OPINIÃO
Akon abusa de presepadas no Rock in Rio, mas caminhão de hits satisfaz fãs
Marco Antonio Barbosa
Colaboração para Splash, no Rio
22/09/2024 23h22Atualizada em 01/11/2024 14h45
Só mesmo assistindo a um show de Akon é possível ter a dimensão exata da presença do cara na cena r'n'b/hip hop nas últimas décadas. Seu set no palco Mundo, no último dia de Rock in Rio, no domingo (22), tem tantos sucessos (próprios e alheios) que alguns hits vêm picotados ou apenas citados brevemente. O cantor sabe disso e não se esforça nem um pouco no palco: deixa a própria plateia carregar o espetáculo. Entre papos meio cafajestes, sorrisos perolados, dancinhas e uma boa dose de autotune, Akon enrola o público na cara dura. E ainda assim convence, só com a força do repertório.
TAMBORZÃO
O funk carioca mereceu lugar de destaque no show. Além de convidar o dj brasileiro Hitmaker para repaginar ao vivo a batida de "Lonely", Akon faz um intervalo no qual o DJ (um figuraça mascarado) solta clássicos como "Ela Só Pensa em Dançar" e "Só Love".
CORTA-E-COLA
Akon adota um procedimento padrão no hip hop contemporâneo: apresenta versões editadas para encaixar o maior número possível de músicas no show. "Locked Up", "Ghetto", "Soul Survivor" e "Hypnotized", entre outras, são submetidas ao método. "Sweet Escape", megahit em parceria com Gwen Stefani, é apenas sugerida, de passagem. Pelo menos a novíssima "Beautiful Day", que abriu o show, veio inteira.
Relacionadas
MICROFONE DECORATIVO
Na lista de hits, há muitas canções nas quais Akon só faz participações curtas. Aí o playback domina. É o caso de "Came to Do" (Chris Brown) e "Dangerous" (Kardinal Offishall). Em "Bananza (Belly Dancer), ele se limita a soltar "heys" e "wows".
DISTRAÍDO
Pelo menos duas vezes, o cantor pareceu meio confuso geograficamente. Perguntou pelas "lindas mulheres de São Paulo", causando estranhamento na plateia. (Aliás, ele se dirigiu exclusivamente às moças da audiência, durante todo o show.)
PRESEPADAS ANTES DO FIM
Depois de desaparecer por alguns minutos, Akon retorna dentro de uma bola inflável transparente. A ideia era chegar até o público, mas a geringonça esvazia antes. A frustração é rebatida com mais sucessos: "Beautiful", "Play Hard" e "Sexy Bitch" (as duas últimas colaborações com David Guetta).
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL