Ster mistura violino e funk para criar 'funk erudito': 'Lindo e inesperado'

"Mete o dedinho no anel / Que hoje é lua de mel / Vai ter que aguentar a sentada já que assinou o papel / Vou te levar pro céu". É assim que começa "Anel", primeira faixa de trabalho de Ster, que une o funk à "Marcha Nupcial".

Ela, que já fazia sucesso nas redes sociais fazendo versões de funks famosos no violino, se prepara para lançar o projeto "Funk Erudito", onde junta músicas clássicas já conhecidas com a batida do gênero.

Em entrevista a Splash, Ster fala da paixão pela música clássica e pelo funk, e como esses dois estilos se misturaram para formar o gênero musical que ela adotou:

Filha de pais músicos, Ster começou a tocar violino ainda criança e se apaixonou pelo instrumento. Cria da Penha, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, Ster é filha de uma professora de piano que sempre a incentivou a tocar instrumentos musicais. Ela escolheu o violino e passou a ensaiar por horas, todos os dias, estudando até os 17 anos na Escola de Música Villa-Lobos.

A ideia era fazer uma faculdade de música nos EUA, mas a pandemia frustrou os planos, e Ster se voltou para as redes sociais. Ela tinha o sonho de estudar em uma faculdade de prestígio, como Berkeley ou Juilliard, mas precisou trabalhar para ter alguma renda. "Eu já tinha visto uma violinista fazendo versões de hip hop no violino. Eu decidi fazer com o ritmo do funk, pelo qual sou apaixonada. [...] Daí entendi que meus vídeos poderiam me dar visibilidade para conseguir um trabalho."

Com o sucesso nas redes, Ster apareceu na Globo e foi contratada pelo antigo empresário de Elza Soares. Pedro Loureiro descobriu a violinista após uma participação no Encontro (Globo). Desde então, ela já estrelou a campanha dos Jogos Olímpicos da emissora, misturando também o funk com violino.

Ela tem, entre suas fãs, cantoras famosas como Anitta e Iza. Gloria Groove e Pocah também estão entre as admiradoras do trabalho de Ster.

[A partir daí], eu entendi que a minha música podia abrir muitos caminhos novos, mudar a vida das pessoas. Entendi que eu podia criar um gênero inédito, usar a música clássica para criar algo novo, uma coisa que ninguém nunca tinha visto. Quero mudar muita coisa na música clássica e no funk, dois gêneros cercados de preconceito. Ster

Amante de funk e música clássica, diz que os gêneros têm tudo a ver. "Eu já senti com a música clássica coisas que eu nunca senti com músicas que têm vozes. Sinto em um nível transcendental. [...] O funk também é clássico, porque não é só batida, mas a gente também conseguiria sentir a força que ele tem mesmo sem ter uma voz."

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Os dois gêneros têm muita coisa em comum. As pessoas falam muito que o funk não é música, que o funk é só barulho. Tem gente que só fala coisa ruim da música clássica, que é chata, que é para dormir. Entendi que os dois juntos são mais fortes e podem trazer algo muito grandioso. Dessa fusão, pode nascer algo inesperado, lindo, incrível. Ster

Em "Anel", ela une a "Marcha Nupcial" à letra sensual e o ritmo do funk — todo o arranjo musical é feito por ela. "A música clássica pode ser pra dançar, para rebolar, para se divertir, e a gente brinca com essa coisa do 'mete o dedo no anel'. É uma música que fala sobre amor, mas também de amizade, da gente ser livre pra amar quem a gente quiser."

Apostando em uma estética mais sensual no primeiro trabalho, Ster também não se preocupa com o preconceito com mulheres que cantam sobre sexo. "A gente não tem que só ouvir o que o homem tem pra dizer. Se a mulher quiser rebolar a raba, ficar seminua, ela vai ficar. [...] Ela também tá fazendo arte. Meu clipe é arte, minha bunda pode ser arte, meu cabelo é arte, meu rosto é arte, tudo que eu faço é arte."

Eu vou falar, eu vou cantar, eu vou dançar, eu vou tocar. Mas ninguém vai me impedir, não importa o que as pessoas falem. Eu vou continuar falando, vou continuar dançando, vou continuar rebolando. Ster

Ela está empolgada para o seu primeiro show no Rock in Rio, no dia 15 de setembro. Ster será uma das atrações do Espaço Favela, ao lado de Hariel e MC Poze do Rodo. "É a realização de um grande sonho. [...] Quero que as pessoas vejam que não vai ser um concerto clássico e também não vai ser um show de funk, vai ser um espetáculo de funk erudito. Podem ficar ansiosas, podem criar expectativas, porque é algo de verdade que as pessoas nunca viram", promete.

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