Suzy Rêgo lembra quando ficou nua pela 1ª vez no palco: 'Meu Deus!'

Como venci o Miss Pernambuco, em 1984, meu pai me levou para trancar a faculdade de psicologia. Por quê? Porque eu não conseguia ir cursar. Fui com a faixa de miss e os diretores disseram: "Vamos fazer o seguinte, nós não vamos trancar. Nós vamos colocar aqui uma adiada". Foi adiada até segunda ordem, mas psicologia ficou lá. Hoje, eu sou uma psicóloga de boutique.

Entrada no mundo da moda foi estratégia para ter dinheiro para cursar teatro. "Decidi que faria uma carreira de modelo quando o meu desejo era estudar teatro, mas tinha que fazer dinheiro. Eu fui emancipada pelo meu pai aos 17 e vim pra São Paulo trabalhar como modelo. Uma modelo vai em uma agência, faz visitas às revistas, às redações, começa a trabalhar com os fotógrafos, faz muitas campanhas. Acho que ser atriz já estava na barriga da minha mãe."

Posto de Miss Pernambuco e segunda colocada no Miss Brasil abriram chance de Suzy atuar no Japão. "Lá, tinha uma exigência muito grande, muito cruel com as meninas em relação a medidas. Tinha que ser tal medida na fita métrica e fazíamos dietas insanas. Nós fazíamos coisas muito perigosas para a nossa saúde. Era um desafio porque você, aos 18, com uma saúde de ferro, tinha que enfrentar a crueldade de pessoas que te tratam como um cabide, um simples objeto".

Sempre falava: "Nem vou ouvir isso, não. Se eu entrar no peso, na altura, na medida, eu vou". Claro, também me coloquei em situações ruins de buscar soluções para entrar naquilo que era exigido de uma forma arriscada para a minha saúde.

A espontaneidade de Suzy Rêgo a fez cometer uma gafe icônica em jantar com japoneses. "A rainha da gafe. Quando cheguei no Japão, fui morar com umas meninas brasileiras que já moravam lá, amigas de um jogador de futebol daqui de São Paulo e que lá virou um astro da TV. Ele ensinava futebol para as crianças e era um ídolo."

O clube dele daria um jantar, e as meninas foram convidadas e me convidaram. Tinha uma mesa muito grande com os diretores do clube e várias modelos. Então, eles começam a erguer um brinde. Só que uma das nossas colegas, para brincar, foi a primeira a falar em português: "Saúde'" Aí, as outras falaram em seus idiomas, eu falei: "tchin tchin" e ficou um silêncio na mesa. A menina do lado diz: "Fala só gomenasai (desculpe)", eu falei e ela explicou: "tchin tchin no Japão é pauzinho pequeno". Foi esse constrangimento.

Volta ao Brasil é marcada por Suzy brilhando em comercial de absorvente. "Foi um lançamento nos anos 1980 revolucionário. Existia apenas aquele outro sem aplicador. Esse bordão do incomodada fez sucesso porque era normalmente como as moças se referiam entre si. Por que você está tão quieta? Incomodada. Por quê? Cólica, incômodo, dor, mal-estar. Será que a minha proteção está segura? Uma vez que você já tinha uma segurança de um aplicador interno, não ficava incomodada. Estava tudo resolvido."

Carreira de atriz na TV foi impulsionada graças ao comercial. Ela fez "O Salvador da Pátria", "Top Model", "Salomé" e não teve experiência sobrenatural em "A Viagem". "Durante as gravações, tinham vários mentores porque o assunto era delicado. Antes das gravações específicas das mesas de mediunidade, tínhamos representantes, médiuns e consultores para que se fizesse a cena da forma que ela é".

Os textos que o nosso querido e saudoso Cláudio Cavalcanti fazia muitas vezes deixavam o ambiente com uma energia elevadíssima. Às vezes, uma atmosfera dependendo da cena que era um pouco mais pesada, como das obsessões, se pedia muito respeito, muita cautela. As cenas, realmente, eram muito fortes, mas jamais senti algo fora daquilo que estivesse sob o controle dos especialistas que estavam no set.

A peça "Sauna" fez atriz viver experiência nua em cena pela primeira vez. "Wolf Maya me disse: 'O teatro é uma arena, tem um nu' e eu tentei negociar de todos os jeitos, mas durante os ensaios, ele me convenceu que não era um nu exibicionista, era um nu numa crise nervosa que essa personagem tem, e depois ela é pega no colo por uma outra, como uma pietá, era lindo, e era só esse momento".

Num primeiro momento, você fica: "Meu Deus", e depois aquilo fica tão natural. Te falo que durante a temporada em nenhum momento tivemos desrespeito da plateia. O extinto teatro Mars era uma arena e a plateia é como se fosse mesmo uma arquibancada de jogo, muito perto, se alguém esticar o braço, consegue encostar. Uma vez compreendido o sentido, aquilo deixou de ser tão ameaçador para mim.

Dieta cetogênica fez Suzy Regô secar e ter uma vida mais saudável. "Sou uma porta-voz da doação de sangue. Uma das premissas é que você esteja bem de saúde. Fiz meu exame de sangue e os resultados mereciam ajustes. Me fiz uma pergunta: 'o que você faria com alguém que você ama muito?' Você ia cuidar muito bem e aí foi o start. Como gosto de fazer reeducação alimentar, porque ajuda muito a ajustar os níveis do colesterol, do LDL, HDL, mantém todas aquelas taxas que nós merecemos sob controle".

Já há alguns meses que estou na alimentação cetogênica, que ela prioriza proteínas, mas sem restrição. Pode carnes, ovos, vegetais que nascem acima da terra em quantidade liberada. Falei: 'quero a minha melhor performance' e a minha performance melhorou muito, fico em cena durante 1 hora e 10 minutos, usando saltão, com muito vigor, com muita entrega pro meu público. Falei: 'sinceramente mereço alta performance'. Voltei pro treino diariamente, viajo, trabalho e faço um monte de coisa, mas arrumo um tempinho pra treinar. Não é nada radical, é uma meta. Sabe quantos remédios eu tomo? Zero.

Suzy Rêgo, atualmente, está em cartaz com a peça "Cá Entre Nós". "É uma comédia. Tem muito humor, quanta coisa, quanta bobagem, quando nós cometemos alguns equívocos e carregamos esses equívocos adiante. Quanta amizade que foi desperdiçada, talvez por algo que foi falado ou feito e que não era exatamente daquele jeito. Então, é muito interessante porque são três personagens completamente diferentes, dentro de uma mesma história e é um convite à diversão".

*** Entrevista completa está disponível no player acima e no canal do YouTube de Splash. O Splash Encontra já conversou com personalidade como Sônia Lima, Felipe Folgosi, Chiquinho, ex-assistente de palco da Eliana, Jackeline Petkovic e Dani Souza, a eterna Mulher Samambaia do Pânico na TV.