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Muito além da imagem na TV, Caçulinha teve Elis e João Gilberto como fãs

Pequeno, boa-praça, piadista e sempre pronto a disparar com os dedos no teclado qualquer música que a situação exigia. A atuação de Caçulinha no programa dominical do Faustão por quase 20 anos moldou a imagem que a maioria do público brasileiro tem do pianista. Mas ele foi, antes disso, e muito além disso, um grande nome da música nacional.

Rubens Antônio da Silva, nascido na cidade de Piracicaba, em 1940, desde garotinho acompanhava o pai, Mariano, e o tio, Caçula, dupla de violeiros de respeito em sua região. O menino começou a tocar diante do público aos oito anos. Adolescente, ele viu o tio desistir da dupla e passou a se apresentar com o pai. A atração mudou o nome para Mariano & Caçulinha. Ou seja, não era um apelido de criança, mas sim um nome artístico.

Seu primeiro disco sozinho veio aos 19 anos, o primeiro numa carreira de 31 álbuns. Ele escrevia as canções, tocava vários instrumentos e se arriscava nos vocais. Suas composições começaram a ganhar as paradas nas vozes de grandes artistas da época, e sua agenda passou a ser lotada de participações em discos e shows de nomes famosos.

O conhecimento musical de Caçulinha era inegável. Seus colegas elogiavam sua técnica e sua grande memória para armazenar canções. Para se ter uma ideia dessa adoração, basta dizer que dois de seus fãs declarados eram Elis Regina e João Gilberto, artistas que o mundo inteiro reconhece por sua extrema exigência com quem trabalhava ao lado deles. João Gilberto disse certa vez que lamentava Caçulinha não ter se dedicado mais à bossa nova, pois certamente iria conduzir o gênero a um nível ainda mais complexo.

Em 1965, quando a TV Record começava uma fase gloriosa com inúmeros programas que levavam a música popular à televisão, Caçulinha foi contratado para "O Fino da Bossa". Campeão de audiência na emissora, era apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Nos anos seguintes, ele passou por outros musicais da casa, como "Bossaudade" e o lendário "Esta Noite se Improvisa".

A popularidade na TV deu um bom empurrão nas vendas de seus discos, que eram lançados por Caçulinha e Seu Conjunto, grupo que ele tinha montado no início da década. O sucesso dos dois álbuns lançados em 1968 e 1969 valorizou seu passe junto às gravadoras, e ele trocou a Odeon pela Copacabana por uma boa compensação financeira.

Na nova casa, emendou dois trabalhos criativos, indicados aos principais prêmios da época, e extremamente populares, "Caçulinha Aponta o Sucesso" (1970) e "Caçulinha na Onda do Sucesso" (1972). Nesse período, eles e seus músicos passaram a se apresentar como Caçulinha e Seu Conjunto de Baile. Um nome totalmente justificado. Sua formação no palco e o direcionamento do repertório praticamente eram uma cartilha para todo mundo que queria naquela época montar o seu próprio grupo para animar festas dançantes.

O ritmo dos lançamentos fonográficos diminui muito nos anos seguintes, com ele dedicando a maior parte de seu tempo a eventos, trilhas sonoras e outros pedidos do mercado. Nos anos 1980, lançou apenas um álbum, mas é preciso reconhecer que foi um dos grandes momentos de sua carreira. "Clássicos do Sertão", que saiu em 1981 pela gravadora CBS, reúne belíssimas releituras de canções que faziam parte de sua vida desde criança. Foi praticamente uma homenagem ao pai e ao tio.

Naquela época, apresentou na Bandeirantes o programa próprio, "Caçulinha Entre Amigos". A partir de 1986, com a mudança do "Perdidos na Noite" da Record para a Band, começou sua longa relação com Fausto Silva. O apresentador depois levaria praticamente toda a sua equipe para a Globo em 1989, e Caçulinha foi junto.

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Com a demanda de trabalho na TV, seus trabalhos em disco minguaram. No período com Faustão, foram apenas três álbuns: "Caçulinha", 1993, pela RGE, e "Caçulinha na Bossa Nova" (2005) e "Caçulinha no Arraiá" (2006), projetos de releituras pelo selo MZA, do produtor Marco Mazzola. Eles não tiveram grande repercussão.

Após deixar o "Domingão" por críticas a Fausto Silva, em 2009, continuou com trabalhos pontuais na Globo até 2014. No ano seguinte, começou a participar do "Todo Seu", da TV Gazeta, onde ele se sentava ao piano para tocar músicas nostálgicas e contar casos curiosos de sua carreira ao apresentador, Ronnie Von.

Assim foi a vida de Caçulinha, seja diante das câmeras, nos palcos ou dentro dos estúdios de gravação: um homem simpático e um músico muito talentoso, cercado de grandes amizades.

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