Ex-Chiquititas: 'Com uma propaganda ganhava salário de 6 meses do meu pai'
Pierre Bittencourt, 40, está marcado na história da TV brasileira pelo papel do órfão Mosca na primeira versão de "Chiquititas" (1997 - 2001). Envolvido com o universo artístico desde criança, o artista coleciona trabalhos de renome em comerciais, filmes, novelas, séries e, atualmente, como dublador.
Com exclusividade ao Splash Encontra, o ator abriu o coração para relembrar os primeiros passos no mundo da TV, os bastidores de "Chiquititas", os lucros com os trabalhos publicitários e a entrada no mundo da dublagem. Ele ainda desmentiu a história de que teria enfrentado um período de alcoolismo na vida.
O que Pierre Bittencourt disse
Ele deu o pontapé em sua história na TV aos quatro anos via comerciais. "Comecei na publicidade vendendo de tudo pra crianças. Como sempre fui um cara muito bom de fala, sempre me comuniquei bem e acabou dando bastante certo. [Vendia] brinquedos, chiclete, roupa... Vendendo loja de atacado e jogos de tabuleiro nos comerciais.
Com seis anos surgiu meu primeiro filme, que foi "Perfume de Gardênia", onde fazia o filho do Zé Mayer com a Cristiane Torloni. Uma bênção você já começar a carreira no cinema aos seis e sendo filho dos dois. Fiz só o início do filme, o personagem crescia depois, mas essa foi a primeira experiência no cinema.
Paixão da mãe pelo mundo da TV foi o incentivo para Pierre mergulhar na carreira de ator. "Não tenho outra explicação, a não ser o próprio destino. São as coisas que têm que acontecer na vida da pessoa e a gente não tem como explicar. Não sei se é predestinado o nome... Minha mãe sempre gostou muito da televisão, até porque acho que era o único veículo que a gente tinha e ela foi contagiada por essa magia."
Oportunidade em "Chiquititas" aconteceu após ator emplacar uma série de trabalhos no teatro e na "Praça É Nossa" (SBT) dos 9 aos 12 anos. "[Fui] o primeiro Chiquitito de verdade. A entrada foi por teste, era um projeto novo, ninguém sabia o que era. O Silvio chamou todas as agências de São Paulo e falou: 'Quero conhecer todas as crianças da cidade. Vamos escolher um elenco pra próxima novela'. Ninguém sabia o que era, mas ele já sabia porque era um sucesso estrondoso na Argentina".
Novela já tinha um ano lá, tava estourada, era uma febre. O Silvio quis que a gente fizesse a mesma coisa em português e mandaram a gente pra gravar na Argentina, porque a estrutura já tava montada. Nada mais óbvio do que mandar o elenco pra lá.
Faturamento com trabalho na novela e publicidade era "muito bom" para um jovem. "Não cheguei a ser o arrimo de família porque o meu pai sempre batalhou pra me dar o sustento e pagar as contas de casa, mas eu ganhava muito bem. Ganhava numa publicidade o que meu pai não ganharia em seis meses trabalhando, levantando três horas da manhã, pegando busão debaixo de chuva pra fazer segurança e colocando em risco a própria vida".
Na publicidade, é tudo muito variável, mas vamos colocar aqui uma criança pra vender um chocolate, ter a imagem vinculada com aquilo durante um período de seis meses e pagar R$ 30 mil pra essa criança. É uma grana considerável.
Vida pós-"Chiquititas" teve trabalhos em novelas — como "A Pequena Travessa" (SBT) e "Água na Boca" (Band) —, peças de teatro e a entrada no mundo da dublagem. "Dublagem veio pelo teatro. Tava numa peça que não tinha muita visibilidade e ali tinham alguns dubladores no elenco. Um desses mestres da dublagem me convidou pra fazer um estágio pra entender como funcionava, pessoal gostou de mim e fiz o registro de voz."
Trabalhos como dublador colocaram Pierre Bittencourt em destaque em desenhos, filmes e séries de renome. "Tem um cara que eu acho que é muito legal, o Gary do 'Final Space' (Netflix), que é um desenho e ele fala muito rápido. O Simon de 'Bridgerton' (Netflix) foi um baita de um produto legal e ele é especial, é o Duque. Depois, acabamos indo pra 'Dungeons & Dragons'". No filme de fantasia, o ator dublou Xenk, outro personagem vivido por Regé-Jean Page, intérprete do Duque.
Decisão de parar de ingerir bebida alcoólica nunca teve relação com alcoolismo, segundo Pierre. "Decidi parar de beber por um tempo porque estava me conhecendo melhor. Onde tem alcoolismo nessa história? Tem um alcoolismo do jeito que a palavra sugere? Não, isso nunca existiu. O que existiu foi uma determinação de minha parte de me entender melhor e cortar os possíveis anestésicos das minhas próprias condições psicológicas e emocionais".
Tinha 30 anos e vivia essa vida da Babilônia, da farra, da bagunça, da festa. Vivia esse rolê, tava vendo a vida passar e falei: 'Poxa, quero me estabilizar financeiramente, romanticamente, emocionalmente, psicologicamente e fisicamente'. Estava tudo muito desregulado e bagunçado... Álcool representava uma certa fuga até pra determinados assuntos e determinadas questões que você vive na sua vida. Me vi nesse ciclo de não conseguir encarar de frente muitas questões e através da ayahuasca consegui me aproximar disso tudo.
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Quero receberAlém dos trabalhos como dublador e participações na "Praça É Nossa" (SBT), ator está entrando para o mundo do YouTube. "Acho que a gente vai fazer um produtinho que tenha um sabor diferente dentro de tanta coisa que a gente consome na internet".
*** Entrevista completa está disponível no player acima e no canal do YouTube de Splash. O Splash Encontra já conversou com personalidade como Sônia Lima, Felipe Folgosi, Chiquinho, ex-assistente de palco da Eliana, Jackeline Petkovic e Dani Souza, a eterna Mulher Samambaia do Pânico na TV.
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