É oficial, o Oasis vai voltar para os palcos. E por que isso é importante?
É oficial: o Oasis irá se reunir, 15 anos após o fim da banda. Às 8h02 em Londres (4h02 o Brasil), os perfis da banda e de Liam e Noel Gallagher no Instagram anunciaram as datas para a turnê que irá acontecer em 2025. "This is it, this is happening" (É isso, está acontecendo").
As pistas foram espalhadas nos últimos dias. A imprensa britânica adiantou no último domingo o anúncio da volta de seus heróis nacionais, os irmãos, os dois no mesmo palco, em 2025. É o final de uma espera que começou no dia 22 de agosto de 2009, quando o grupo encerrou seu último show, no V Festival, em Stafford.
Há uma grande razão para tanta expectativa? Sim, algumas. A trajetória do Oasis é única na cena pop. A seguir, oito motivos para tentar explicar tamanho fascínio dos ingleses por uma banda de rock.
1. O nascimento do Britpop
Na virada para os anos 1990, os britânicos viram surgir o Stone Roses, banda formada na cidade de Manchester. O grupo estourou com o lançamento do primeiro álbum, "Stone Roses", em 1989. Um disco arrebatador. Mas o quarteto chegou ao topo cheio de problemas internos. Cinco anos depois, as gravações do segundo álbum se arrastavam, e uma leva de novas bandas surgiu no horizonte britânico. Entre elas, o Oasis, também de Manchester, com um punhado de canções que grudavam nos ouvidos.
Era um grupo de rapazes que se vestiam como torcedores de futebol, com agasalhos esportivos, tendo à frente um vocalista que se apresentava parado na frente do microfone, com as mãos para trás e o nariz empinado. Uma pose de soberba. Foi um encantamento imediato do público, que levou o Oasis a ser o principal nome desse movimento de novas bandas, que a imprensa tratou de batizar como Britpop. O sucesso do Oasis asfaltou o caminho para Blur, Suede, Radiohead, Pulp e outros.
Em tempo: o segundo (e último) álbum do Stone Roses, "Second Coming", saiu apenas em 1995 e foi um fracasso, excluindo a banda do balaio do Britpop.
2. A força das harmonias
O primeiro disco, "Definitely Maybe" (1994), trouxe cinco clássicos imediatos: "Rock 'n' Roll Star", "Shakermaker", "Supersonic", "Live Forever" e "Cigarettes & Alcohol". Vendeu 100 mil cópias em quatro dias, recorde absoluto no mercado inglês até então. Muita gente amou a banda porque o som parecia com as músicas do Beatles. E outras pessoas a detestaram pelo mesmo motivo.
Na verdade, não é uma imitação. Noel Gallagher, guitarrista, às vezes vocalista e autor das canções, é um dos maiores compositores da história do rock. Escreve músicas que nunca enjoam, porque tem um completo domínio da construção harmônica das canções. Exemplos: "Wonderwall", "Champagne Supernova", "Some Might Say" e tantas outras. São envolventes, mas nunca repetitivas. Nessa excelência de composição pop, Noel só perde para um tal de... Paul McCartney.
3. O marketing da arrogância
Se Noel é o cérebro do Oasis, seu irmão Liam é o rosto. Um rosto impassível, acompanhado de zero simpatia no palco e declarações prepotentes, que ele e Noel disparavam para cada repórter que aparecesse na frente deles. Liam: "Somos os melhores desde muito tempo. Desde os Beatles, provavelmente!". Noel: "John Lennon era um gênio, mas tinha um problema: às vezes ele achava que era Deus! Se eu tenho problemas? Sim, às vezes acho que sou John Lennon!".
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Quero receberOs irmãos compraram briga com várias bandas e artistas, como Blur, Robbie Williams e Jarvis Cocker. Ao receber um prêmio do tabloide musical NME, Noel pediu que nos anos seguintes eles passassem a enviar o troféu direto para sua casa, "para poupar o tempo de todo mundo". Os fãs simplesmente adoravam as bravatas dos Gallagher.
4. Tretas como entretenimento
Cansados de arrumar briga com os outros, Liam e Noel se dedicaram a provocar um ao outro. Os arranca-rabos dos Gallagher várias vezes ameaçaram dar fim à banda, mas ninguém sabia o quanto eram desavenças reais ou puro marketing. Um dos pontos altos de atrito foi na gravação do programa MTV Unplugged, em 1996. Em cima da hora, Liam alegou estar com dor de garganta e não foi ao palco. Ficou num dos camarotes, vendo Noel cantar todas as músicas do set. Com essas brigas, ganhavam cada vez mais espaço na mídia.
5. Engajamento dos fãs
A postura irritante e muitas vezes agressiva do grupo contaminou seus fãs. Nos shows, o comportamento da plateia parecia com o de uma torcida inflamada de time de futebol. Gostar do Oasis passou a ser, literalmente, vestir a camisa da banda. Ídolos arrogantes, fãs ainda mais. O engajamento era forte. A cada novo álbum ou single, as vendas aumentavam.
6. Vida além do Oasis
Quando o grupo se separou, o resto do mundo apresentava sinais de enfraquecimento da febre Oasis, mas no Reino Unido a idolatria seguia cada vez mais forte. Assim, enquanto torciam para que a ausência do grupo fosse temporária, mais uma briga dos irmãos Gallagher, os seguidores trataram de prestigiar os caminhos separados da dupla.
Noel criou uma banda de apoio, a High Flying Birds. Lançou quatro álbuns e 21 singles. Manteve numa relação tranquila com o legado do Oasis, sempre incluindo nos shows algumas canções dos tempos de atividade da banda.
Já Liam formou um novo grupo, Beady Eye, que lançou dois álbuns e foi criticado por parecer um Oasis mais tosco. Em alguns períodos, se recusou a cantar músicas do Oasis nos shows. Mas depois acertou o rumo com três álbuns solo que chegaram ao topo das paradas. Neste ano, lançou um disco em parceria com outra lenda de Manchester, John Squire, que era o guitarrista do Stone Roses.
7. Renovação do público
Em 1996, o Oasis fez os maiores shows da carreira no Festival de Knebworth. Foram duas noites no evento, cada uma delas diante de 250 mil pessoas. Em 2022, Liam fez um show único no mesmo local e colocou 200 mil pessoas na plateia. A apresentação foi lançada em audiovisual, e o mais impressionante é a presença de garotos, no máximo pós-adolescentes, em todas as tomadas que focalizam a audiência. O público do Oasis se renovou como nunca se viu antes no Reino Unido. Não por acaso, todos os álbuns da banda continuam entre os 200 discos mais vendidos no país, ano após ano.
8. A volta mais esperada
Por conta dessa renovação de seguidores, a quantidade de fãs esperando o retorno é imensa. E a expectativa é cercada de dúvidas. Vão gravar novamente? Quem será o segundo guitarrista? Esta é uma pergunta curiosa, porque o primeiro a ocupar o posto na banda, Paul "Bonehead" Arthurs, está atualmente na banda de Liam, e seu sucessor no Oasis, Gem Archer, toca agora com Noel. Uma dúvida entre tantas, que só serão esclarecidas com o esperado retorno.
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