Looks montados e mimos: shows no cinema aproximam fãs de k-pop de idols

O Brasil, apesar de figurar como país principal da rota latinoamericana da maioria dos shows de k-pop, ainda está longe de ter a mesma quantidade de shows que América do Norte e Ásia recebem. As empresas, no entanto, perceberam que disponibilizar os shows pelos cinemas de vários países do mundo poderia ser uma alternativa financeiramente interessante e dar a chance de uma experiência o mais próxima possível de um show para fãs que moram longe.

Shows online viraram comuns pós pandemia

Por causa da pandemia, entre 2019 e 2021 praticamente todas as turnês foram canceladas e as empresas de k-pop começaram a adaptar os espetáculos em versões online, ainda com uma grande estrutura, com os grupos se apresentando em arenas e estádios vazios, mas sendo vistos por milhões de fãs em plataformas pagas online.

Assim, mesmo com o retorno dos shows presenciais, o sucesso dos shows online fez com que diversos grupos seguissem transmitindo algumas apresentações, geralmente os shows da Coréia e do Japão. Posteriormente, esses mesmos shows acabam fazendo ainda mais dinheiro com suas versões editadas, enxugadas, no cinema. Um show de k-pop de grupos grandes chega a ter 3 horas de duração, e no cinema vários momentos são cortados para tornar a exibição viável.

Amigas se conheceram na fila de um dos shows no cinema

Na última quarta-feira (21), Vanessa, 29, estudante de arquitetura, e Letícia, 23, biomédica, estavam na fila do cinema em um shopping de São Paulo para ver o show "Follow Again" do Seventeen, um dos maiores e mais bem sucedidos grupos de k-pop da atualidade. As duas se conheceram na fila de outro show do grupo que elas viram também no cinema, e se tornaram amigas desde então.

Amigas se conheceram na fila de outro show no cinema do grupo Seventeen
Amigas se conheceram na fila de outro show no cinema do grupo Seventeen Imagem: Camila Monteiro/UOL

"Nos conhecemos na fila do show 'Be The Sun' e costumamos ver os shows que passam no cinema, já que está difícil de o Seventeen vir fazer show no Brasil", comenta rindo Vanessa, que se tornou carat (nome do fandom do grupo) entre 2018 e 2019, na era "Don't Wanna Cry".

Preço salgado, looks bem montados

As amigas Ananda, 30, e Carina, 23, estavam na fila do cinema usando camisetas personalizadas com o nome dos seus idols preferidos do grupo, além de terem levado bonecos deles, feitos à mão por uma loja brasileira. É muito comum no k-pop fãs criarem bonecos dos idols e mudarem de roupa conforme as diferentes eras vão passando.

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Boneco do cantor Wonwoo (Seventeen) e caratbong, "luzinha" do grupo
Boneco do cantor Wonwoo (Seventeen) e caratbong, "luzinha" do grupo Imagem: Camila Monteiro/UOL

Ambas estavam com os bonecos em uma mão e a lightstick do grupo, chamada de caratbong, na outra. A experiência completa de um show de k-pop só acontece quando os fãs portam luzes piscantes na mão, sejam elas originais (e caras) ou versões criativas que só fãs dedicados são capazes de produzir.

Amigas na fila da sessão "Follow Again" de Seventeen no UCI Anália Franca em SP
Amigas na fila da sessão "Follow Again" de Seventeen no UCI Anália Franca em SP Imagem: Camila Monteiro/UOL

"Seventeen nunca veio ao Brasil, então aproveitamos para ver sempre os shows no cinema", explica Ananda, que comenta que dessa vez os ingressos estavam com preços razoáveis, mas nem sempre é assim: "Estava vendo mais cedo que a meia-entrada para o do Jungkook vai ser mais de cinquenta reais. Muito caro ", completa.

Boneco do cantor DK (Seventeen)
Boneco do cantor DK (Seventeen) Imagem: Camila Monteiro/UOL

Mimos na entrada da sala de cinema

Na frente da porta do cinema, as irmãs Talita, 36, e Thais, 26, estavam sorridentes distribuindo presentes para todo mundo que entrava na sala. Elas são multifandom, fãs de vários grupos, e gostam muito de Seventeen.

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Presentes que as irmãs Talita, 36 e Thais, 26, distribuíram na porta da sessão do show de Seventeen
Presentes que as irmãs Talita, 36 e Thais, 26, distribuíram na porta da sessão do show de Seventeen Imagem: Camila Monteiro/UOL

"É a terceira vez que estamos fazendo isso. Primeiro fomos na exibição de 'Be The Sun' onde levamos pulseiras neon como se fossem lightsticks, na segunda vez fizemos adesivos com os bias (membros favoritos) das pessoas e agora estamos distribuindo esse charm para o celular e adesivo", conta Thais.

Felicidade das empresas, do cinema e das fãs

No fim, a exibição de shows de k-pop nos cinemas acaba sendo um excelente negócio para as empresas dos grupos, que faturam mundialmente, para os cinemas que lotam as salas com ingressos mais caros do que os de costume (os ingressos não possuem preços iguais aos de filmes), e principalmente das fãs que nunca tiveram oportunidade de ver um show ao vivo. É a experiência mais próxima que elas terão, e por isso levam amigas, presentes, luzes e muita alegria durante a sessão.

Infelizmente para fãs que moram no interior, a vida segue difícil, visto que a maioria dos cinemas que recebem esses shows estão em capitais ou cidades maiores do interior. Quem mora em cidade pequena acaba sem show ao vivo e sem sessão de cinema.

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