Cantora de bar, seis idiomas: conheça as 31 candidatas do Miss Brasil Mundo
Um dos concursos de beleza mais tradicionais do Brasil, o Miss Brasil Mundo chega a sua 63ª edição diretamente de Machadinho (RS). A final é nesta terça-feira (3), e 31 candidatas das cinco regiões disputam a vaga brasileira no Miss Mundo, concurso internacional mais antigo do planeta.
Tendo como lema a Beleza com Propósito, em que a brasileira Leticia Frota foi finalista neste ano, a franquia brasileira do Miss Mundo realiza o Beleza Pelo Bem, em que suas candidatas devem criar, promover ou apoiar uma causa social.
Baseado em potencial de impacto e histórias das candidatas, a reportagem de Splash pré-selecionou quatro delas para falarem um pouco melhor sobre seus projetos sociais e suas vidas. Os projetos de todas as 31 podem ser conferidos no canal do YouTube da TV CNB. Seus vídeos de apresentação estão aqui para conhecê-las melhor.
Miss Mato Grosso do Sul Mundo - Dany Cristinne
Aos 25 anos, Dany Cristinne é uma cantora independente de inúmeras profissões: compositora, miss, influenciadora, arquiteta e professora de inglês. Nascida no Rio de Janeiro, ela mora há 15 anos em Campo Grande (MS), lugar onde já cantou em bares e restaurantes, e teve uma banda de rock até se encontrar no pop, o que é um desafio.
"Sou cantora pop. Tenho músicas autorais no estilo pop e o meu show que eu amo fazer é com dançarinos, balé, um show alto astral. No Centro-Oeste, a maioria é sertanejo. Ser uma artista pop independente no Centro-Oeste é um pouco difícil, minha maior dificuldade é essa, a aceitação do público por causa do meu estilo musical que não é característico da região", conta a jovem que já abriu show para Luísa Sonza e Ludmilla.
Tendo participado da Academia do Prêmio Multishow indicando artistas para as categorias, Dany poderia estar agora no reality musical "Estrela da Casa" ao invés do Miss Brasil: "Me inscrevi no Estrela da Casa antes de ter o nome Estrela da Casa. Assim que anunciaram que teria um reality show musical, já fiz a inscrição, gravei o meu vídeo e jurei que eu poderia passar. Mas não foi o momento. Se eu tivesse passado, provavelmente eu não iria, porque o Miss Brasil estaria acontecendo no mesmo momento. Deus sabe das coisas".
Ela apoia a CUFA Brasil em Campo Grande e ajuda a fazer atividades com as crianças de forma lúdica e pedagógica, além de abordar a temática do bullying: "Sou uma pessoa que cresceu com o bullying, mas eu encontrei confiança na arte e é isso que quero mostrar para as crianças, porque elas são o nosso futuro. Essa conversa sobre o bullying já nessa idade é importante, porque se elas crescerem com o bullying sem entender isso, elas podem crescer muito traumatizadas".
Quando eu tinha mais ou menos uns 11, 12 anos de idade eu postei um vídeo no YouTube cantando e tive muitos comentários nesse vídeo. Muitos deles ruins que me deixaram triste, me deixaram pra baixo, mas mesmo assim eu segui firme e eu quero deixar essa mensagem pras pessoas porque se eu tivesse desistido ali eu não estaria onde eu estou hoje, provavelmente eu não estaria no Miss Brasil. Isso me tornou muito mais forte e eu quero que as crianças cresçam com isso. Dany Cristinne, Miss Mato Grosso do Sul CNB
Miss Paraná Mundo - Giovanna Casagrande
Nascida em Marília (SP), Giovanna se mudou para o Paraná, tem 24 anos e já possui 17 faixas de miss. Ela começou a competir ainda criança, aos 7, e afirma que não se sentiu pressionada esteticamente, mas sempre buscou o melhor de si.
"Nunca me senti pressionada esteticamente. Eu sempre me senti pressionada a ser melhor, por exemplo, no primeiro concurso internacional que eu disputei eu tinha oito anos. E as meninas estavam falando inglês e eu não entendi o que elas estavam falando. E aí quando eu vi isso eu percebi que eu precisava falar inglês", conta a profissional de marketing que domina as redes sociais.
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Quero receberSeu projeto social é sobre a conscientização das trissomias e foi motivado por uma perda familiar: "Eu perdi a minha irmã para síndrome de Patau. Ela estaria fazendo oito anos agora no mês de agosto e desde a partida dela eu tenho desenvolvido um trabalho nas minhas redes sociais e em todos os lugares onde me abrem espaço para falar sobre as síndromes".
