Kingfish antecipa em SP show que faz sábado no Rock in Rio: 'Desafiador'
Aos 25 anos, o guitarrista Christone "Kingfish" Ingram já tem uma longa estrada no blues. Nem poderia ser diferente, já que ele nasceu em Clarksdale, cidade do Delta do Mississippi, a região no sul dos Estado Unidos onde também nasceu o blues. E nesta semana a jornada de Kingfish se estende até o Brasil.
O que vai acontecer?
Na quinta (12), ele se apresenta em São Paulo, no Teatro Bradesco; no sábado (14), é uma das atrações no Palco Sunset da segunda noite do Rock in Rio. Apesar da pouca idade e do rosto juvenil que dá a impressão de que ele é ainda mais jovem, Kingfish tem longa rodagem em festivais de blues. Mas como é tocar no Rock in Rio, com uma plateia de várias tribos?
Acho tranquilo tocar diante de gente não tão acostumada ao blues. É um público a ser conquistado. Nos últimos dois anos, participei de alguns festivais que têm essa oferta variada de música. O impressionante mesmo no Rock in Rio é o tamanho da plateia. Aí sim é um pouco desafiador, mas bem bacana. Kingfish
Vale lembrar que ele já fez turnê junto com os moderninhos do Vampire Weekend e com os Rolling Stones! E se deu bem com o público das duas bandas.
O guitarrista já gravou três álbuns: "Kingfish" (2019) e "662" (2021), ambos de estúdio, e o registro ao vivo "Live in London", lançado no ano passado. Em seu segundo álbum, a crítica destacou uma grande evolução técnica, tanto na guitarra quanto nos vocais. Em faixas como "Another Life Goes By", foi comparado a cantores lendários como Luther Vandross. "Você nunca para de estudar, de se aperfeiçoar. A cada disco quero cantar melhor, tocar melhor".
Um dos grandes sucessos de "662" é "You're Already Gone", que está longe de ser um blues tradicional. É mais uma peça de rhythm and blues.
Seria uma indicação de que Kingfish quer introduzir outros gêneros em seu blues? "Pode apostar que sim."
Quero ser mais pop, gosto muito de fazer algo mais rock. E eu gosto muito de hip-hop. Kingfish
Essa admiração pelo hip-hop é comprovada quando ele fala sobre quem seriam os nomes que ele escolheria para um festival de seus sonhos, no qual pudesse escalar seus favoritos, vivos ou mortos. Ele cita então os nomes de Jimi Hendrix, morto em 1971, e o rapper Tupac Shakur, assassinado em 1996. Já ficou famosa uma frase que Kingfish repete muito: "O hip-hop é o neto do blues".
Nessa missão de mesclar sons, ele parece já ter encontrado um parceiro ideal, Tom Hambridge. O produtor de 62 anos já ganhou duas estatuetas do Grammy, além de mais cinco indicações ao principal prêmio da música americana. No currículo, ele tem trabalhos com Buddy Guy, Johnny Winter, Lynyrd Skynyrd, George Thorogood e Susan Tedeschi, entre outros notáveis de blues e rock.
Kingfish e Hambridge são coautores de várias músicas do álbum de estreia e de todas as faixas de "662". De 2020 a 2024, o guitarrista teve um reconhecimento notável em várias categorias do principal prêmio do gênero nos EUA. Ele venceu 14 vezes o Blues Music Awards. Em 2022, "662" venceu o Grammy de Melhor Álbum de Blues Contemporâneo.
Talvez o melhor exemplo dessa bem-sucedida fusão de blues e outros sons seja "Too Young to Remember", uma das mais aguardadas em seus shows. A guitarra é puro funk, mas o solo explode numa fúria de hard rock. É inevitável pensar em Prince quando se escuta essa canção. "Essa é uma comparação que me enche de orgulho. Prince é um dos maiores, uma grande influência para mim."
Kingfish admite que algumas pessoas gostariam que ele tocasse apenas um blues mais tradicional, sem misturas sonoras. "Sim, tem muita gente que pensa assim. Gente que quer ensinar a você o que tocar, gente que que acredita na existência de um único caminho para o blues. É claro que eu não concordo, basta ver a música que eu toco todas as noites."
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Quero receberAvançando na discussão de fidelidade ao blues, ele acredita que, quando um artista toca algum clássico do gênero, há limites para serem respeitados numa nova versão. "Os solos são os momentos em que você pode colocar um pouco de sua música ali, mas com limites. Não pode desfigurar a música original", diz o guitarrista que já tocou muitas vezes com a lenda viva Buddy Guy, entre elas uma apresentação consagrada em 2022, no festival Austin City Limits.
Além da guitarra, quando garoto ele tocou bateria. Depois de um tempo, passou ao baixo, mas a guitarra acabou se tornando a grande companheira.
Eu tento praticar todos os dias. Às vezes decido tirar uns dias longe da guitarra, para relaxar, mas é difícil não voltar a ela antes do que eu imaginava. Minha vida é tocar. Kingfish
Christone 'Kingfish' Ingram no Brasil
São Paulo
Quando: quinta (12), às 21h
Onde: Teatro Bradesco (r. Palestra Itália, 500)
Quanto: a partir de R$ 130
Ingressos à venda pelo site da U-huu!
Rio de Janeiro
Quando: sábado, 14, às 17h50, no Palco Sunset
Onde: Cidade do Rock (av. Senador Allende, 6.500)
Quanto: R$ 397,50 (meia), R$ 675,75 (benefício Itaú 15%) e R$ 795 (inteira)
Ingressos à venda pelo site da Ticketmaster.
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