Com 'Feita de Samba', Nayra Lays fortalece música preta no cenário nacional

Nayra Lays lança seu disco de estreia com uma missão: reforçar a continuidade da música preta paulistana no cenário nacional. Com o álbum "Feita de Samba", produzido pelo parceiro de longa data Leni Keniata, ela também busca reivindicar a plenitude humana que consegue encontrar não só com o samba, movimento que sempre fez parte da sua vida, mas também com outras vertentes da música preta.

O disco contém 12 faixas autorais — incluindo interlúdios — e começou a ser produzido em 2020, pela gravadora Nebulosa. O produtor conta que, durante quatro anos, foram realizados estudos diários sobre o samba e o R&B para que o disco pudesse soar ao público como a continuidade da história da música preta brasileira, que segue a todo vapor atualmente.

A gente passou por um processo não comum no cenário atual, que é testar as músicas na rua para ver a reação do público, como os artistas do samba faziam nos anos 1970 e 1980. É um álbum leve e uma boa pedida para diversos momentos, desde acompanhar o churrasco de domingo com as amigas até dançar sozinha na sala de casa. Nayra Lays

Quem é ela?

Vinda de um ambiente familiar musical no bairro do Grajaú, no extremo sul de São Paulo, Nayra Lays se apaixonou por música e composição ainda criança, quando ficava ouvindo os discos do seu tio e músico Júlio e transcrevia as letras para conseguir decorar e cantar com a sua família.

Desde 2016, a artista sempre buscou explorar as vertentes da música preta dentro da sua carreira buscando resgatar e continuar a ancestralidade por meio da música.

A cantora paulistana Nayra Lays
A cantora paulistana Nayra Lays Imagem: Camila Tuon/Divulgação

Completando 8 anos de carreira, a cantora e compositora deu início à sua trajetória com os singles "Orí", "Preta Chave" e "Coloridas", já se apresentou no Rio de Janeiro e em cidades do interior de São Paulo, como Itu, e, com o seu último trabalho, relembra momentos musicais vividos com a família, ouvindo samba rock, forró, funk, rap e R&B dos anos 1970.

O álbum fez uma reconexão com a minha origem, fazendo encontrar quem eu sou e o que eu estou me tornando. Inclusive, ao longo do processo, eu sinto que estou me tornando aquilo que a minha mãe e minhas tias estão se tornando. Todo esse encontro intimista, eu transformo em música! Nayra Lays

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Segundo o produtor do disco, a identidade artística da zona sul é muito intensa e provocativa. "Tipo aquela galera do fundão da sala de aula que não é enxergada, mas é quem dita as tendências e o cotidiano!"

Em "Feita de Samba", Nayra Lays mostra seu lado mais vulnerável e de aprendizado, por meio de canções que buscam conectar pessoas com assuntos universais, como o amor. O produtor cita que, antes mesmo da produção e gravações das faixas, foi realizado um processo de pesquisa bem aprofundado para entender como foram inseridas as melodias de R&B dentro do samba. Isso incentivou a artista a pesquisar bastante para que pudesse colocar a sua identidade musical dentro do que já foi feito.

"Quando a gente percebeu que o disco tinha uma ligação muito forte com o R&B, o Levi me fez estudar os grupos femininos dos anos 1970, como The Emotions, e buscar entender esse gênero da melhor forma para que eu pudesse realizar minha música. Admito que fiz minha faculdade nesse disco, rs."

"Durante a gravação da faixa Aurora Boreal, fiquei estudando os discos do Grupo Sensação e assim que a Nayra fez a letra e eu encontrei o arranjo baseado nos estudos e na convivência com ela", explica Levi.

Além de cantora e compositora, Nayra Lays tem formação em jornalismo e atua como comunicadora nas redes sociais, contando curiosidades sobre o samba. Na divulgação do seu primeiro disco, a artista desenvolveu uma série de vídeos dissecando sua história, convidando parentes e amigos, para que o público tenha mais detalhes sobre o que está por trás de suas composições e canções.

"Com a minha formação em jornalismo, comecei a criar conteúdo nas redes sociais, por sentir vontade de contar um pouco mais da minha história e do meu processo criativo. Fora que amo entrevistar e ouvir histórias das pessoas. Pretendo realizar mais conteúdos voltados para o samba nas minhas redes sociais", promete.

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