Giovanna sabe que, se vencer, vai ter uma visibilidade maior para a causa: "Acompanho há anos em grupos de apoio, o que que é você não ser visto, não ser valorizado. A visibilidade que ser Brasil no Miss Mundo poderia me trazer seria muito boa para que as crianças pudessem sim ser tratadas como humanos e não só como um paciente que tem um diagnóstico".
Valorizar esse trabalho do projeto social é algo que farei, continuarei fazendo, sendo eleita ou não. Para que as crianças com síndrome tenham a sua visibilidade reconhecida e tenham a sua síndrome tratada com dignidade. No concurso também quero entregar uma excelente prova de talento. Desde já eu estou pensando na música que eu quero apresentar porque eu sei que talento é algo que encanta e eu sou amante da música. Fiz oito anos de canto lírico popular toco piano, violão, canto em quantas línguas você quiser. Atualmente só em cinco, mas posso aprender quantas forem necessárias. Giovanna Casagrande, Miss Paraná CNB
Miss Ilha de São Luís Mundo - Natália Seipel Nikolic
Natália é advogada, tem 25 anos e é uma verdadeira cidadã do mundo. Nascida em Goiânia (GO), desde criança ela mora em São Luís, no Maranhão. Sua família tem origem sérvia por parte de pai — ele veio para o Brasil depois da guerra em seu país —, e alemã por parte de mãe, com familiares vindo durante a Segunda Guerra Mundial.
Ela é uma das poliglotas do time de candidatas e fala português, inglês, sérvio (aprendeu essas três línguas antes dos quatros anos), alemão, francês e espanhol. Agora, ela está aprendendo mandarim: "Desenvolvi uma facilidade muito grande para aprender os outros idiomas. O alemão eu procurei por curiosidade, depois o francês para prova de diplomata e agora eu comecei o mandarim que está sendo um verdadeiro desafio".
Ela apoia o projeto Instituto Inspira, que começou em São Luís há vinte anos atrás com sua mãe. "Ela sempre chegou no Maranhão começou a tratar vários pacientes com a fissura do lábio palatina", conta Natália, dizendo que acompanhava a mãe quando não tinha onde ficar.
Natália levanta a causa, pois afeta o mundo inteiro e não há cirurgia pelo SUS para todos. Como advogada, ela ajudou na elaboração de um projeto de lei sobre a causa: "Os adultos eles não têm vez de fazer essa cirurgia, acabam se tornando pessoas que desenvolvem diversas sequelas psiquiátricas, muitos casos de depressão, de suicídio. Escrevi um projeto de lei que é o PL 1409/2024, que já foi aprovado na Comissão de Saúde do Congresso Nacional. Se aprovada, essa lei vai garantir a cirurgia corretiva para todas as idades".
Ganhando ou não o miss eu tenho chamado muita atenção para essa causa, para o projeto da minha mãe justamente porque é uma população muito desassistida no Brasil, que foi esquecida de certa forma. Então o máximo que a gente puder dar atenção pra eles (...) é garantir que essas pessoas tenham qualidade de vida e não a vida delas condenadas a uma fissura. Natália Seipel Nikolic, Miss Ilha de São Luís 2024
Miss Pará Mundo - Raquel Albuquerque
Raquel tem 28 anos, é engenheira civil e teve na educação um pilar importante na sua vida. De origem simples, sua educação sempre priorizada e aos três anos ela já estava alfabetizada em casa, tendo concluído o ensino médio aos 15.
"A minha mãe sempre me instigou a fazer exatamente o que eu gostaria de fazer, fui educada em casa com ela. Ela é professora, educadora e artista. Sou muito orgulhosa da minha mãe. Terminei o ensino médio muito cedo, fui direto para faculdade. Lá pude amadurecer, aprender muita coisa sobre disciplina, estratégia", explica a miss.
Belém é sede da próxima COP. Raquel desenvolveu um projeto chamado Brechó das Comunidades e aproveita para falar sobre sustentabilidade e consumismo: "Através de doações, nós educamos mulheres em uma comunidade nas extremidades de Belém, local que recebe todo o lixo de Belém. É conhecido como Lixão do Aurá, é um espaço muito precário. Lá, nós ajudamos essas mulheres a terem uma renda extra e já aproveitamos para falar sobre o descarte desenfreado da moda têxtil".
Você ter algumas habilidades e sensibilidade para causas sociais te traz um certo lugar no mundo. Eu não sabia qual era o meu lugar e o CNB me mostrou que o Miss Mundo conseguia amarrar todas essas minhas habilidades e a minha sensibilidade pela causa social. Raquel Albuquerque, Miss Pará CNB
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