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Em show lotado, 'metal' do Dreamcatcher faz o Terra SP literalmente tremer

Antes mesmo de o único show do grupo Dreamcatcher no Brasil começar, chamava atenção a quantidade de pessoas que estavam no local e a fila que ainda existia faltando menos de meia hora para o espetáculo começar. "Luck Inside 7 Doors", nome da nova turnê do grupo, teve lotação máxima, um público bem dividido entre homens e mulheres — algo não muito comum no k-pop — e uma energia "Jovens Bruxas" que combina com o conceito que trouxe tanta gente ao fandom.

Dreamcatcher nos bastidores do show em São Paulo (sem Dami)
Dreamcatcher nos bastidores do show em São Paulo (sem Dami) Imagem: @hf_dreamcatcher/Instagram

O início do show: Dami de papelão e muitos berros

Assim que as seis integrantes do grupo pisam no palco (Dami está doente e não viajou), o público berra tanto que é quase impossível entender o que está acontecendo. Algumas pessoas chegam a colocar as mãos nos ouvidos para tentar diminuir o impacto de tantos gritos. "OOTD" abre o show com todas vestindo a capa oficial do grupo. Parece que estamos realmente diante de uma seita das "metaleiras" do k-pop. E estão todos cientes e querem continuar.

Na sequência elas emendam "Black or White" e conversam com o público, Sua arranca parte da sua roupa para comoção do público e somos apresentados para a Dami de papelão, que já tinha feito sua tour na fila do show e agora brilha em cima do palco.

O grupo relembra quando vieram ao Brasil em 2017, início de carreira, e agora comemoram sete anos juntas. A turnê é uma celebração desse momento.

Musas do rock e performances intensas

Depois de uma breve conversa com os fãs, que estão numa frequência altíssima e com a energia lá em cima, elas tocam "2 Rings", onde Siyeon e Sua brilham muito nos vocais. Dreamcatcher é um grupo conhecido pela força vocal e aqui elas mostram que são bastante subestimadas. Com vozes complementares, todas têm seus momentos.

Em seguida, tivemos um dos maiores hits da carreira delas: "BOCA", que, ao vivo, é uma experiência. Com direito a notas insanas de Siyeon e coreografia excelente, elas acabam exaustas e pausam para tomar uma água. "Está bom?", perguntam para o público em português, que berra "SIM" em uníssono.

Jiu questiona se os fãs as preferem no estilo rock ou no estilo "novo", mais focado em EDM. Todo mundo berra em ambos os estilos, apesar de o rock parecer ter uma leve vantagem. A cantora agradece: "Obrigada insomnias por gostarem da gente em ambos os estilos".

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Depois de uma performance mais leve com a bonita "Propose", onde podemos ouvir o outro lado dos vocais, mais controlados e ainda assim poderosos, elas entregam a melhor performance até então, com "Rising". A impressão que o camarote ia cair de tanto tremer foi enorme; a música sintetiza o sucesso delas com o flerte no metal.

A grande sequência do show

Assim que o grupo sai do palco, temos sempre vídeos, os VCRs, para dar tempo de elas recuperarem o fôlego. Quando elas retornam, fazendo a linha mais angelical, cada uma em um setor diferente do palco, olhando pros fãs, dando oi e posando pra fotos, ocorre a performance de "Fairytale", onde Jiu se destaca pois combina com sua voz mais doce. É um momento fofo e de respiro em um show com uma frequência insana.

Depois o camarote parece que vai abaixo novamente com "Wake up", som mais pesado e que faz todo mundo pular. É depois de outra pausa que temos a sequência matadora da noite: a extremamente gótica "The Curse of the Spider", com direito a cemitério no telão, seguida de uma das melhores músicas delas, "Scream", com coreografia, gogó e muito carão, e — depois de outro VCR, dessa vez mais longo — temos uma versão alternativa e lindíssima de "Deja Vu".

Essa parte do show é uma experiência quase transcendental, começa meio Enya, com elas de branco no telão, um início mais calmo, o público cantando mais alto que elas, visivelmente impressionadas, e conforme a música vai crescendo, as reações também se modificam. Siyeon é outro nível de talento, uma das maiores vocalistas que já ouvi ao vivo. É daquelas performances que até quem não conhece o grupo ficaria impressionado.

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Reta final, música eterna

Depois de um ápice desses, elas se acalmam com a fofa "Lullaby", uma espécie de balada para metaleiros. Em seguida o telão pede para que "liguem as lanternas do celular"; assim começa "Fireflies", música muito bonita, com Gahyun gravando a performance com o celular e todas muito alegres e elogiando o público. "Nos estamos iluminando o caminho de vocês", dizem. É um momento bonito e descontraído do espetáculo.

Já na reta final do show elas cantam um batidão rocker, "New Days", seguida de "Silent night", que é interminável. Mais de dez vezes repetida, o camarote é testado mais uma vez, tremendo, com tanta gente pulando ao mesmo tempo. Elas se divertem demais, se jogam no chão, cansadas, trazem Dami de papelão outra vez e dizem que não querem ir embora.

Após a versão sem fim de "Silent Night", temos mais bate pé no chão — literalmente — com a ótima "Stomp". A sequência final do espetáculo ainda tem "Justice" e "Bonvoyage", antes do "bis" com "We Are Young" e "Reason". É nessa seção que o grupo pausa para tirar foto com o público e agradecer mais uma vez a presença de todo mundo nessa comemoração de sete anos de carreira.

Com um público bem diverso e casa lotada, Dreamcatcher mostrou que possui fãs extremamente apaixonados, com suas capas, lightsticks e principalmente conhecimento para cantar todas as músicas do setlist. Foi um dos poucos shows que saí sem conseguir ouvir nada direito, de tão alto que foi do início ao fim. A enxaqueca horas depois valeu, pois o show foi uma celebração do talento de um grupo que, pode não ser considerado grande, mas que é um fenômeno no seu nicho.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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