Coala Festival: Sandra de Sá domina palco em encontro com Hyldon e Tássia

Todo brasileiro tem sangue criolo, alguns de nós sabem e têm consciência, mas é preciso sempre relembrar. E tem décadas que a nossa diva da soul music, Sandra de Sá, está nas paradas de sucesso nos lembrando disso. Não foi diferente no show que reuniu ela, Hyldon e Tássia Reis no Coala Festival, na tarde de sábado,(7), em São Paulo.

Tássia começou sozinha com suas músicas mais conhecidas, como "No Seu Radinho" e "Se Avexe, Não", e anunciou seu novo disco, que sai na próxima segunda (9/9, data cabalística, segundo ela), cantando uma música nova. Jogada arriscada em um show de festival, em que o público, em geral, quer vibrar com hits.

Depois foi a vez de Hyldon, um ícone da composição soul, pouco reconhecido ao longo da carreira, mas que tem voltado aos holofotes aos poucos nos últimos anos. Ele, que é soteropolitano, fez carreira no Rio de Janeiro e incorporou até o sotaque. Poucos se lembram do fato de que ele é baiano. E, no palco, ele diz: "Eu moro no Rio, mas adoro tocar em São Paulo". Sorte nossa.

E então ele anuncia a chegada de sua grande amiga Sandra de Sá. E ela, amigos, chegou chegando. Não só por causa de seus hits, mas temos que respeitar o que é uma show-woman. Do alto de seus 69 anos, ela samba, groova, milita e alcança notas altíssimas com uma voz límpida como a de quem acabou de começar.

Era de se esperar que todo mundo estivesse afim de que ela cantasse logo "Olhos Coloridos", mas não dá pra subestimar o fã de música brasileira — ainda bem! Todos afiadíssimos.

Sandra não só sacou, como fez disso um grande espetáculo. Coordenou um supercoro, que parecia ensaiado, em "Bye Bye Tristeza". Como não tinha backing vocal na banda, a não ser pelo guitarrista Régis Damasceno (Cidadão Instigado), em alguns momentos, Sandra de Sá dividiu o lado esquerdo e direito para fazer a vez de "Quero Ser Feliz", de um lado, e "Bye Bye Tristeza", de outro, e depois a junção de todos. Deu muito certo.

Quando era para Hyldon cantar sua "Na rua, na Chuva, na Fazenda", que ficou mais conhecida na voz de Paula Toller com o Kid Abelha, Sandra chamou também Tássia Reis para o momento. Do palco, eles mais nos observaram do que cantaram.

A imagem para fechar os olhos e lembrar desse show para o resto da vida é a de Sandra de Sá penteando seu black power e erguendo o punho fechado para o alto. Como ela clama diversas vezes ao longo do show, o Brasil é foda. Já o brasileiro, em quem ela bota tanta fé, acho que ainda precisa melhorar muito.