Novo filme de Anna Muylaert discute poder e hipocrisia do homem sem limites

Anna Muylaert inverte os papéis do "feminino e masculino" em um mundo invertido alegórico para seu novo filme, "O Clube das Mulheres de Negócios", exibido no 52º Festival de Cinema em Gramado.

A diretora afirma que o filme nasce com o intuito de gerar um incômodo e tem sequências de cenas que causam constrangimento propositalmente.

Com um argumento desenvolvido desde 2015, o longa incorporou questões políticas brasileiras, coronavírus e a eclosão do movimento MeToo contra o assédio sexual. "Era uma revolta que estava dentro de mim e que eu queria falar", avalia Anna Muylaert. "Estava inflamada, o Brasil estava inflamado. Veio um vírus que inflamou mais ainda, e esse é um legítimo filho dessa inflamação (...) Talvez tenha sido o filme mais difícil que montei em termos de inúmeros elementos que tive que coordenar".

Filme também retrata brasilidade e etarismo

"O Clube das Mulheres de Negócios" começou com a ideia de abordar os gêneros, mas acabou abraçando também o tema da brasilidade. "A gente é muito hipócrita como cultura, e sempre disfarçamos isso, evitamos falar", explica Anna. "O brasileiro tem isso, de fazer uma piada e 'esquecer'".

Outra questão abordada é o etarismo — com direito a uma cena de "suruba" com uma mulher de mais de 80 anos. "O filme é um grito", diz. "Acaba sendo uma discussão sobre o poder".

É um filme ousado, que ultrapassa os limites de tudo. Também é ousado para mim como realizadora, porque todo mundo espera um novo 'Que Horas Ela volta', e não vai ser isso. Anna Muylaert

  • Assista à íntegra do Plano Geral:
Continua após a publicidade

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

Deixe seu comentário

Só para assinantes