Com um ar cerimonial, The Weeknd faz show curto e com final anticlimático

O show começou com apenas quatro minutos de atraso, às 21h04, de sábado (7), mas já iniciou de forma épica. The Weeknd trouxe ao Brasil uma estrutura digna de show internacional, com um palco montado como um templo no centro da estrutura e um gigantesco telão de LED, onde o artista projetou imagens que davam a impressão de ter trazido o Olimpo e seus deuses para dentro do estádio.

Fazia sentido. Depois de "After Hours", um álbum onde o artista fala sobre derrota e decadência, e "Dawn FM", onde ele narra sua visita ao purgatório, "Hurry Up Tomorrow" traz o conceito de evoluir, superar os desafios e, por assim dizer, chegar ao céu.

A produção musical mantém a linha dos álbuns anteriores, mesclando trap, pop, Jersey Club (a faixa favorita do artista, segundo ele próprio), vocais altamente inspirados em Michael Jackson e os sintetizadores potentes que dão ao som do artista um sabor de anos 80 remasterizado.

Vestido com um manto preto bordado com desenhos dourados, The Weeknd sobe ao palco como um monge a ministrar uma cerimônia. O show conta com pirotecnia, fogos de artifício, áudio e iluminação perfeitos.

O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo
O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo Imagem: Wagner Meier/Getty Images

O uso de artifícios tecnológicos para corrigir e projetar a voz não é novidade entre artistas do mainstream, porém, em certos momentos, quando o artista falava com o público, a diferença de volume e equalização da voz deu a impressão de que o show teria sido inteiro dublado. Nada que diminuísse o tom teatral e os gritos histéricos da multidão.

Abel 'The Weeknd' Tesfaye convidou Playboi Carti para seu show em São Paulo
Abel 'The Weeknd' Tesfaye convidou Playboi Carti para seu show em São Paulo Imagem: Wagner Meier/Getty Images

The Weeknd cantou por uma hora, trouxe a participação surpresa do rapper Playboi Carti e a tão cogitada participação de Anitta, que surgiu no alto do templo dançando funk, tão diva pop quanto o anfitrião da noite, fazendo jus ao título de embaixadora internacional do funk. Como era de se esperar, a plateia foi à loucura!

Anitta dança funk no show do cantor The Weeknd no MorumBis, no sábado (7), em São Paulo
Anitta dança funk no show do cantor The Weeknd no MorumBis, no sábado (7), em São Paulo Imagem: Wagner Meier/Getty Images
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Ao final do show, o artista não se despediu, desaparecendo no meio do gigantesco telão que agora projetava a imagem das portas do templo se fechando. A frase "Se apresse ou amanhã, no céu, tudo ficará bem" encerrou o show, com o artista desaparecendo na fumaça, deixando parte do público confusa se de fato o show tinha mesmo acabado tão de repente.

Drones durante show do cantor The Weeknd formam o nome do novo disco, 'Hurry Up Tomorrow'
Drones durante show do cantor The Weeknd formam o nome do novo disco, 'Hurry Up Tomorrow' Imagem: Pedro Vilela/Getty Images

O final ficou bem anticlimático. Drones apareceram no céu formando a frase "Hurry Up Tomorrow", o nome do disco, chamando atenção, já que alguns deles simplesmente caíram do céu.

Ao conversar com o público, deparei-me com dois tipos diferentes de sentimentos em relação ao show. Parte achou a experiência incrível, principalmente aqueles não muito familiarizados com o artista.

O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo
O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Já os fãs mais fiéis ficaram decepcionados com a ausência das músicas mais icônicas da carreira, como "I Can't Feel My Face", "Often" e "Starboy".

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A unanimidade foi a decepção com a rapidez do show, de apenas uma hora, e com a desorganização da estrutura do evento.

O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo
O cantor The Weeknd durante show no Morumbis, no sábado (7), em São Paulo Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Se as informações de entrada foram difíceis, as de saída foram ainda mais. Quem quis fugir do trânsito característico no entorno de grandes eventos caminhou por 20 minutos para depois encarar as enormes filas da estação, que não estava preparada para receber aquele tanto de gente.

Um final um tanto melancólico para a cerimônia que se prometeu.

Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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