K-pop: turnê mundial só nos EUA e Japão vale?
Camila Monteiro
Colaboração para Splash, em Pelotas (RS)
12/08/2024 12h02
Esta é apenas uma parte da newsletter Universo K-Pop. Inscreva-se para receber a versão completa gratuitamente por email toda segunda.
A cada nova turnê "mundial" anunciada, chama atenção a quantidade cada vez maior de shows concentrados em dois países: Japão e Estados Unidos. É sabido que ambos estão no topo dos maiores mercados fonográficos, o que explica o interesse pelas cifras e a certeza de que os cofres das empresas encherão.
Relacionadas
Por que então chamar de mundial, algo que nitidamente é polarizado? Toda vez que novas datas de shows são lançadas com uma enorme propaganda de "world tour", os grupos fazem um ou dois shows em países do sul asiático, um ou dois shows em São Paulo e Santiago, e passam cerca de um mês rodando vários estados norte-americanos, além de cinco ou seis datas seguidas em um único local japonês.
Do ponto de vista financeiro essa distribuição completamente desigual é compreensivel mas discutível, pois de acordo com o IFPI (federação internacional da indústria fonográfica), embora EUA e Japão estejam no topo, o mercado latino cresceu quase 20% no último ano, com 86% do mercado sendo voltado a streamings.
E esses streamings são de grande importância para os artistas de k-pop, que visam o topo da Billboard e prêmios internacionais. O Brasil quase sempre figura entre os países que mais fazem streamings, ajudando as músicas a serem mais reproduzidas, terem maior chance de viralizar e se tornarem hits.
O sul da Ásia também colabora muito com esses números e vê pouco retorno em forma de shows, embora sejam países "vizinhos". Sem shows, sem merchandising diferente e sem edições especiais, os fãs acompanham tudo de longe e ficam na vontade.
Europa consegue festivais
Com uma demanda alta de shows em várias cidades do Japão e dos Estados Unidos, não são só os países do hemisfério sul que sofrem com a falta de datas de turnês de k-pop. A Europa também não entrou nas grandes rotas de shows completos e acabou virando uma espécie de passaporte para festivais consagrados em diversos países do continente. Seja na Itália, Reino Unido, Alemanha ou Espanha, os grupos estão se apresentando por lá no Glastonbury, Primavera Sound, I-DAYS, Lollapalooza, entre outros. Além de algumas K-CONs. Parece que o canal por lá são shows reduzidos em diversos países.
Já foi muito pior
Já a América Latina, possui ainda menos datas, seja pela distância ou pelo retorno financeiro, três cidades acabam concentrando os shows que restam para a nossa "perna". São Paulo, Santiago e Cidade do México ficam sobrecarregadas, com fãs de mais e dias de menos, além de valores salgados para fãs que, na maioria das vezes, precisam viajar muitos quilômetros para os eventos. No entanto, a movimentação de shows por aqui, embora longe de ser ideal, melhorou bastante e nos tornamos uma rota esperada por fãs nacionais e internacionais. Resta torcer para que descubram outros estados do país.