Dupla Jads & Jadson passeia entre o sertanejo moderno e o raiz em Barretos
"Eu sou fogo e você é fumaça", cantava Jads & Jadson enquanto o público ia enchendo a frente do palco Amanhecer na noite que era, literalmente, de fumaça, neste sábado (24), em Barretos. O cheiro de queimado e os pedaços de fuligem que caiam eram reais, causados pelos diversos focos de incêndio na região.
A dupla paranaense, radicada no Mato Grosso, abriu a programação do espaço no último dia de shows na Festa do Peão. A dupla equilibra a imagem do sertanejo moderno e do raiz tanto na figura dos irmãos, quanto em sua música.
Jads veste calça jeans, camisa de manga comprida dobrada, violão em punho. Ele foi notícia em janeiro desse ano após ser expulso de hotel em Minas Gerais por ter gravado vídeo debochando do quarto do estabelecimento.
Seu irmão, Jadson, se apresenta de blazer, jeans e chapéu branco. Sua voz é grave como as das duplas caipiras antigas e seu instrumento, quando toca no show, é a tradicional viola de 10 cordas, que traz amarrada no braço um terço e, na boca, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Eles e o público entoam em coro músicas como "Ressentimento" e "Jeito Carinhoso", uma das mais importantes da dupla. Jadson relembra que a faixa foi a música de maior destaque na festa de Barretos em 2013, em que eles haviam estourado com ela nas rádios e eram uma das principais atrações do palco principal, dentro da arena dos rodeios.
Eles também discursam sobre a importância de ter Deus em primeiro lugar, "pra estrada ir longe", diz Jads. "Quem tem Deus no coração dá um grito bem forte", pede Jadson.
Jadson também pede o grito dos cachaceiros, no "show mais chorado e mais bruto do Brasil", saudando quem "tá tomando uma" para poder começar a cantar "Toca aí um João Mineiro e Marciano". Aí eles inauguram a parte do show dedicada aos modões antigos, como é de praxe nos shows sertanejos.
A dupla relembra a própria João Mineiro & Marciano, Milionário & José Rico, o Trio Parada Dura etc. Depois de cantar "Boate Azul", Jadson comenta que, desde quando ele era menino, já escutava essa música, o que é diferente de hoje em dia, em que as músicas estão muito comerciais: "Você escuta seis meses e depois some. Diferente dessas que têm 30 anos que você escuta", constata.
Ao chegarem perto do fim do show, eles agradecem a organização do evento e relembram ao público da programação que segue — naquele mesmo palco ainda passaria Fiduma & Jeca, o novo xodó do sertanejo universitário atualizado; na Arena, Chitãozinho & Xororó e, diz Jadson, "não sei o nome do cabloco que vai tocar lá? Cody Johnson. Johnson e Johnson", brinca.
Não ficou fora do repertório "É da Roça que Sai", música que exalta o potencial agrícola e pecuário do país e tem Jadson como um dos compositores. A realidade da música é bem conhecida da dupla, que é proprietária de algumas dezenas de fazendas no centro-oeste e norte, em que criam gado, cavalos e tilápias, além de serem donos de uma mineradora de diamantes.
*A jornalista viajou a Barretos a convite da organização da Festa.
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