OPINIÃO
Rock in Rio: Katy Perry não tem a crítica, não tem o volume, mas tem o povo
Katy Perry veio ao Rock in Rio com tudo contra, exceto por uma coisa. Ela não tem a crítica, não tem música nas paradas, não tem nem caixas bem equalizadas, mas tem o público do Rock in Rio. A cantora lançou o álbum "143", já detonado pela imprensa, com três singles fracassados nos charts, e ainda encarou o azar de falha no som do festival. Mas o belo coro da multidão com sua sólida coleção de hits anteriores compensou tudo. Ela mesma falou: "Não consigo me ouvir, mas ouço vocês, e é isso que importa".
CYNDI LAUPER
A novidade certa eram as músicas de "143". Mas a surpresa foi a participação de Cyndi Lauper. Katy a encheu de elogios e cantou com ela a balada "Time after Time". Se o microfone da anfitriã estava esquisito, o que deram para a visita estava pior ainda. Quase não deu para ouvir, mas valeu pelo belo encontro no dia feminino do festival.
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NOVA BASE
Um mérito deve ser dado ao disco novo: ele tem uma base house festeira que combinou com os sucessos antigos de Katy. Quase todas apareceram remixadas, como se fossem do trabalho atual. Mesmo que não seja uma produção original -- longe disso --, ao menos harmonizou com um festival como o Rock in Rio e com o grande karaokê que o show virou. Já as novas músicas foram divertidas quando ficaram no house arrasa-quarteirão ("Lifetimes") e menos em outras incursões ("Gimme Gimme" no trap, "Gorgeous" no hyperpop).
TRILOGIA DO 'FLOP'
Ela apareceu dependurada no palco, como se fosse uma borboleta, e abriu com o single pop mais equivocado deste ano. "Woman's World" tem arranjo enlatado e letra feminista que bate de frente, a 120km/h, com a assinatura de Dr. Luke, produtor acusado de abuso sexual por Kesha. O público até cantou, mas só depois se soltou de vez com "California Gurls" e "Teenage Dream". O show lava a alma de Katy, mas não tira "143" da trilogia de álbuns malsucedidos, após "Witness" (2017) e "Smile" (2020).
KATYCATS NO TOPO
Katy manteve seu histórico de bons shows no Rock in Rio -- e de chamar fãs marcantes para o palco. Depois de Julio de Sorocaba em 2011 e Raiane em 2015, apareceu Douglas em 2024. O garoto contou que faz aniversário no mesmo dia que ela, 25 de outubro, e ajudou a comandar a dança em "Swish Swish". Ao menos no quesito fãs o azar não pega Katy Perry.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL