Gilberto Gil detalha turnê que marca despedida dos palcos; veja datas

Turnê começa em 15 de março do próximo ano, por uma escolha de Gil e equipe. "Foi uma decisão de todos, como foi a decisão de escolher o nome, reunir esses vários conceitos para determinar o perfil da excursão. Foi feito em conjunto. Foram eu e eles que decidimos que deveríamos começar por Salvador", contou o cantor.

Flora Gil, esposa do músico, ressaltou que não será usada nenhuma lei de incentivo à cultura na turnê. "Não queríamos usar leis de incentivo, nem municipais, nem estaduais, nem federais. A maioria aqui já deve saber o motivo. A fofocada, as piadinhas. Apesar de que, se existe lei de benefício à cultura, ela deve ser usada".

Direção artística da turnê é de Rafael Dragaud. O profissional, que ocupou o cargo de diretor-executivo de variedades da Globo, deixou a emissora em dezembro de 2023. Vale lembrar que não é a primeira vez que o diretor trabalha com Gil. Em 2011, ele foi um dos responsáveis por comandar o especial "Ivete, Gil e Caetano".

É um show que representa uma visão de Brasil. É um show brasileiro. É um cara que colocou na música a vida dele. São seis décadas. Acho que o público pode esperar uma revisão dessas seis décadas. Ele tem muitas visões sobre o tempo. Todo mundo quer ver e escutar a história de Gilberto Gil.

'A turnê mais importante da história do Brasil'

Projeto é resultado da parceria entre a Gege Produções e a 30e, empresa que esteve no centro de uma polêmica em maio deste ano. À época, Ivete Sangalo e Ludmilla anunciaram o cancelamento de suas respectivas turnês porque a produtora teria descumprido parte dos contratos assinados.

Pepeu Correa, CEO da 30, afirmou que essa é, sem dúvidas, a turnê mais importante da história do Brasil. "É um prazer estarr trabalhando com o Gilberto. Estamos super animados, são as principais cidades do Brasil. É a maior turnê que estamos fazendo na nossa história. Toda a nossa equipe está empenhada. A turnê se encerra no fim de 2025."

Datas dos shows em 2025

Origem, carreira e política

Gil nasceu em Salvador (BA) em 1942. O interesse pela música começou ainda na infância. Aos 10 anos, ele aprendeu a tocar acordeão — inspirado por Luiz Gonzaga. Aos 19 anos, o artista integrou a banda instrumental "Os Desafinados".

O músico lançou o primeiro EP, intitulado "Gilberto Gil", em 1963. À época, ele também conheceu o amigo Caetano Veloso.

Compositor começou a ganhar destaque no programa "O Fino da Bossa" — atração apresentada por Elis Regina. Em 1966, ele decide deixar o emprego para se dedicar à música.

Em 1967, Gil ficou em segundo lugar no Festival de Música Popular Brasileira com a canção "Domingo no Parque". A música é considerada o ponto inicial do Tropicalismo, movimento que criou ao lado de Torquato Neto, Caetano, Gal Costa, Os Mutantes e Tom Zé.

O artista foi preso pelos militares sob a acusação de "incitar a juventude à rebeldia", dias depois da decretação do Ato Institucional nº5. Antes de se exilar em Londres, ele compôs a canção "Aquele Abraço". Foi nessa época que entrou em contato com músicos do reggae, o que acaba refletindo na produção artística de Gil quando ele volta ao Brasil.

Anos depois, o cantor se juntou a Caetano, Bethânia e Gal para a criação do grupo "Doces Bárbaros". A carreira do compositor é marcada por grandes sucessos, a exemplo de "Esperando na Janela", "Andar Com Fé", "Refavela" e "Se Eu Quiser Falar com Deus".

Gil também construiu uma trajetória política. Ele foi vereador em Salvador, em 1980, e ministro da Cultura de 2003 e 2008, durante o governo Lula. O artista também foi eleito "imortal" da Academia Brasileira de Letras.