'Motel Destino': Entre arma e gemidos, Fábio Assunção reflete masculinidade
Colaboração para Splash, em São Paulo
14/08/2024 12h00
Com uma narrativa "simples", mas impactante, "Motel Destino" fez sua estreia no Brasil contando uma história de amor cheia de nuances e "bem brasileira", defende Fábio Assunção.
Inteiramente gravado no Ceará, o thriller erótico que esteve no Festival de Cannes narra o romance entre um jovem periférico (Iago Xavier) e uma mulher que vive um casamento abusivo (Nataly Rocha) com o personagem de Fábio, Elias, em um motel. "É um filme de muita identidade e autoria. Ele tem muita personalidade e muitas camadas", diz o ator.
Fábio explica que seu personagem — um "homem branco sudestino", que se muda para o nordeste e tem um relacionamento tóxico com a companheira — acaba sendo reflexo de um tipo de "masculinidade". Por conta do ramo que escolheu seguir, em um motel, ele vive "entre gemidos" e não abandona sua postura — andando, por exemplo, sempre armado.
No entanto, o ator recusa julgamentos precoces ao personagem. "Quando precisamos sobreviver, fazemos coisas que até Deus duvida", explica. "E meu personagem é um sobrevivente".
Ele, inclusive, se emociona ao falar da exibição de "Motel Destino" na abertura do 52º Festival de Cinema de Gramado. "É um festival em que já estive algumas vezes, mas mais garoto. Nunca imaginei que ia abrir o Festival de Gramado", diz. "Estou muito emocionado".
No Brasil, o filme "toca" as pessoas de outra forma, diz. "Em Cannes, era um filme de arte. Aqui, conhecemos mais, nos identificamos, conhecemos esse contexto de abandono da sociedade e do estado".
Cinema está mais pudico, e por isso 'Motel Destino' choca
Apesar de ser um thriller erótico, o filme de Karim Aïnouz tem "menos sexo" do que foi especulado, diz Flavia Guerra.
No entanto, ele "choca" por expor cenas mais sensuais em um momento no qual o cinema "se recusa" a isso. "Ficamos meio pudicos no cinema — nacional e internacional", diz. "É um movimento pendular: antes era tão banalizado, e o corpo da mulher era praticamente usado só para enfeitar, e agora voltou atrás demais".
Ao usar o sexo não só como "ilustração", mas com efeito na narrativa, Karim "salta aos olhos", diz Flavia. "Mas entendemos que o sexo está ali como parte da trama", avalia. "A energia explode quando eles transam".
Assista à íntegra do Plano Geral:
Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.