreia.
O objetivo da JYP é expandir cada vez mais o k-pop para outros países, conquistar outros mercados e utilizar o sistema de idols sul-coreanos em mercados internacionais. As gravadoras ocidentais estão realmente dispostas a embarcar nesse movimento.
Ideia não é muito bem aceita
A recepção do público que consome k-pop desses grupos internacionais ainda é bastante dividida. A ideia de criar programas para apresentar esses artistas ajuda a criar mais empatia e conexão com os fãs, mas ainda não há uma ideia muito clara do que, afinal, existe de k-pop nesses grupos, além do investimento financeiro.
Por não ter membros asiáticos, o apelo na Ásia é pequeno, e por ser atrelado ao k-pop, cujo preconceito ainda é grande, não atrai fãs de pop (divas, boybands, etc). Ainda no início, os projetos precisam de um marketing melhor.
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