Gilberto Gil: De onde vem dinheiro para turnê de despedida?

A turnê "Tempo Rei", que marca a despedida de Gilberto Gil dos palcos, não contará com leis de incentivo à cultura. O projeto buscou patrocinadores para evitar desinformação e "piadinhas" em relação às leis.

Para fazer esse projeto de 60 e tantos anos de carreira [de Gil], uma última turnê, não conseguiríamos fazer tudo sozinhos. Buscamos patrocinadores e marcas que fizessem sentido para ele. Não queríamos usar leis de incentivo, nem municipais, nem estaduais, nem federais. A maioria aqui já deve saber o motivo. Flora Gil, mulher e empresária do compositor

O motivo? "As fofocas", respondeu Gil, durante evento que apresentou detalhes da turnê à imprensa. "A fofocada, as piadinhas. Apesar de que, se existe lei de benefício à cultura, ela deve ser usada", completou Flora.

Turnê, que vai passar por grandes cidades do Brasil em 2025, conta com o patrocínio de Banco do Brasil, Rolex, Correios e Estrella Galicia.

Turnê de Gil vai passar por grandes cidades brasileiras em 2025
Turnê de Gil vai passar por grandes cidades brasileiras em 2025 Imagem: Brazil News

A decisão de deixar a rotina de shows aconteceu de forma natural, conforme explicou o músico. A exemplo do que já fez Milton Nascimento, ele pretende continuar na música, mas em outro ritmo.

Houve reflexão sobre este mercado e também sobre a exigência física necessária para esses grandes shows. Quero continuar fazendo música em outro ritmo, mas, antes, teremos essa celebração bonita junto do público e da família. Gil

Gil e a Lei Rouanet

Em 2017, a Gege Produções precisou ir à Justiça após o Ministério da Cultura, durante a gestão de Sergio Sá Leitão, rejeitar as contas de um show realizado em 2010. A empresa, que é comandada por Flora Gil, é a responsável por administrar a carreira do músico.

Continua após a publicidade

A equipe do artista, porém, provou que o show aconteceu — inclusive com a captação de um DVD — e conseguiu que a União Federal aprovasse as contas. A Gege também atestou que havia devolvido 10% dos recursos captados que não foram utilizados durante a execução do projeto.

Gilberto Gil durante palestra no evento Rio2C
Gilberto Gil durante palestra no evento Rio2C Imagem: Divulgação

O músico fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2023, durante participação no Rio2C. À época, o artista disse que o político demonizou e perseguiu as leis de incentivo à cultura.

A Lei Rouanet é a mais polêmica, sujeita ao escrutínio permanente do mercado e do consumidor. A lei vem sendo objeto de constante revisão e aprimoramento pelos governos, com exceção do último governo que demonizou as leis de incentivo. Interrompeu o diálogo entre governo e sociedade.

Afinal, o que é a Lei Rouanet?

Criada em 1991, no governo Fernando Collor, a Lei Rouanet concede incentivos fiscais a pessoas físicas e empresas privadas patrocinadoras de produtos ou serviços na área da cultura.

Continua após a publicidade

A aprovação no Ministério da Cultura, no entanto, não garante a captação nem a execução do projeto, que fica a cargo dos proponentes.

A captação é feita por renúncia fiscal. Ou seja, é uma reorganização de imposto, que seria pago aos cofres públicos, mas é direcionado a produções artísticas.

27 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Alexandre Begalli Neto

Banco do Brasil e Correios, entre os patrocinadores, logo tem dinheiro público sim senhor. Parabéns aos correntistas do banco e para aqueles que ainda usam os Correios.

Denunciar

Adriano Martins

não precisa vir para são paulo por favor 

Denunciar

Antonio Carlos de Abreu

"Evitar fofoca"? Em 60 anos não fez nenhuma poupança ou investimento para o ato final. Sujeito despreparado. Deixe de mamar na lei de incentivos pelo menos uma vez? O que duvido!

Denunciar