Pocah faz alerta sobre violência doméstica em 1º álbum: 'Quase fiquei cega'
Prestes a completar 30 anos, Pocah lança um disco autobiográfico, o "Cria de Caxias", que chega nesta terça-feira (3), às 21h, nas plataformas de música. O trabalho mostra "as belezas e as dores" de ser quem Viviane de Queiroz Pereira é. Musicalmente, traz funk e sensualidade, mas também R&B e músicas acústicas da artista que começou há 14 anos como MC Pocahontas.
Violência doméstica
Na música "Livramento", acompanhada apenas por um piano, Pocah narra as dores de um relacionamento abusivo que vivenciou: "Deus, muito obrigado pelo livramento que foi dado, tirou todo mal do meu caminho e não deixou meu coração sozinho. Obrigada por não desistir de mim porque eu mesma quase desisti".
Relacionadas
Muitas pessoas já quase desistiram de si por não ter solução dos seus problemas, se sentir impotente consigo mesmo. Sou diagnosticada com depressão e ansiedade. Graças a Deus, hoje tenho acompanhamento médico, está tudo controle, mas houve momento em quase dei lugar à depressão... Quando digo, 'Deus, muito obrigada' é porque a única coisa que me impediu mesmo foi Deus, porque eu tentei de diversas formas, mas eu estou aqui porque ele não permitiu.
Pocah
Pocah viveu um relacionamento abusivo, com episódios de violência doméstica e abusos, como já relatou em entrevistas; no entanto, é a primeira vez que canta sobre o tema delicado. Ela relata quase ter ficado sem enxergar após uma das agressões, o que foi o estopim para ela se separar, sair da casa onde vivia e voltar para o colo da mãe. A sua fé também foi fundamental para sair dessa situação, conta ela durante papo com Splash.
Na última agressão, eu quase fiquei cega, dentro da casa onde eu vivia com essa pessoa. Eu gritava dizendo eu estava cega e que queria ir ao hospital. Essa pessoa me levou e eu só ouvia outros dizendo para não me levar se não eu ia colocá-lo na cadeia. Ali, eu falei: 'não posso voltar para essa casa nunca mais'. Só queria minha mãe e a minha filha naquele momento. Não podia morrer, nem criar uma criança no meio daquilo. Falei que nunca mais ia voltar e não voltei.
Pocah
Pocah deu a volta por cima, com a ajuda de sua família e de sua filha, e "Livramento" chega com tom de alerta. Ela não quer que outras mulheres passem pelo mesmo que ela vivenciou. "Jamais desejo a outra mulher ter os relacionamentos que já vivi. Nenhuma mulher merece se sentir roubada, invadida e humilhada... Eu me olhava no espelho e não me reconhecia. Ninguém pode."
"Cria de Caxias"
O álbum é dividido em três atos distintos e, cada um, representa uma parte da vida da artista: MC Pocahontas, Pocah e Viviane. "A MC Pocahontas é uma artista iniciante, com o funk muito presente, atrevida e rebelde, fala o que sente; a Pocah é o amadurecimento da MC Pocahontas, onde ela busca profissionalizar o canto e a dança, ser artista com mais bagagem, tem hits e fã-clube enorme; a Viviane é quem sustenta essas duas personas, mas não é só o glamour, é quem sofre as dores no off, como mulher, mãe e pessoa física, Viviane é a sem vergonha mais tímida que conheço."
No primeiro ato, ela resgata o início da carreira, quando a menina de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, sonhava em ser uma funk star. O trabalho começa com "Só de Raiva", em parceria com Rebecca e Tati Quebra-Barraco. Elas cantam: "Eu odeio homem, sento neles só de raiva".
Sem filtro, papo reto. É um desabafo, não é que eu odeie todos os homens da face da Terra, mas os homens pedem uma música dessa. Tenho um histórico, não só de relacionamentos, [que prova ser] difícil lidar com homem... A Tati era a cara dessa música, a pioneira; tem eu, que comecei em 2010; e a Rebecca, minha amiga, para manter as gerações do funk. Que venham mais mulheres no funk, não precisa de competição.
Pocah
Na sequência, o segundo ato simboliza a transição do funk para outros estilos, mas sem esquecer do batidão carioca. Na faixa-título, ela exalta a cidade onde cresceu, enquanto faz uma retrospectiva sobre a vida, celebrando sua jornada e ascensão econômica, em "Brilho no Olho". "Tudo de bom e, também, as más experiências da minha vida foram lá em Caxias. De alguma forma, fez a mulher que sou hoje."
Por fim, no terceiro ato, a artista tira a face da Pocah para vestir o que há de mais íntimo para a Viviane. Além de "Livramento", ela narra pressões externas que sofreu em sua vida pessoal e profissional, principalmente após participar do BBB 21, em "Nunca Tá Bom". Também é no terceiro ato que ela se declara e canta junto da filha, a pequena Vitória, 8, na faixa mais aconchegante do trabalho, "Mais que uma declaração de amor".
Rock in Rio
Pocah é atração do Espaço Favela no dia 20 de setembro. Será a primeira vez da artista no maior festival do país, por isso, ela não esconde a felicidade: "Primeira vez num festival de grande porte, vou levar o 'Cria de Caxias', me sinto honrada, esperei por muito tempo. Vou fazer jus a minha oportunidade. Não vejo a hora, já estou ensaiando. Cada dia que passa, o coração dispara mais".
Confira o setlist de "Cria de Caxias":
1. Intro
2. Só de Raiva feat Tati Quebra-Barraco e Rebecca
3. Gostosas
4. Assanhadinha feat MC Durrony
5. Di Marola feat MC Kevin O Chris
6. Interlúdio Pocah
7. Cria de Caxias feat Slipmami
8. Venenosa feat Triz e MC Gw
9. Conteúdo
10. Brilho no Olho feat L7nnon
11. Interlúdio Viviane
12. Livramento
13. Nunca Tá Bom
14. Vitória