Conteúdo publicado há 3 meses
OpiniãoRock in Rio

Pocah faz show autobiográfico e chora ao cantar sobre violência doméstica

Pocah fez um show autobiográfico, levou a mãe e a filha ao palco e se emocionou ao cantar sobre violência doméstica. Ela conseguiu colocar uma produção especial no reduzido Espaço Favela do Rock in Rio. Foi uma espécie de "puxadinho" na favela cenográfica, com um telão extra no palco baixo, dançarinas nas lajes dos barracos e até uma chegada de trem. Apesar de falhas técnicas, foi um belo esforço de uma artista que manteve a conexão com o melhor do funk de rua.

NÃO DORMIU NO PONTO
Pocah segue enérgica -- nada a ver com a imagem da ex-BBB que só dormia no reality. Ela é uma funkeira tão sagaz que foi a primeira MC do Rio a notar o fenômeno da ostentação em 2012 e lançar sua carreira com base no estilo paulista. É essa trajetória sagaz que ela relembra no álbum "Cria de Caxias", base do show.

VOU DE TREM
A entrada no trem cenográfico foi uma referência a Duque de Caxias, cidade em que ela cresceu. Mas o início foi truncado. Um vídeo de introdução ficou parcialmente mudo. Os telões principais só ligaram a partir da terceira música. E a convidada para a faixa-título, a ótima rapper Slipmami, ganhou um microfone que quase não funcionava.

ARQUEOLOGIA DA POCAHONTAS
O show se dividiu em três partes baseadas nas facetas da cantora: o passado funkeiro raiz de MC Pocahontas, o presente funk-pop de Pocah e a novas baladas da "pessoa física" Viviane. Nesta última ela cantou "Vitória", em homenagem à filha, e "Livramento", de mãos dadas com a mãe, Marinez. Os versos falam de violência contra a mulher, da qual ela já disse ter sido vítima. Pocah abraçou a mãe e chorou no fim da música.

20.set.2024 - Pocah se apresenta no palco Favela na quinta noite de Rock in Rio
20.set.2024 - Pocah se apresenta no palco Favela na quinta noite de Rock in Rio Imagem: Filipe Reveles/Estadão Conteúdo

AFIADA
As baladas não tiraram o embalo dos funks festivos. A parte raiz do show foi legal não só por lembrar a MC Pocahontas de "Mulher do Poder", mas também por mostrar ótimas faixas de funk abusado do novo álbum. "Só de r4iva", parceria no álbum com Rebecca e Tati Quebra-Barraco, tem uma letra ótima para o "dia delas" do Rock in Rio: "Eu odeio homem / Sento neles só de raiva". Um primor funkeiro. Elas só querem se divertir, diria Cyndi Lauper.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.