Coronel vilão em 'Renascer', Vladimir Brichta defende reforma agrária
Vladimir Brichta, 48, se prepara para se despedir do coronel Egídio de "Renascer" em menos de um mês. Ele está orgulhoso do seu trabalho e do desenvolvimento da trama, em especial, por abordar temas importantes como a reforma agrária.
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Vilania rural
Quando foi convidado para fazer a trama, Brichta sentiu que seria uma boa decisão fazer o vilão da história, apesar de não lembrar de todos os detalhes da versão original de 1993. "Ser vilão, de alguma forma, mobiliza bastante as ações da novela. Também seria uma boa oportunidade de fazer um personagem diferente do que faço normalmente na televisão, além de me aproximar desse universo que é tão familiar porque eu sou da Bahia; cresci entre Salvador e Itacaré, que é muito próximo a Ilhéus".
Vilão, o coronel Egídio não se furta de mandar matar quando acha necessário, muito menos de humilhar trabalhadores, levantando temas importantes de serem debatidos. "Além do amor e da vilania, a novela acaba abordando, de forma muito orgânica, temáticas que são ricas e valiosas para a gente enquanto sociedade. Sempre repito que a novela não tem obrigação de ocupar esse espaço, mas tem eventualmente a chance de fazer isso. Quando acontece, acho muito feliz."
Meu personagem é um vilão, um cara que comete maldade, uma pessoa cruel, com um senso de valor e de justiça torto. A vilania dele é querer matar um ou outro, uma coisa clássica, mas também explorar mão de obra. Ele enxerga os assentados, os sem-terra, como pessoas que não são merecedoras, pessoas menos dignas e sub-humanas, que podem ser tratadas como animais.
Vladimir Brichta
O ator pontua que o debate em torno da reforma agrária é uma "discussão valiosíssima" e reforça a importância do personagem Tião Galinha, vivido por Irandhir Santos. Uma das maiores vitimas das vilanias do coronel Egídio no remake, Tião representa assentados do Brasil inteiro que tentam trabalhar com dignidade e produzir em terras não produtivas.
Se a gente pensar na história do nosso país: [o Brasil] é um dos poucos países recentes do planeta que não fizeram reforma agrária. É um tema espinhosíssimo que mobiliza o país, mas boa parte conservadora acha que é tomar alguma coisa de alguém. Há uma distorção. A história do nosso mundo discute a reforma agrária. De repente, isso está na novela de um jeito tão integrado, saudável... [Falei] tudo isso para dizer que além de a gente estar fazendo um folhetim gostoso, a gente também toca em temas que são valiosos.
Vladimir Brichta
Outro assunto que o personagem trouxe à tona ao longo dos últimos meses foi a violência doméstica contra Dona Patricia (Camila Morgado), sua ex-esposa. Segundo Brichta, o coronel Egídio é um cara que subjuga as mulheres, é "uma figura toxica e abusiva".
Posso dizer que tô bem feliz e orgulhoso do trabalho coletivo e também do meu trabalho individual. A gente tem milhões de acertos. O que eu escuto na rua é muito legal. Que a gente tá fazendo uma novela muito comprometida... A gente se diverte porque é novela, tem a vilania. E, claro, a gente tenta colocar um pouco de humor, não com leveza porque é um drama, mas palatável para 197 capítulos. Tocamos em temas valiosos. Me orgulho disso.
Vladimir Brichta
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