Matogrosso & Mathias prometem e entregam noite só de modão em Barretos
Matogrosso é o sertanejo que pode pedir aplausos para si mesmo, porque quando começou sua carreira era tudo mato. E é o que ele fez ao relembrar o disco de ouro que ele e o companheiro de dupla, Mathias, ganharam com "Pedaço de Minha Vida", ainda em 1976.
Um ano depois, eles se apresentaram pela primeira vez na Festa do Peão, em Barretos. Hoje, com 75 anos, Matogrosso esbanja vitalidade. O Mathias original, Anísio Roberto de Carvalho, foi substituído pelo seu afilhado Rafael Belchior.
Com o copo térmico ali pertinho, no palco, Matogrosso brinca que está bebendo "água que passarinho não bebe" e declara que, com eles, a noite vai ser só de modão. Em pouco mais de uma hora, o público cantou junto os clássicos dos clássicos — os da dupla e os que compõem o Olimpo do sertanejo raiz. Teve "Pele de Maçã", "Igrejinha Azul", "24 Horas de Amor", "Desatino", "De Igual pra Igual".
O público cantou a plenos pulmões todas elas, na maioria das vezes filmando a si próprio cantando — um fenômeno que me parece cada vez mais comum em grandes shows.
Mas nada se compara à execução, por exemplo, de "Boate Azul" e "A Dama de Vermelho", em que a arena ganhou as cores citadas nos títulos. Há décadas essas são as músicas que mais marcam as bebedeiras dos cornos e dos apaixonados não correspondidos em bares e botecos pelo interior do Brasil afora.
Assim como em 1976, a dupla Matogrosso & Mathias mantém a popularidade de sua música. Representantes da ONErpm, plataforma de distribuição digital de música, entraram no palco para entregar a eles dois discos de platina por terem batido 1 bilhão de plays. Um outro quadro também homenageava a marca de 60 milhões de execuções de seu trabalho mais recente, o DVD "Zona Rural 2".
Matogrosso apresentou um pouco do projeto com o qual estão excursionando não só ao cantar a música "Vovôzinho", mas ao defini-lo como "de raiz mesmo" e "do agro, do agronegócio mesmo", usando os termos como sinônimos.
E, de fato, as coisas se misturam no trabalho, que tem participação de Luan Santana, Jorge & Mateus, Fernando & Sorocaba, Thierry, entre outros.
A dupla também cantou "Enquanto o Sol Brilhar", composição de Matogrosso para a esposa que enfrentou um câncer de mama e que, curada, ouviu do médico o conselho para ir aproveitar a vida.
Curiosa foi a versão para "Vida Amargurada", conhecida moda de viola, tocada em um country acelerado, com a guitarra distorcida compondo com a sanfona as partes que mais se destacavam no arranjo da melodia. Curiosamente, o músico da banda que mais ia à frente do palco interagir com a dupla era o baixista.
Também não faltaram "Fuscão Preto" e o maior sucesso de todos, "Tentei Te Esquecer".
*A jornalista viajou a Barretos a convite da Festa.
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