Karim Aïnouz aproxima roteiristas do Norte e Nordeste de Cannes; entenda

Cria do cinema cearense, Karim Aïnouz é engajado na formação de roteiristas nacionais e, no mais recente projeto, aproxima realizadores brasileiros do Festival de Cinema de Cannes.

Trata-se do "Factory des Cinéastes", projeto francês que visa destacar cineastas internacionais e que já passou por Taiwan, Dinamarca e Chile — e agora mira o Brasil. Nele, quatro projetos audiovisuais brasileiros serão selecionados, sendo dois do Ceará, um de toda a região Nordeste e outro do Norte.

Com Karim como patrono, o projeto garante que teremos um brasileiro no próximo Festival de Cinema de Cannes. Vale lembrar que Karim esteve no festival deste ano com seu mais recente longa, "Motel Destino". "Me sinto honrado", diz o diretor. "É uma continuidade de um trabalho que temos feito no Ceará há anos, com o Porto Iracema das Artes, uma escola de formação de roteiristas".

A intenção do projeto, segundo ele, é posicionar a nova geração de roteiristas nacionais em um "lugar ideal para a troca" a nível criativo e de mercado. "É uma espécie de primeiro passo para cineastas que querem fazer longa metragem", explica.

A montagem dos curtas será acompanhada por outros realizadores, que já passaram pelo projeto de fazer curtas-metragens. "O projeto não só é lindo por permitir essas novas vozes brasileiras no festival de Cannes, mas também pelo trabalho de colaboração entre realizadores", diz Karim. "A gente não faz cinema sozinho".

Para se inscrever, é preciso ter entre 25 e 40 anos, ser das regiões Norte ou Nordeste, falar inglês e ter dirigido pelo menos um curta-metragem — e, no máximo, um primeiro longa metragem ou documentário. "No fim, estaremos acompanhando a realização de quatro curtas metragens", explica Karim. "Fico feliz, porque é a primeira vez que temos um 'spotlight' nessa região do Brasil internacionalmente. É uma parte que sempre esteve um pouco de lado; enquanto o cinema do Sul e Sudeste é mais presente".

Esta é uma oportunidade única de realizadores dessa região mostrarem seu trabalho para o mundo, diz Karim, e entrarem na vitrine do cinema mundial. "É importante dividir o que a gente aprendeu e estimular a nova geração. É importante que o cinema brasileiro esteja no festival de Cannes, em outros festivais do mundo, mas também nas salas de cinema do mundo todo, como vemos com os coreanos e franceses (...) Porque o grande público merece o cinema brasileiro".

Investir no Ceará é dever cívico, diz Karim

Karim Aïnouz explica que assumir esses projetos e focar no Ceará é "quase um dever cívico". "Quando comecei a fazer cinema, lembro que tínhamos uma sensação de isolamento muito grande no Nordeste. As instituições de formação eram muito poucas, precárias", lembra.

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"Existe uma curiosidade e um amor imenso sobre o cinema brasileiro, e estou feliz por podermos colocar o Norte e Nordeste no mapa, ainda mais em Cannes", diz. "[Internacionalmente] Existe um desejo gigante de saber mais sobre o Brasil".

O diretor ainda defende que o Ceará tem uma "cultura profundamente rica" e uma mitologia a e jeito de falar "muito próprios" — e que o cinema só tem a ganhar com mais roteiristas com essas origens.

  • Assista à íntegra do Plano Geral:

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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