Aprendiz dos Racionais, Yunk Vino celebra ascensão: 'O rap é a nova MPB'

Hoje, seis anos depois de iniciar a carreira de maneira independente, Vino diz que "o rap é a nova MPB" e vê o estilo musical alcançar mais espaço em festivais. "É bom ver que os pais estão chegando nos shows com a molecada. Na minha época, os meus pais e os dos meus amigos brecavam a gente de colar nos lugares. A gente até arrumava uma forma de colar, mas isso dá margem para muita coisa acontecer... Em vez de você brecar seu filho, cola junto com ele. Isso pode te aproximar do universo deles."

O novo projeto traz letras mais maduras, acredita Vino, que compartilha seus sentimentos como se suas músicas fossem páginas de um diário. "É uma fase mais madura, sei que a galera gosta de uma coisa mais divertida e 'dane-se', porém, às vezes é bom ser sério e falar de coisas mais centradas... 'M.A.D.2' tem vibes que não tem no 'M.A.D.1' e vice-versa. Espero que a galera ouça e analise as letras".

"M.A.D. - Vol. 2" ganhou um videoclipe na última sexta-feira. A faixa "Design" sintetiza o que representa o projeto lançado pela Labbel Records, selo de trap da produtora Boogie Naipe, com distribuição da Universal Music Brasil.

'Design' é algo que está presente na moda, na arquitetura e na música. É uma faixa calma, que fala de bastante coisa que a gente vive. E vem depois de uma música porradeira, 'Get It'. Equilíbrio.
Yunk Vino

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Aprendiz dos Racionais

Primeira vez que subiu ao palco profissionalmente foi para abrir um show dos Racionais MC's, uma das maiores referências para Vino. "Foi um choque. Ainda estava tentando entender o que queria fazer, qual era o meu timbre de voz, o meu estilo ainda era uma incógnita. Não conhecia muito desse universo", lembra ele, orgulhoso.

Por isso, ele diz ser aprendiz dos Racionais. A experiência de abrir para "os caras" mostrou a Vino como se bota um show de pé. "Fui conhecendo realmente como funciona o palco, o backstage, tudo o que envolve o show. Foi um norte. Uma proximidade que abriu minha mente em vários âmbitos. Sou muito grato."

São uma referência. Não só para mim, mas para vários moleques de São Paulo e do Brasil. Eles escreveram a Bíblia das ruas, a Bíblia do rap nacional. Até hoje, graças a Deus, a minha ligação com os caras é ótima. Estar com eles é como se fosse um culto, uma aula. Enquanto puder, eu vou ser aluno e aprendiz dos Racionais, pronto para ouvir a palavra deles.
Yunk Vino

Diário de um homem preto

Se Vino abre o coração em suas músicas, é claro que ele fala também de sua vivência como um homem preto. Ele enxerga o rap — associado à facilidade de acesso à internet — como uma maneira de compartilhar "o que está acontecendo com as pessoas pretas no mundo".

Mesmo tendo dinheiro e popularidade, a gente não está isento de sofrer truculências policiais, não inibe a gente de [sofrer] racismo. A gente só aprendeu a lidar ou de conseguir transformar isso em música, em relato, em videoclipe. Isso faz as pessoas se identificarem também com a gente.
Yunk Vino

Ele incentiva os fãs a não deixarem de sonhar, inclusive em momentos difíceis. "De 2020 para cá, muita gente ficou cansado da vida, perdeu um pouco da vontade de sonhar. Isso tem que mudar, rapaziada. Tem que voltar a acreditar em si. Nada é impossível... Acham que a gente [artistas com milhões de seguidores] é intocável, mas a gente está sujeito às mesmas coisas. Acredite em você mesmo. Saiba chegar e saiba sair de todo lugar."