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OPINIÃO

Com vozeirão em cima, Gloria Gaynor mostra em SP resiliência da disco music

Gloria Gaynor se apresenta em São Paulo Imagem: Van Campos/AgNews

Camilo Rocha

Colaboração para Splash, em São Paulo

22/09/2024 12h46

Para um gênero que era desqualificado por muitos na época como "descartável" e "efêmero", a disco music mantém uma longevidade admirável. Giorgio Moroder, Nile Rodgers (Chic) e Earth, Wind & Fire são algumas das estrelas da época que continuam ativos e queridos.

O show de Gloria Gaynor em São Paulo, no sábado (22), demonstrou mais uma vez a resiliência da música originalmente feita para dançarinos de 50 anos atrás. A cantora de 81 anos encheu (mas não lotou) o Espaço Unimed, na Barra Funda, de um público animado, que vibrou e cantou junto uma porção de músicas.

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A durabilidade da disco music e de Gloria Gaynor não dá para colocar apenas na conta da memória afetiva, da nostalgia. Se fosse assim, o show de sábado seria uma reunião de cabeças brancas e o que se viu foi uma mistura de gerações diversas. Músicas como "I Will Survive", o hino maior de Gloria, tem uma qualidade atemporal, com sua mensagem de superação, arranjo dramático e ritmo delicioso.

"Eu vou sobreviver" não podia ser um refrão mais adequado. Em 1987, Gloria teve um acidente grave, danificando a espinha dorsal. Na época, a mobilidade foi recuperada por meio de cirurgia e tratamento. De lá para cá, a cantora enfrentou osteoartrite, colocou prótese no joelho e passou por outras intervenções na espinha.

Gloria Gaynor ouve plateia de São Paulo cantar 'I Will Survive' Imagem: Van Campos/AgNews

Gloria obedece seus limites. Apoiada por um grupo de backing vocals carismáticos e músicos talentosos, a cantora entrega o show para eles em momentos estratégicos. Um ou dois números depois, a cantora retorna ao palco para reassumir o comando.

O vozeirão continua em forma. O registro desceu algumas notas em relação ao que se ouve nas gravações dos anos 1970, mas sua interpretação continua cheia de presença e vigor. Com desenvoltura, Gloria intercala músicas de seu próprio repertório com sucessos de artistas de diferentes épocas: de "My First, My Last, My Everything", de Barry White (1974), a "Unstoppable", de Sia (2016).

O show poderia conter mais da sua própria discografia. Aparecem a já citada "I Will Survive" e "Never Can Say Goodbye", mas nada de "Let's Make A Deal" e "I Am What I Am", sucessos de pista e rádio no Brasil nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente. Por outro lado, ela apresenta músicas de seu álbum gospel "Testimony" (2019), ganhador do prêmio Grammy. "Eu sou 100% cristã", declara a cantora no microfone. "Jesus ama cada um de vocês."

"I Will Survive" fica quase para o final do show, que atinge sua fervura máxima durante a música. Gloria intercala versos com a plateia, colocando o microfone na direção do público, que mostra pleno conhecimento dos versos. O momento é de catarse, um testemunho da força e mensagem eterna da disco music e seus rituais de comunhão e inclusão. Pista de dança também é salvação, nunca esqueçamos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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