Diego Martins 'mata' Kelvin para viver drag: 'Parece que precisa provar'
Diego Martins, 27, é uma das estrelas do musical "Priscilla - A Rainha do Deserto". Após sucesso de Kelvin em "Terra e Paixão", o ator interpreta uma jovem drag queen dona de um humor ácido e tem a missão de mostrar ao público que o personagem vivido na Globo não tem relação com o criado para o espetáculo.
Foi um desafio e eu consegui (descaracterizar). A premissa está no mesmo lugar, é outro personagem gay. Para quem entende isso sempre como o mesmo, vai falar: 'Está fazendo gay de novo'. É outra pessoa, outro personagem com outros sonhos, jeitos, ambições, personalidade e vontade. É legal poder pegar esse pré-conceito de que é outro personagem gay.
Diego Martins, em entrevista exclusiva para Splash
Ator analisa que só assistindo ao musical para tirar a prova de que Kelvin "ficou no passado". "Você não vai ver Kelvin. É outra voz, outro jeito, brinca com outras coisas, mexe em outros lugares. Mas, de fato, é um desafio porque parece que você precisa provar para as pessoas, sabe? Existe um lugar das pessoas que falam: 'Ele vai fazer de novo, vai ser fácil. Vai ser o Kelvin de novo'. E não, não é Kelvin. Kelvin tinha outras questões."
"Desafio é viver uma drag que não é a minha"
Martins recebeu sondagem para o musical no final das gravações da novela e não pensou duas vezes. "Já tinha ouvido uns boatos de que estava vindo para o Brasil... Só não conhecia o nosso diretor, o Mariano Detry, e falaram: 'Precisamos te apresentar a ele, pelo menos no último dia das audições. Para ele te conhecer pessoalmente, te ouvir cantar e te ouvir as cenas'."
Pedi uma dispensa num dia em que não teria muita coisa na novela. Vim para São Paulo e, no dia seguinte, eu já sabia que seria eu. Fiz a cena com as meninas —Wally e Verônica (as Bernadettes)— e com Fabrício, o nosso Bob.
Papel de Adam Whiteley/Felicia oferta o desafio de viver uma drag queen diferente para Diego Martins. "Estou um pouco na minha zona de conforto, porque estamos falando de musical e do mundo drag. Já estou acostumado com esses dois mundos faz um tempo. O que me traz um grande desafio é viver outra drag, que não é a minha, e isso é muito gostoso, porque crio outras coisas desde o início."
Musical traz três drag queens se apoiando em busca dos holofotes e leva mensagem de amor e carinho ao público. "Priscilla faz isso com muito carinho. O texto, a nossa interpretação, as músicas levam isso para um lugar familiar. E familiar que digo é nos dois sentidos: de família e a gente está falando de família da vida. Aproximamos as pessoas desse lugar de família, mas no lugar de reconhecimento, porque as pessoas assistem e se reconhecem."
Tem aquele momento quando o ônibus aparece pichado, sempre tem uma risadinha e eu penso: 'Daqui a pouco essa pessoa vai perceber que não é engraçado'. Ela vai se reconhecer e vai falar: 'Meu Deus, entendo o peso disso e eu dei risada. Tem algo de errado, vamos ver isso aí'. Isso se entende de uma maneira muito leve, porque a peça vai para esse lugar.
Cantar, atuar e dançar em um musical, para Diego, é como um cálculo matemático. "Cobrança da perfeição é muito técnica, porque são muitos elementos. Em qualquer peça de teatro tem muitos elementos, mas num musical tem o triplo. Tem a luz que vai acender no segundo tal, da música tal, e nesse segundo tal, da música tal, você precisa estar no número tal, porque o cenário atrás vai descer e não cair na sua cabeça. É muita coisa, é quase que realmente matemática a parada."
Mesmo com o fim de "Terra e Paixão", Diego Martins ainda é chamado de Kelvin ou é shippado com Amaury Lorenzo — Ramiro na trama— pelo público. "Muita gente traz no lugar de brincadeira, principalmente os nossos fãs já sabem, mas muita gente traz na vida real", detalha ele, ao dizer levar numa boa esse desejo do público.
É muito engraçado porque no meu Instagram vivo postando música. Gosto muito de sentar ali, escrever uma parada e postar e muita gente se reconhece. Muita gente gosta de ouvir e tal, mas o tanto de comentário que, às vezes, tem: 'Poxa, Amaury esá te tratando mal? E eu fico: 'Gente, que mundo você vive?'. É muito engraçado porque no final a gente se diverte com essas coisas.
"Priscilla, A Rainha do Deserto"
Quando Qui. a dom., às 20h; sessões extras aos sáb. e dom., às 16h. Até 1º de setembro
Onde Teatro Bradesco (r. Palestra Itália, São Paulo)
Preço De R$ 95 a R$ 200, à venda em Uhuu.com
Classificação 16 anos
Elenco Reynaldo Gianecchini, Diego Martins, Verónica Valenttino e Wallie Ruy
Direção Mariano Detry