Sem dinheiro e menos fila: Comparamos a San Diego Comic-Con com a CCXP
A San Diego Comic-Con de 2024 aconteceu entre os dias 25 e 28 de julho e reuniu milhares de pessoas no município californiano. Com uma média de 130 mil pessoas de público, o maior evento de cultura pop do mundo é concentrado no Centro de Convenções, com 42 mil m², mas a realidade é que ele se torna algo muito maior e toma conta de toda a cidade.
No entanto, os brasileiros têm um evento nerd para chamar de seu: a CCXP, nome o qual é justamente derivado de Comic-Con Experience, algo como "uma experiência de Comic-Con", lançada em 2014 e hoje com 100 mil m².
Splash esteve presente em todas as edições da CCXP e, este ano, visitou a SDCC. Veja a nossa comparação das duas abaixo.
Credenciais
Na San Diego Comic-Con, você recebe uma credencial com um chip interno, mas não há nada de espetacular no visual. Para entrar e sair do evento e dos painéis, é preciso encostar a credencial em uma espécie de totem. Ela também é usada para controlar brindes, mas falaremos mais sobre isso abaixo.
Na CCXP você recebe uma credencial temática de diferentes produções do mundo nerd, como "The Boys", que se tornam uma espécie de colecionável. Para entrar, é escaneado um QR code.
Filas
As temidas filas da SDCC são bastante diferentes do que é encontrado no Brasil. No evento americano, não é possível fazer as filas quilométricas a torto e a direito. Elas existem, é claro, mas é preciso de organização: elas são formadas no meio de corredores e com sinalização. Caso mais pessoas cheguem, a fila é fechada e reaberta apenas quando o número diminuir.
Vale dizer que estamos falando de filas no Centro de Convenções de San Diego, que envolvem as ativações internas e lojas. Os painéis formam filas à parte, principalmente o Hall H, o maior e mais importante.
Na CCXP, as filas para as ativações e lojas são enormes, mas com o passar dos anos, foi adotado um sistema de agendamento, principalmente para as ações. Assim, as pessoas ficam menos tempo em filas e podem mais aproveitar o entorno.
Painéis
A SDCC ficou conhecida por ser o local onde grandes anúncios são feitos. Principalmente no Hall H, o maior auditório da feira, que comporta até 6 mil pessoas. Em 2024, foi nele revelado o bombástico retorno de Robert Downey Jr. para a Marvel e a nova séries derivada de "The Boys", "Vought Rising". Para entrar, os fãs passam mais de três dias na fila.
Na CCXP, os anúncios não têm tanta força. Por aqui, o maior painel é o Thunder, onde cabem 3500 pessoas. É nele que trailers são revelados. É comum que pessoas virem a noite para garantir um lugar.
Famosos
Neste quesito, a briga é acirrada entre CCXP e SDCC.
Em 2023, a CCXP recebeu: Zendaya, Chris Hemsworth, Jason Momoa, Timothée Chalamet, Anya Taylor-Joy, Kurt Russell, Jodie Foster, Austin Butler, Zack Snyder, Bruce Dickinson, Charlie Hunnam, Florence Pugh, Joseph Morgan entre muitos outros.
Já a SDCC 2024 contou com: elenco de "The Boys" e de "O Senhor dos Anéis: Anéis do Poder", Chris Hemsworth, Keanu Reeves, Harrison Ford, Kevin Feige, Florence Pugh, Giancarlo Esposito, Sebastian Stan, Hannah John-Kamen, Wyatt Russell, David Harbour, Robert Downey Jr., Hugh Jackman, Ryan Reynolds e muito mais. É muita gente, mesmo.
Ativações
A CCXP, como o próprio nome sugere, é feita para a experiência. São diversos estandes de estúdios e marcas que oferecem ativações para que o público viva as produções. O capricho e o dinheiro investido são grandes, assim como a procura pelos visitantes.
A SDCC se difere, pois as ativações acontecem não apenas no pavilhão - essas mais simples -, mas também fora centro de convenção. As principais ruas, como a 5ª Avenida, se tornam uma continuação da feira, com bares temáticos, festas e atrações.
Brindes
Os favoritos de todos, não mentiremos: os brindes.
Na SDCC, você ganha coisas a todo tempo. Acontece de você ser parado por alguém e ganhar uma caneta, um pin ou até mesmo um quadrinho, ou livro. Há ainda diversos estandes, ativações e bancas de quadrinistas distribuindo presentinhos. Para controlar a distribuição e ninguém ficar sem, é comum que as credenciais sejam escaneadas.
Os mimos já começam quando você retira a credencial: vem uma mala gigante para colocar todas as compras e brindes.
Sejamos justos: também há mimos na CCXP. No entanto, é preciso enfrentar diversas filas demoradas e acontece de eles acabarem. Para os que conseguem, porém, são brindes bem legais, como mochilas, camisetas, bonés e pôsteres.
Comida
Neste quesito, a CCXP ganha de lavada. As opções no São Paulo Expo são muito variadas. Há comida para todos os gostos e bolsos.
A San Diego Comic-Con é pobre em diversidade: apenas combos de hambúrgueres (de gosto questionável), pizzas e pretzels. A lanchonete é interna do evento e o valor é fixo.
Dinheiro
Algo que chama a atenção na SDCC é a negação de ao dinheiro físico. Diversas lojas não aceitam notas e moedas, só cartões e FedNow, uma espécie de PIX americano.
Na versão brasuca, não tem isso. Você pode pagar como achar melhor, nas lojas. Mas, vale dizer: o artigo 43 da Lei das Contravenções Penais obriga os estabelecimentos a aceitarem pagamento em dinheiro na moeda corrente do Brasil; a recusa pode gerar multa.
HQs
Um dos lugares adorados da CCXP é o Artists' Valley, onde artistas se reúnem para exibir seus trabalhos. Em 2023, a convenção recebeu 500 convidados.
Agora, a SDCC respira quadrinhos. São muitas lojas, artistas e homenagens feitas às HQs. O Artists' Alley conta com mais de cem expositores — menos que na CCXP —, mas lojas de quadrinhos expõem seus catálogos e a cada corredor é possível encontrar milhares de edições diferentes, desde as raras, às mais vendidas.
Balanço final
Não tem como, a SDCC é a maior do mundo. A cidade se torna parte do evento e até mesmo os transportes e ruas são modificados para receber a feira. No entanto, estamos falando de um evento que começou em 1970, e é injusto achar que a CCXP iria, de uma hora para outra, superar em todos os quesitos.
A versão brasileira tem ganhado cada vez mais relevância e, durante a passagem de Splash por lá, foi comum ouvir artistas, expositores e visitantes dizendo: "Quero muito conhecer a CCXP!". Estamos chegando lá.
*A repórter viajou a convite do Prime Video