Coldplay? U2? Rock in Rio? Não! É Luan Santana na Festa do Peão de Barretos

Era impossível se mover pelos espaços para assistir Luan no palco, mas dava pra ver em cada canto suas fãs cantando todas as músicas, fazendo interpretações corporais apaixonadas das letras e das viradas das batidas das canções. Ele começou com "Morena", que logo em seguida revelou ter feito para uma morena de Barretos, "Quando a Bad Bater" e "Abalo Emocional".

Showman envolto de pirotecnias, Luan Santana vestia um conjunto de terno e colete listrado de preto e branco, com lapelas estilizadas. O look poderia até lembrar as icônicas alfaiatarias de Bowie — que referenciam, por exemplo, Harry Styles —, mas acaba ficando mais perto de Reginaldo Rossi, dono de um estilo próprio, inclusive, do que de alguma semana de moda.

Pirotecnia é uma palavra indissociável do show do cantor, que conta com sucessivas explosões de fogos, papéis laminados, fitas etc. Uma coisa meio Coldplay "Viva La Vida"? Sim. Inclusive ele já até foi acusado de imitar a banda quando gravou o "Luan City Vol. 2.0", assim como foi comparado ao U2 com relação ao cenário de seu novo DVD.

Tanto o Coldplay, quanto o U2 já tinham sido utilizados como referências, também, para descrever o show de Jorge & Matheus na semana passada, em Barretos. Mas não é só o formato de arena que faz com que os sertanejos estejam sendo comparados às bandas de pop e rock do showbiz, mas também porque o estilo de arranjos se aproximam, com muitos solos de guitarra chorados, ora mais, ora menos distorcidos, com baixo e bateria estilo power trio virtuoso bem marcado — apesar de a banda no palco de Luan Santana ser mais completa.

Aliás, essas mesmas características são algumas das alterações que marcaram o período em que se começou a diferenciar a música caipira da sertaneja, no Brasil. A eletrificação, a substituição ou convivência do violão com a guitarra, baixo, teclado, dentre outros instrumentos, tinha a ver com uma aproximação com o country americano. Hoje, a mistura de estilos e os projetos de grandes shows tornam as definições bem mais incertas.

No caso do show de Luan Santana, a passagem instrumental em que os músicos têm seu momento de brilhar em longos solos é também o tempo para que o cantor troque de figurino e o palco seja reformulado. Para quem assiste, com a música distante do ritmo sertanejo ou do forró nesse interlúdio, parece até que estamos no meio do Rock in Rio ou do Lollapalooza, mas é apenas o show de Luan Santana.

Além das consagradas "Vingança", "Acordando o Prédio, "Eu, Você, o Mar e Ela", Luan Santana cantou a música nova lançada na própria sexta, "Clone". Como, obviamente, suas fãs já sabiam de cor a nova, ele pergunta se ainda se lembram das antigas. Que dúvida.

Aos 33 anos de idade e 17 de carreira, Luan entrega todos os seus hits — seriam todas as suas músicas hits? Parece que sim, o que o torna muito maior do que o universo sertanejo.

De coroa na cabeça, Luan Santana ainda trouxe um piano ao palco para tocar faixas como "Amar Não É Pecado" e "Te Eesperando". Ainda no começo do show, Luan mandou para sua plateia a máxima: "Barretos, nunca desista do amor".

O show de Luan Santana passa por todos esses moods, o apaixonado, o pai de família, o safado, sempre confirmando o cantor cada vez mais pop.

*A jornalista viaja a Barretos a convite da organização da Festa.