Réu por racismo contra Taís Araújo foi condenado por homicídio e é foragido

O empresário Celso Henrique de Oliveira Yamashita, que em abril virou réu por crime de racismo contra a atriz Taís Araújo, 45, foi condenado em 2009 a quase 11 anos de prisão por um homicídio, mas nunca foi preso.

O que aconteceu

Yamashita foi denunciado por homicídio doloso — quando há a intenção de matar— em 1996. O crime aconteceu três anos antes, em 1993, segundo o processo disponibilizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Os detalhes do crime estão em segredo de Justiça — por isso, não foi divulgado o nome da vítima.

A pena definida na condenação em 2009 foi de 10 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado. A decisão foi assinada pela juíza Carolina Marchiori Bueno Cocenzo. Porém, não há registro da prisão de Celso, informou a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado.

O empresário falou com Splash e informou que mora no Japão há 30 anos, onde atua no ramo alimentício. Ele mudou para o país asiático em 1994, um ano após cometer o crime pelo qual foi condenado. Ele não escolheu um advogado para representá-lo no caso, mas foi defendido por um profissional da Defensoria Pública do Estado.

A defesa conseguiu um habeas corpus em 2019. Com a liminar, empresário encerrou período de 19 anos foragido (desde o período da solicitação de prisão preventiva). "Não tenho nada para comentar. Já foi julgado", disse o empresário à reportagem ao ser questionado sobre caso.

O Ministério Público solicitou novamente que Yamashita seja preso pelo caso de homicídio, e o pedido foi aceito pela Justiça. Em contato com Splash, o MP-SP confirmou que o novo mandado de prisão está em aberto —significa que Yamashita será preso caso seja encontrado. O empresário foi intimado, mas não foi encontrado em nenhum dos endereços informados à Justiça. Com este novo mandado de prisão, o habeas corpus cedido em 2019 perdeu a validade.

Yamashita confirmou ter sido notificado sobre o novo mandado de prisão. Splash localizou o empresário por meio de um telefone listado na ação que denunciou suposto racismo contra Taís Araújo. Ele diz que não tem nenhuma intenção de voltar ao Brasil.

Eu não estou no Brasil. Vão exigir o quê?
Celso Yamashita, para Splash, após confirmar ter sido notificado sobre novo mandado de prisão expedido em 2024

A prescrição da sentença se dará em 24 de agosto de 2025, segundo o MP. "Não havendo notícias do paradeiro do réu, aguardo eventual prisão ou o decurso do prazo prescricional", diz o último posicionamento oficial do Ministério Público.

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Brasil e Japão têm acordo de extradição de condenados. Retorno de Yamashita ao país pode ser solicitado em decorrência do mandado de prisão no caso de homicídio. O mesmo pode acontecer caso empresário seja condenado por racismo contra Taís Araújo.

Fala racista

É uma infeliz. Maldita Princesa Isabel.
Celso Yamashita em comentário sobre vídeo de Taís Araújo

A Justiça de São Paulo aceitou recentemente a denúncia feita pelo Ministério Público contra Celso Yamashita. A acusação é de crime de racismo em 2022 ao comentar um vídeo em que a atriz criticou o então presente Jair Bolsonaro.

Comentário foi feito em grupo de WhatsApp de condomínio em São José do Rio Preto (SP). Indignado com manifestação, um morador enviou queixa ao Ministério Público, que requisitou a realização de uma investigação. Informações foram divulgadas por Rogério Gentile, colunista do UOL. Para Splash, o empresário disse que nunca morou no condomínio. "Meus filhos estavam no Brasil para estudar", explicou.

Defesa do empresário disse se tratar de uma "brincadeira". "Celso Yamashita, dotado de bom humor, ainda que sarcástico, escreveu uma frase totalmente inocente, sem maldade", argumentou o advogado Mamede Rahal Neto em registro do inquérito policial.

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Celso Yamashita também comentou acusação em entrevista para Splash. "É coisa política. Eu estava em um grupo com um punhado de petistas. Não teve comentário racista. Não falei da cor de ninguém. Só falei mal da Taís porque ela falou mal do Bolsonaro". Reportagem também procurou Mamede Rahal Neto, atual advogado do empresário, que optou por não falar sem a autorização de Yamashita.

Em denúncia, promotora Vanessa Santa Terra disse que empresário fez "clara reprovação à Lei Áurea", que aboliu a escravidão no Brasil. "Dando a entender que, "se a lei não tivesse sido aprovada, a pessoa negra, escravizada por mais de 350 anos no Brasil, não poderia emitir sua opinião."

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