OpiniãoRock in Rio

No Rock in Rio, setentões do Deep Purple mantêm dignidade e pique

Todas as bandas pesadas que tocaram no "dia rock" do Rock in Rio devem algo ao Deep Purple. (Menos o Black Pantera.) A instituição do hard rock inglês fechou o Palco Sunset no domingo (15). Segue ativa, mas há muitos anos só avança na base da inércia. E da fidelidade dos fãs, que nunca deixariam de valorizar a presença de três membros da fase dourada: o vocalista Ian Gillan, Roger Glover (baixo) e Ian Paice (bateria). A galera "canta" até os solos do guitarrista Simon McBride, o "garoto" de 45 anos que substituiu, em 2022, o anterior Steve Morse. Show sem surpresas, nem desvios do repertório da atual turnê. Considerando o respeito devido aos septuagenários, nesse caso o previsível ganhou ares de dignidade.

CLÁSSICO É CLASSICO
A solene e algo sinistra "Mars, the Bringer of War", peça do compositor erudito Gustav Holst (1917), é usada na abertura do show.

VOVÔ GAROTO
O volume do microfone de Gillan começa muito baixo, mas logo sobe. O veterano (79 anos) se esforça visivelmente para levar "Highway Star" com os agudos de 50 atrás. Chega a dar uma discreta tossidinha depois do primeiro refrão. A garganta esquenta durante as próximas músicas, melhorando o desempenho em números como "Into the Fire" e "When a Blind Man Cries". Nesta última, o cantor vai ao limite. E o supera, para delírio da massa.

PAUSA
Para dar um descanso a Gillan, o tecladista Don Airey puxa um interlúdio instrumental, com um longo solo de órgão que incorpora até citação a "Aquarela do Brasil". Na sequência, é a vez de McBride sentar o couro na guitarra, desembocando em "Lazy", já com Gillan de volta.

15.set.2024 - Deep Purple se apresenta Palco Sunset na terceira noite do festival Rock In Rio
15.set.2024 - Deep Purple se apresenta Palco Sunset na terceira noite do festival Rock In Rio Imagem: Wagner Meier/Getty Images

CLÁSSICO É CLASSICO (2)
Além disso, teve "Space Truckin' (1972), precedendo a inevitável "Smoke on the Water", do mesmo ano. No bis, vieram "Hush" (1968) e "Black Night" (1970).

E AS NOVAS?
O disco de 2024, "=1", é 100% dispensável. Perdidas entre os sucessos antigos, as novas sobressaem apenas pelos detalhes -- um solo de órgão bem característico em "A Bit on the Side", o refrão mais cantarolável de "Lazy Sod" e o pique acelerado de "Portable Door".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.